Quando era criança e tinha pesadelos durante á noite, eu corria para o quarto dos meus pais e me deitava no meio deles. Era como se eles pudessem me proteger de qualquer coisa que se instala nos sonhos durante á madrugada. Então, eles me abraçavam e faziam carinho em minha cabeça, até que eu dormisse novamente. E eu dormia. E não sonhava coisas ruins. Eu dormia tranquilamente, e acordava como se a noite, fosse tão boa quanto era brincar de corda com os meus amigos na rua.
Ao contrário daqueles dias, eu não posso correr para os meus pais, e nem fingir que está tudo bem. Eu não estou. Não estou bem. E eles, não estão aqui.
Enxugo com a palma da minha mão, as lágrimas da minha face. Respiro fundo e tento não me martirizar por tudo o que acabou de acontecer.
Estou com a cabeça debruçada sobre meus joelhos, e ela dói. Meus ouvidos também doem e o meu medo, não é mascarado. Não sei o que vai acontecer depois, e nem ao menos, o que nos espera dentro de algumas horas. Mas eu sei que não é seguro irmos para á praça central. Sinto que nada de bom nos aguarda, e que, qualquer coisa que eles estejam planejando, ir para lá, é como entrar na Cova de leões famintos.
- valen?
Ergo a cabeça e ligo minha lanterna. Tereza está logo á minha frente, com seus olhos perdidos e confusos.
Mesmo sob o escuro, eu conseguiria ver seu cabelo ruivo enrolado preso em um coque para disfarçar a falta de limpeza.
Ela sorri para mim de canto se boca e cruza suas pernas sentando-se á minha frente.
Sorrio para ela.
- eu queria que você não tivesse que passar por isso de novo - ela diz, com sua voz branda e baixa - eu sei como a morte de Augustus continua te afetando.
Sinto como se uma espada estivesse me transpassando lentamente quando ela diz o nome dele.
Respiro fundo e tento não chorar
- eu estou bem. - minto.
- não esta- ela diz, se aproximando de mim e sentando - se ao meu lado.
- eu te conheço a tempo suficiente para saber o quanto você está se martirizando por tudo o que tem acontecido.
Viro meu rosto para o lado oposto de onde ela está.
- é. Você conhece. - passo as mãos por meus cabelos e viro-me de frente para ela - mas não posso evitar. Aquelas pessoas são pessoas que conhecíamos - digo, com a voz embargada. - e elas se foram, tão rapidamente, como se suas vidas não valessem de nada, como se elas não fosse NADA! Exclamo.
Engulo em seco.
- desculpe. – Digo, quando ela abaixa a cabeça em começa a chorar.
Ela me abraça fortemente e chora ainda mais em meus ombros.
Engulo minhas lágrimas e tento não ter uma reação compulsiva de tristeza agora.
Tereza não precisa de alguém fraca.
Sei que ela esta sofrendo mais do que eu ou qualquer outra pessoa.
Ela nunca foi muito boa com isso. Com perdas. Com dores.
Tereza sempre foi a melhor pessoa que eu conheci. Não é atoa que depois de Peter, ela é a minha melhor amiga.
Tem coisas, que eu prefiro não contar á Peter, porque ele é protetor demais e muito preocupado. Não que eu não possa fazer isso, e que seja uma regra, é só que, eu prefiro evitar que ele se prejudique por minha causa. Já Tereza, eu não escondo absolutamente nada. Porque ás suas loucuras, são idênticas ás minhas.

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Erus
Ciencia FicciónMe chamo V... -Desculpe, eu não posso confiar em você. Eu não sei quem é, talvez, seja um deles. É mais provável que seja, e esteja esperando o momento certo para nos entregar á Cezar. Mas, se o que você quer é abrigo. Eu sinto muito, a casa de Pete...