Capítulo 1

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15 anos antes...

Apesar de eu ter apenas sete anos, meus pais sempre deixavam eu brinca com os meus amigos do prédio sem supervisão deles. Um dia, eu estava brincando no parquinho do quando um segurança de lá falou que minha mãe estava mandando eu ir para casa. Dei tchau para os meus amigos e fui ver o que ela queria.

-Mamãe, cheguei.

-Oi, minha filha. Fiquei sabendo que nós temos vizinhos novos e, quando fui cumprimentá-los, descobri que eles tem um filho de nove anos e queria te pedir para enturmar o garoto. Eles vieram de Fortaleza e não tem nenhum conhecido aqui, por isso estou pedindo isso para você.

-Mas mãe, ele é um garoto e mais velho... Eu não gosto de garotos porque eles são chatos e só querem brincar de carrinho então eu não quero falar com ele. – Falei com plena convicção porque garotos são todos iguais.

-Filha, por favor, só tente ser amiga dele. Se você não gostar eu prometo que não a obrigarei.

-Tudo bem, mamãe mas saiba que vai ser uma única vez só!

-Eu sei, eu sei!

Fui com a minha mãe até a casa 43, que é 5 casas após a minha, para conhecer o bendito garoto. Eu não estava nem um pouco animada com essa "amizade". Nesse momento, eu poderia estar brincando com as minhas amigas de boneca mas não, eu tinha que ser a boa vizinha de sete anos que faz amizade com os meninos... Às vezes eu tinha muita raiva disso. Chegamos na casa dos novos vizinhos e minha mãe gritou pela nossa vizinha (pelo menos eu acho que era ela).

-Rebeca, essa é a minha filha a qual te contei!

-Camila, estou certa? – Ela perguntou e logo minha mãe respondeu:

-Isso mesmo... Minha pequena menina, Camila.

-Pequena menina? Que apelido mais estranho! – Um menino moreno e magro falou em um tom nada bom e eu logo fiquei com raiva desse garoto. Quem ele pensava que era para falar do apelido que meus pais tinham me dado assim que nasci?

-Menino, você é idiota ou o que? Nunca mais fale assim de um apelido meu ou qualquer coisa relacionada a mim!

-Nossa, a criancinha aqui é irritada! – O garoto falou. Eu disse que todos eles são irritantes e que eu não queria ser amiga dele mas minha mãe não me escuta. Que raiva!

-Filho, não foi essa a educação que eu te dei! Me perdoem, Patrícia e Camila. – A dona Rebeca falou se dirigindo à mim e à minha mãe.

-Não tem problema, Re. Eles ainda são crianças e não sabem o que é certo e o que não é. – As duas riram e entraram na casa 43 para conversarem ou fazerem sei lá o que...

-Bom, parece que agora as nossas mães vão ser melhores amigas e nós teremos que nos ver sempre!

-Eu espero que você esteja muito errado e isso não aconteça porque só nesses minutos que eu fiquei com você eu me irritei.

-A culpa não é minha se você é tão criança que não consegue nem ficar perto de um homem.

-Um homem? Você só tem 9 anos então não venha me falar que é um homem!

-Eu sou um homem sim! – Que menino mais chato. Não aguento mais ficar perto dele. Vou para a minha casa isso sim.

-Olha, eu estou indo para a minha casa... Avise a minha mãe que eu já fui!

-Sim, senhora. – Ele está tentando me tirar do sério só pode.

-Ai meu Deus!!!!!!!! Eu não te aguento mais!!!!!!

Saí correndo para a minha casa mas assim que minha mãe chegou ela avisou que iriamos jantar na casa dos novos vizinhos. Minha mãe pegou uma calça leggin preta, uma blusinha rosa que eu amo e um casaco preto também, avisou meu pai do jantar e enquanto eu assistia um desenho, eles se arrumaram e saímos de casa.

Chegando lá, minha mãe tocou a campainha e a dona Rebeca abriu a porta para nós.

-Boa noite, Rebeca. Esse é meu marido, Gabriel.

-Boa noite, Patrícia, Gabriel e Camila.

-Boa noite. – Respondemos eu e meu pai em um coro.

-Entre e fiquem à vontade. Vou chamar o Felipe e meu marido, Carlos. – Dona Rebeca nos informou e abriu mais a porta para passarmos.

-Tudo bem... – Respondeu minha mãe toda fofa.

Entramos na casa deles e era incrivelmente bonita. Apesar de terem se mudado essa semana, não se via nenhuma caixa ou bagunça espalhada pela casa, diferente da minha que era sempre bagunçada por causa das bonecas que eu brincava.

-Boa noite a todos! – Respondeu um homem muito parecido com o Felipe mas com barba.

-Boa noite! – Respondi sendo seguida pela minha mãe e meu pai.

-Que bom que você fez amizade com uma família tão bonita, Re. – Falou o senhor Carlos para sua esposa.

-Verdade, eles são realmente lindos... – Elogiou-nos a senhora Cestini.

-Mãe, eu estou morrendo de fome... Nós podemos comer? – Dona Renata rio da cara do filho sendo seguida por todos até a mesa de jantar que estava em uma sala só para ela.

-Bom, nós queríamos agradecer vocês por terem nos convidado para jantar aqui e espero, de verdade, que a nossa amizade dure muitos e muitos anos... – Falou o meu pai para a família que nos receberá tão bem nessa noite.

-Pequena menina Camila, gostaria de pedir-lhe desculpas por ter sido tão estupidamente chato com você nesta tarde – Felipe falou formalmente como se estivesse na faculdade ou trabalhando.

-Você não precisa falar formalmente... Mas sim, eu lhe desculpo...

-Muito obrigada!

-E pare de me chamar de pequena menina! Só os meus pais podem!

-Sim senhora! – Todos da mesa riram pela formalidade do Felipe mas eu acho que era a única a ver que ele só estava caçoando de mim...

-Meu Deus, como eles implicam um com o outro. – Minha mãe falou.

-Espere então até o meu outro filho, Rodrigo, chegar da casa da minha irmã para você ver como a sua filha vai sofrer! – Dona Renata falou.

-Filhas! Daqui a dois dias nós vamos pegar a minha outra filha no acampamento que ela está.

-Que legal, você tem outra filha... – Respondeu à minha mãe.

-Sim! Mas ela é mais velha... Tem 15 anos já.

-Nossa, meu outro filho tem essa idade também...

-Bem, acho que isso é um sinal que teremos assunto para sempre tornando-nos amigos por um bom tempo. – Todos caíram na risada pela colocação de Felipe.

O resto do jantar foi tudo bem mas o meu pai nãoestava normal. Tinha alguma coisa diferente nele e assim que chegamos em casa eu falei:

-Papai, o que aconteceu?

-Por que, meu amor? – Ele perguntou de uma forma carinhosa.

-Não sei. O senhor ficou estranho depois que conheceu os nossos vizinhos. Principalmente depois que conheceu o senhor Carlos.

-É que ele parece muito um antigo conhecido meu e eu achei meio estranho mas deve ser coisa da minha cabeça, minha menina.

-Ahhhhhh ta... Pai, boa noite... Estou indo dormir.

-Boa noite, pequena menina...

Quase adeusOnde histórias criam vida. Descubra agora