Ch 1

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•° Harry

Parei de ler o livro quando uma pequena coisa azul atravessou a janela, caindo a alguns metros de distância da mesma.

Larguei o livro, deixando-o cair em cima da minha escrivaninha, que estava lotada de livros e papéis, indo em direção ao corpo, que tentava de qualquer jeito se colocar de pé.

Me aproximei, vendo que era uma pequena ave de penas azuis, olhinhos pretos e um bico tão curvo que seria impossível machucar alguém. As lindas penas exóticas reluziam com os raios solares.

A pequena estava muito assustada, mesmo daquela distância eu conseguia ver o quão rápido o seu coraçãozinho estava batendo e ela não parava de guinchar, girando a cabeça em várias direções, provavelmente procurando algo que a colocasse em risco.

Ela batia as asas, tentando voar, mas falhava, já que o máximo que conseguia era dar uns pulos. Isso com certeza a irritava, assim como o tapete vermelho felpudo.

- Hey amiguinha. - falei suavemente, ela ainda estava tentando incansavelmente voar. Me aproximei suavemente, quando a mesma percebeu a minha presença, tratou logo de sair da posição que estava, deitada encolhida, provavelmente recuperando as forças, para voar para longe de mim. - Calma, calma. - pedi, ainda com um tom suave. Aproveitei um momento de distração que ela teve e levei as minhas duas mãos até o seu corpinho.

A segurei nas minhas mãos, o coraçãozinho dela batia loucamente e ela também tremia, tentando de qualquer jeito de sair das minhas mãos.

- Está tudo bem. - assegurrei, fazendo carinho na cabecinha dela e tentando acalmá-la. - Eu não vou te fazer mal, está tudo bem.

Examinei o seu pequeno corpinho, vendo que, pelo o que eu tinha lido em um livros sobre aves e suas anatomias, nenhuma das asinhas estavam quebradas. Ela também não tinha outros ferimentos pelo corpo. Provavelmente ela era novinha demais para voar por tanto tempo ou em uma distância muito grande, principalmente agora, com o inicio do Outono chegando, era quando os pássaros começavam a viajar longas distâncias em busca de lugares mais quentes.

- Você é tão sortuda. - sorri, ainda afagando a sua cabecinha. - Entre nós dois, você é a mais sortuda.

Suspirei, sentindo uma tristeza me consumir.

- Você é livre. - sussurrei, indo até a janela e me sentando no divã próximo à enorme e única janela, meu único contato com o mundo exterior. - Você não vive presa em uma gaiola. - completei, olhando para onde eu morava.

Vivendo anos naquele local, eu sabia exatamente em cada lugar cada coisa ficava.

O aposento era divido em duas partes. A parte inferior tinha as paredes de tijolos negros cobertos por estantes de livros, cada uma contendo uma centena deles. Tapetes felpudos vermelhos cobriam o chão, uma imensa escrivaninha de mogno se encontrava ali também, abarrotada de tintas, penas, papéis e livros. Mais afastado, havia uma lareira, acompanhada de uma mesa preta de jantar, adornada com castiçais de prata e arranjos floridos, que estavam morrendo lentamente.

A parte superior era a minha preferida, era onde ficava a minha cama, uma enorme de dossel, tapetes ainda mais confortáveis com várias almofadas jogadas. Um guarda roupa de madeira estava posicionado ao lado de uma bacia de prata, que era usada para eu lavar o rosto e as mãos, junto a um enorme espelho.

E no teto, onde se dava para ver as tábuas de madeira que sustentavam o teto da torre, estava dependurado um candelabro de cristal.

Era muito bonito, mas me sufocava. Eu não aguentava mais olhar para aquelas mesmas paredes e para os mesmos objetos.

Enchanting (AU!Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora