twenty nine

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Três horas antes


Dirigindo a caminho da casa de seus pais, na rodovia, conversando sobre coisas aleatórias nas quais você, relutante, não queria falar sobre.

"Mike, afinal, o que te fez vir a Austrália em plenas férias de verão? Além das garotas dando em cima de você e todos aqueles turistas na época de veraneio?", perguntei


"Minha mãe. Ela me convenceu a fazer terapia. Desde os 13 anos de idade. Como meu pai, ela acredita que haja mesmo essa tal de cura gay.", você disse. "Não, mentira. Pois minha mãe me ama do jeito que eu sou, ela que me criou e tudo mais.. Meu pai era muito ausente, pois vivia viajando a trabalho; teve uma época que eu realmente achei que ele estava a traindo. E enquanto ele viajava,minha mãe dava o máximo de si pra cuidar de mim e, eu acho que não a tratei como merecia pois o mínimo que eu podia fazer, ou seja, ir à igreja aos domingos em busca de redenção, não fiz.

Na escola, a alguns anos atrás, quando descobriram minha sexualidade, isto é, bissexual, os garotos mais velhos faziam bullying comigo. Ameaçavam me matar e me espancavam até meu corpo se encher de hematomas. Eu realmente achava que a culpa era minha; e me punia por isso. Eu não me aceitava e não percebia isso. Acabei parando de ir à igreja e a escola também, pois minha mãe me fez dizer a verdade e, eu queria evitar ao máximo ser o centro das atenções.

Acabei ficando muito ansioso e deprimido. Foi quando eu "descobri" os cigarros.

Eu não me dava conta mas, eu me afundava cada vez mais na minha tristeza. Então passei a frequentar grupos de ajuda,por ordem de minha mãe.

Então é por isso que venho a Austrália no verão. Porque o psicólogo que faço terapia mora aqui.

Sabe Luke, tem certas coisas que vivem presas em nossa memória. Você quer muito apagá-las, mas não consegue. E pra apagá-las, você só tem que lembrar de uma coisa.

Perdoar é esquecer , Luke."



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