Capítulo 2

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No caminho para a escola, parei na frente do templo. Na verdade, esse nem era o caminho de verdade até lá, mas era como se houvesse o negativo do meu positivo me esperando dentro de lá.

E para falar a verdade, meio que tinha sim.

O que eu vou fazer?

Eu devia deixar quieto por hoje, mas sinto como se não pudesse começar o dia bem sem vê-lo primeiro. Tenho que tomar esse atalho.

Essa é a minha rotina.

Casa, Ryoumei, escola.

É, eu vou, e vou pedir desculpas de qualquer forma. A culpa pelo sonho está me consumindo.

Entrei no tempo e logo que fui andando já vi a sua sobra de relance atrás de um poço. Ele estava lá especialmente para fumar, devia estar dando uma pausa do jardim, com a vassoura em suas mãos e o cigarro na boca.

Tomei folego e antes mesmo dele perceber que eu estava lá, soltei:

- Eu sinto muito!

Ryoumei guinchou alto e deu um pulo de susto.

Ok, esse não foi o melhor modo de lhe pedir desculpas.

- O-O que foi isso?! – ele disse olhando para trás segurando o seu cigarro nas pontas dos dedos – Ah, é você Ao. – falou quando viu quem era.

Juro que ele se sentia aliviado.

- Não me assuste desse jeito!

Esse é o homem do meu sonho, Kusaka Ryoumei. Ele é um padre neste templo, e é alguns anos mais velho do que eu.

- Bom dia Ryoumei!

Ele levantou a sua sobrancelha grossa e me deu um cascudo na testa.

- Diga isso antes! Isso faz mal a minha saúde! – disse coçando a parte traseira da cabeça – Poxa, nunca vou te entender.

Ryoumei pareceu se lembrar de algo de uma vez e levantou os olhos calmos para mim.

- O que quis dizer com: 'Sinto muito'?

Olhei para baixo e fiquei em quente.

- É por que estou me sentindo culpado? Quero dizer, achei que seria uma boa ideia me desculpar...

- Pelo que?! Fala de uma vez! – insistiu Ryoumei ficando nervoso.

Ele nunca foi muito de 'lenga-lenga'.

- Hmm, bem, é que ontem eu sonhei... – baixei minha cabeça.

Eu não quero falar isso para ele, é muito vergonhoso.

- Você sonhou... ? – falou tentando me estimular.

- Já estou indo pra escola!

- Oh! Bom dia Hako! – eu falei achando a brecha que eu precisava para fugir da vergonha.

Essa é Hako, ela é filha da irmã de Ryoumei, sobrinha dele. Ela tem a minha idade, por isso sempre me dei bem com ela. Na verdade, sempre agi como se ela fosse minha irmã, já que passava muito tempo no templo brincando com ela dês de que cheguei aqui.

- Bom dia, Ao.

Hako é muito bonita, tinha a mesma coloração de cabelo que Ryoumei, um preto muito escuro e brilhoso. Seus olhos já eram um pouco diferentes, mais claros e mais brilhantes. Um olhar feminino e doce.

- Ryou, a mamãe está te chamando.

- Ah, é mesmo? Ok, já estou indo. – antes de ir, Ryoumei passou a mão na minha cabeça e me deu uma olhada – E você! Se não se apressar vai acabar chegando atrasado!

Meu amor não é platônico (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora