Estou sentada no colchão de palha, há um ruído ensurdecedor do anunciador da colônia.
Meu coração acelera, e minha cabeça dói como se alguém tivesse me dado uma surra. Não consigo ouvir nada do que Peter está falando. Não consigo tapar meus ouvidos. Eu não sei o que está acontecendo.
Vozes se misturam com o ruído, mesmo que ainda esteja escuro, consigo sentir a apreensão da sala.
Algumas pessoas se levantam, ligam as suas lanternas tão fracas quanto a minha, e correm para verificar se as portas e janelas da casa continuam trancadas. É claro que continuam – penso, os militantes não fariam cerimônias para invadir. Entrariam atirando.
O ruído se cessa.
Meus olhos pairam por toda a sala, a procura dos meus amigos. Continuo sentada, porque sei que se eu levantasse, cairia. Estou com medo.
- acabou? – Alguém cochicha.
Tiros.
Levanto-me de supetão.
Gritos.
Peter segura meus braços com força, tento me soltar, mas não consigo. Sacudo-me, grito junto com os gritos ensurdecedores e os barulhos de tiros. Peter me abraça, na esperança de que isso me acalme.
"Está tudo bem" ele diz. Começo a chorar toda a minha alma.
"Está tudo bem"- ele cochicha em meus ouvidos novamente.
Mas não está tudo bem.
Estou desesperada.
Sinto uma dor que não posso descrever. Como o mundo pode ter se tornado um lugar tão horrível de se viver?
"Está tudo bem". Peter diz o tempo todo: "está tudo bem".
Como ele consegue ser tão forte, quando não há de onde tirar forças?
O som que sai do anunciador, não é mais o ensurdecedor e agonizante de ruídos, ao contrário, ouço gritos, suplicas e dor. Pessoas gritam o tempo todo. Como se fizessem uma sinfonia.
Eles estão anunciando o nome de algumas colônias, depois, torturando as pessoas que vivem nesse lugar, há barulho de balas sendo chocadas contra corpos. E silêncio. Muito silêncio...
Quando acho que irão cessar eles passam para a próxima colônia, e tudo volta a acontecer.
Separo-me de Peter, escoro-me na estante de livros que está ao meu lado para que eu não caia, fecho meus olhos, e balanço a cabeça tentando recuperar os pensamentos. Aperto com força a estante, sinto um nó na garganta, uma vontade incessante de tentar ajuda-los. Mas, não posso. Eu não posso fazer absolutamente anda, além de continuar aqui, enquanto pessoas morrem.
Os gritos se intensificam.
Meu Deus faça parar.
Respiro e solto o ar tentando parar de chorar, tentando fazer com que essa ânsia que sinto passe, que essa ansiedade vá embora. Mas, a única coisa que consigo fazer é suplicar em meus pensamentos por misericórdia.
Mais tiros.
Mais gritos.
Silêncio.
Mais pessoas mortas.
Levanto minha cabeça e tento procurar por Tereza, Matth e Goes.
Pego a minha lanterna do bolso, e ilumino a sala onde estou. Vejo meus amigos ajudando uns aos outros, e pessoas paralisadas. Outras chorando. Tereza está pior do que eu. Seu semblante é de pavor. Thomas a consola, como se fosse à coisa mais importante que poderia fazer. Me falta ar.
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Erus
Science FictionMe chamo V... -Desculpe, eu não posso confiar em você. Eu não sei quem é, talvez, seja um deles. É mais provável que seja, e esteja esperando o momento certo para nos entregar á Cezar. Mas, se o que você quer é abrigo. Eu sinto muito, a casa de Pete...