Meu nome é Fernanda, tenho 22 anos e nunca mais aceitarei encontros às cegas. Eu sei o que você está pensando, sei sim. Eu sou uma garota nova e provavelmente me arrependerei de tal decisão. Acontece que só nessa semana fui coagida por duas amigas a ter encontro às escuras com amigos dos namorados delas. Não tem coisa pior do que você passar a tarde inteira no salão e o cara escolher o McDonald's ou o Bob's como ponto de encontro. Tudo bem que eles não eram dos mais velhos mas se espera que pelo menos a primeira impressão seja uma das melhores, né não?
Eles eram bonitos, não me entendam mal mas eu também sou. Fui eleita a garota mais bonita da cidade quando eu tinha 5 anos, ganhei concursos de belezas pelo país afora. Após uma doença grave do meu tio, meus pais resolveram acabar com a magia da beleza e voltei para a escola normalmente. Meu tio morreu pouco tempo depois seguido do meu pai. Hoje eu trabalho numa lanchonete para pagar a faculdade e ajudo minha mãe com as coisas de casa.
Eu tenho duas melhores amigas. Elas vivem competindo por tudo. Basta surgir uma dúvida para ambas fazerem apostas. Crescemos juntas, mesmo bairro, mesmo colégio mas somos muito diferentes. Karyme tem 25 anos, está noiva do filho do meu chefe, tem olhos castanhos e cabelo loiro natural. Antes que eu me esqueça, ela é filha do prefeito. Armênia, tem olhos mel e cor bronzeada, é modelo fotográfica e já foi capa de revista. Ela namora um outro modelo local. Eu sou um patinho feio perto delas mas eu sou bonita. Como já disse, participei de concursos e ganhei a maioria.
Estava eu com meus afazeres na lanchonete quando elas chegaram avisando que tinham encontrado o meu par ideal. Era a terceira vez só neste mês. Elas achavam que eu tinha que namorar para que pudesse sairmos os 6, nós com os respectivos namorados. Acontece que elas não entenderam que eu prefiro me dedicar aos meus estudos e mudar de vida. Pedi licença ao meu chefe para ficar um pouco com elas e como Armênia era sua filha, ele sempre deixava com tanto que ficasse de olho nas mesas para que não faltasse nada.
Karyme foi logo falando de um loiro alto, seu primo que estaria passando a semana na cidade. Armência interrompeu falando de um outro modelo, dessa vez, ele não era vegetariano. Elas já tinham me apresentado a milhares de garotos desde que terminei com Jonatas. Ele foi meu primeiro namorado e terminamos por que ele me traiu. Éramos namorados desde muito novos. Eu ainda era virgem e pensei que fossemos casar mas não aconteceu. Ainda bem que tinha abdicado dos meus desejos por ele se não ficaria muito chateada comigo mesma. Depois de tanta insistência, acabei aceitando os convites.
Sai com Pedro na terça-feira, ele era a indicação de Karyme e era bem do jeito que ela tinha descrevido. Ele era alto (1,80 aproximadamente), loiro e de olhos verdes. Ele me buscou em casa e fomos caminhar na praia, conversa vai conversa vem, nós demos um beijo. Eu fique meio constrangida. A cidade era pequena e quase todos me conheciam. Eu era a única atendente na cafeteria e trabalhava em tempo integral nas férias. Após voltar do banheiro, caminhei até a mesa e vi que ele estava de mãos dadas com uma garota do tipo modelete e que claramente morava na parte rica da cidade. Ele me deixou em casa após o fiasco de tentar me levar a um motel. Eu mataria Karyme a próxima vez que a encontrasse.
Marcus me pegou na lanchonete, na verdade ele chegou um pouco antes do combinado, me pegando de surpresa e com a roupa do trabalho. Quando deu minha hora de saída, tomei um banho rápido e passei uma maquiagem básica. Era quinta-feira e eu já estava acabada. Caminhamos de mãos dadas até o Bob's. "Sério isso?" Perguntei e ele me falou que tinha um tiquet bônus e que o sorvete seria por sua conta. Eu me segurei para não rir na cara dele mas acabei me engasgando. Após a hora mais terrível da minha vida, nos despedimos. Seguiríamos direções opostas. Ele tentou me dar um beijo mas o cheiro de cebola ainda era evidente em seu hálito. "Eu vou matar Armênia com uma machadada na cabeça", pensei.
Eu poderia pegar um táxi mas decidi caminhar. O caminho era pela praia e o clima estava deliciosamente agradável. A lua iluminava a rua e os sonos dos carros e a barulheira da cidade tinham ficado para trás. Eu fazia essa caminhada quase todos os dias. As vezes pegava carona com uma das meninas, as vezes ia de bicicleta. Hoje eu só pensava em caminhar. Passei pela pequena ponte quanto vi uma sombra sentada no canto da ponte. Minha primeira reação foi de susto e quase gritei. Depois vi a forma de um homem se levantando e vindo em minha direção.
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A HISTÓRIA DE NÓS DOIS
RomanceA história de nós dois é o meu primeiro livro divulgado. Fernanda tem 22 anos, mora com a mãe solteira, tem um emprego na lanchonete de sua cidade natal e faz faculdade . Ela sonha com uma vida melhor e adora ler livros. Sempre bonita, já foi eleit...