Capítulo V

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Derick afastou dando-lhe as costas. Sabia que era um grande erro aparecer no apartamento de Melanie tão tarde da noite,  nada justificaria seu ato quando a arrastou para dentro, tampouco o quanto se sentiu receoso caso alguém aparecesse e a encontrasse naqueles trajes indecentes.

— Desculpe por isso — Melanie disse constrangida — Vou trocar de roupa, pode se sentar e ficar à vontade.

Suas palavras foram estúpidas, concluiu entrando no quarto. Entretanto, a posição de Derick em relação a sua camisola fora engraçada. Fechou a porta encostando-se, e assim pode observar seu reflexo no espelho em frente. Ambos não tinham culpa da situação constrangedora, mas... respirou fundo, ainda sentia o calor do corpo dele ao seu, trazendo pensamentos nada modestos.

"O que estou pensando? " Questionou-se caminhando até o guarda-roupa.

 Talvez essa sensação fosse responsabilidade da ocasião. Há quanto tempo não ficava a sós com um homem? Meneou a cabeça, vestindo uma camiseta e a calça, fitando-se novamente no espelho.

Como poderia ter deixado um estranho em sua sala sozinho?

Olhou a camisola lilás transparente sobre a cama, lembrando-se das palavras de Derick, ele havia exagerado.

Derick sentou no sofá, não obstante desconfortável. Por que não pedira a uma pessoa de confiança que entregasse a maldita bolsa? Ou mandasse para a escola onde Melanie trabalha? Sua mente divagava entre as possibilidades que com certeza evitariam o constrangimento. Provavelmente ela estaria envergonhada ou quem sabe não visse à hora de enxotá-lo dali, especialmente por tê-la prensado na porta de uma maneira inapropriada.

— Mais uma vez me desculpe, não tenho o costume de abrir a porta daquele jeito — ela disse entrando na sala, balançando as mãos — Eu, pensei que fosse uma vizinha, ela tem a mania de me pedir para ficar de babá — sentou no braço do sofá.

— Deveria ter avisado que viria... Eu tentei avisar, mas, seu celular estava ocupado.

— Minha irmã, ela ama um telefone e nossas discussões levam um tempo para terminar, mas acho que isso não te interessa — sorriu — Eu sou uma péssima ouvinte e você contribui com o silêncio — mordeu os lábios, franzindo o cenho — Por favor, diga que não está assim por minha culpa.

— Não se preocupe — ele disse coçando a nuca — Só trouxe a bolsa, não é muito bom ficar andando sem os documentos — apontou para a mesinha de centro — nem um cachecol, um giz de lousa e tantos objetos interessantes — sorriu — Você é mesmo professora?

Melanie sorriu assentindo, de fato, não tinha as características de uma professora, todo mundo pensa em alguém com óculos, embora os use com menos frequência, um jeito mais sério.

— Você também não se parece com um bombeiro.

— Por quê?

— Sua feição é de alguém que gosta de brigar em bares, mas como dizem as aparências enganam — dando de ombros — Quanto à sua pergunta, sou professora do ensino fundamental, não consigo dar bem com o ensino médio; adolescente, hormônios, crises de identidade, é uma fase que não sinto muita falta.

— E o que as crianças representam?

— Acho que... Futuro, imaginação, eles não desistem no primeiro tombo, eles persistem — sorriu — A primeira vez que entrei na sala de aula e vi aquelas pessoinhas, assustadas com o mundo novo, outras brincando, foi amor à primeira vista, ao contrário dos adolescentes, não eu consigo compreendê-los.

— Preferiu desistir?

— Não senhor gênio, preferia passar a responsabilidade a outros professores. E foi exatamente o que fiz. Agora a sua vez, por que ser um bombeiro?

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