Capítulo 6

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Dentro do carro eu olhei de soslaio para Matheus pensando sobre o que ele havia me dito na delegacia, mas também não deixava de pensar em Amélia, seu notebook pesava em meu colo, a tensão era palpável dentro do carro, todos estavam silenciosos. 

Quando paramos na frente da minha casa houve uma pausa antes de todos descermos, novamente mesmo depois de dentro da minha casa ninguém disse nada, meus amigos somente se arrumaram e deitaram na sala e antes que eu percebesse já estavam todos dormindo, no sofá olhando para o teto, eu só pensava no notebook de Amélia na mesa da copa. 

Uma hora deve ter passado e eu não conseguia dormir, sendo assim me levantei devagar afim de não acordar ninguém, fui até a cozinha peguei o notebook e lentamente subi para meu quarto para ficar em meu lugar de pensar. Acendi a luz a luz do quarto e ali na minha janela estava meu banco, meu cantinho pra pensar, me sentei ali e abri o computador de Amélia. 

Abri tudo que havia ali, pastas, páginas de internet, olhei seu histórico e eu não achava nada demais ali, talvez aquilo fosse inútil e Amélia não tivesse ideia do que aconteceu, talvez ela não tivesse procurado, nem visto, nem falado nada com ninguém.

-Não consegue dormir? - olhei pra porta e me deparei com Matheus me olhando sério. 

-Não. - respondi simplesmente.

-Pesquisando sobre o jogo? - ele perguntou.

-Sim e não, eu na verdade procurava algo que ligasse Amélia ao assassino.

-Você realmente acha que é um assassino?

-Você acha que é um espirito ?

-Não - ele se aproximou e levantando minha perna se sentou no banco e colocou minhas pernas em seu colo

-Na sala, quando bom, quando você estava morrendo e as luzes se apagaram eu senti algo bater na mim antes de as luzes se acenderem novamente.

-Por que você não disse nada? 

-Não sei, eu só não quero que mais nada aconteça, eu não era amiga da Amélia e me sinto péssima, eu mal posso imaginar em perder vocês ou qualquer outra pessoa.

-Eu entendo o que quer dizer. 

Olhei pela janela, a noite estava clara, cheia de estrelas e uma grande lua. 

-Eu olhei tudo no computador da Amélia, parece mesmo que ela não sabia de nada - disse a Matheus

-Talvez devêssemos procurar outra coisa.

-Devêssemos? Você e eu? Você ouviu o que eu disse? Não quero mais ninguém em problemas! Vou fazer isso sozinha! 

Matheus deu uma risadinha e me olhou nos olhos.

-Pammy não vou te deixar fazer isso sozinha, não há nada nesse mundo que me convença ao contrário! 

-Por que? 

Ele me encarou com uma intensidade que eu não esperava e engoli em seco. 

-Acho que você é uma garota esperta Pammy, pode descobrir isso sozinha. 

Desviei o olhar e ele deu outra risada.

-Pode pegar meu computador pra mim por favor? - perguntei fechando o computador de Amélia

Ele esticou o braço e puxou meu notebook de cima da escrivaninha, ele me entregou meu notebook ao mesmo tempo em que pegava o notebook de Amélia.

-O que você pretende procurar? 

-Não sei ainda, acho que vou olhar as páginas em que Cassie achou as regras do jogo. 

-Isso é uma boa ideia e com um pouco mais que isso pode olhar no nome de quem as páginas estão ou pelo menos algo assim.

-Isso é possível? - perguntei boquiaberta 

-Acho que você não prestou muita atenção nas aulas de informática.

-Você acha? 

Matheus revirou os olhos e chegou mais perto de mim tomando cuidado de deixar minha perna acomodada. 

Comecei a procurar coisas relacionadas ao Jogo Do Medo, haviam várias páginas falando sobre pessoas enfrentando seus medos, mas em uma página havia alguém falando sobre um tabuleiro e umas regras, falava sobre o espirito do jogo e como o jogo parecia saber tudo sobre você, havia até mesmo alguns vídeos falando sobre o jogo, um dos videos era perturbador, uma menina gritava e se arranhava inteira e ela estava claramente perturbada, no fundo havia uma voz dizendo que ela estava sendo levada para um manicômio, que ela havia sido encontrada deitada em cima do corpo de uma amiga que estava morta e ela dizia que era culpa do jogo, mas ao que parecia ninguém acreditava nela e ela continuava gritando mas haviam pessoas contendo ela naquele momento, o vídeo acabou com ela sendo colocada num tipo de ambulância.

-Esse vídeo me parece estranho, essa voz de fundo ela não deixa espaço para o barulho das imagens, essa voz eu acho que foi colocada depois aí! - Matheus encarava a tela sério

-E tem como saber se isso é real? - eu perguntei olhando para ele 

-Sim, eu vou olhar isso mais tarde, tenho uns programas em casa que podem ajudar a verificar isso e também os outros vídeos e de onde vem esse site, continue procurando as coisas sobre o jogo e você vai mandando tudo para mim por e-mail tudo bem? - ele voltou seu rosto para olhar para mim

-Certo, eu mando. 

Matheus fechou meu notebook e o recolocou na escrivaninha. 

-Você está com medo ? - ele me perguntou preocupado

-Se eu disser que não estarei mentindo pra você, mas sou sincera ao dizer que não estou com medo por mim.

-Você não se importa se algo te acontecer? 

-Não é que eu não me importo, mas preciso proteger vocês e eu troco minha segurança pela de vocês.

-Você devia se preocupar com a sua também.

-Eu vou ficar bem - eu disse a ele 

Parei de falar e encarei a noite pela janela e ele ficou comigo ali até amanhecer. 


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