Dor sem fim

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Ela morreu nos meus braços, antes mesmo da ambulância chegar, eu queria morrer alí mesmo, ao lado dela.
Acordei no outro dia com enchaqueca, acho que me doparam, o pesadelo era real, ela não estava ao meu lado. Loise entrou no meu quarto.
Loise: Você acordou, se apronte, o velório vai ser daqui a pouco.
Demitre: Diz pra mim que isso é mentira Loise, diz que ela está me esperando.
Loise me abraçou e chorou comigo. Mamãe entrou e ficou parada alí mesmo, nos olhando.
Maria: O Isacc se entregou para a polícia.
Demitre: Por que ele fez isso mãe? Por quê?
Me joguei no chão debulhando-me em lágrimas, eu soluçava que nem uma adolescente que descobriu que o namoradinho tinha outra.
Mamãe veio com um comprimido e um copo de água.
Demitre: Eu não quero dormir mãe, quero chorar, quero morrer.
Maria: Não diz isso filho, para com isso.
Eu me acalmei horas depois, vesti um terno, comprei lírios e fui pro cemitério. Eu tinha perdido o velório, mas não queria perder seu interro.
Eu cheguei na casa dela, Vanessa estava sentada ao lado de Nicolas, com os olhos inchados, Laerte veio me comprimentar.
Laerte: Pensei que não viria.
Demitre: Não podia deixar de ver o rosto dela pela última vez.
Laerte: Você tá horrivel cara.
Demitre: Onde está Cris?
Laerte: No hospital, ela passou mal e perdeu o bebê.
Demitre: Que bebê?
Laerte: Ela estava grávida de dois mêses, era segredo.
Demitre: Sinto muito pela Cris.
Laerte: Eu também.
Demitre: Laerte.
Laerte: Quê?
Demitre: Eu quero a tua irmã de volta.
Laerte: Eu também quero minha irmã de volta.
Laerte me abraçou chorando. Sinceramente, eu nem tinha mais lágrimas pra chorar. Nicolas veio até nós, eu o abracei, foi um abraço verdadeiro, não do jeito que os homens se abraçam: encosta e dar um tapinha nas costas. Foi um abraço sincero.
Nicolas: O carro chegou, já vão levar o cachão.
Eu nem tive tempo de ir lá junto dela, de vê-la. Me aproximei do cachão, estava rodeado de flores, ela estava linda como sempre, vestida num vestido branco, seus cabelos pareciam vivos. Passei minha mão em seu rosto frio, o pessoal da funerária chegou, disseram que tinham que fechar o cachão, eu disse que não, agarrei-me no cachão, queria ficar ali do lado dela.
Nicolas: Venha Demitre.
Demitre: Não deixe que a levem, por favor nicolas eu te imploro.
Maria: Já chega filho, já é exagero. Esta menina está morta, aceite isso!
Soltei o cachão, fecharam e levaram.
Maria: Acho melhor você voltar pra casa.
Demitre: Eu não vou voltar pra casa.
Eu fui no carro do Nicolas, com a Vanessa, Lucas e Laerte. Chegamos no cemitério, o padre já estava lá, houve discursos, eu não consegui dizer nada, e fiquei alí, parado, quieto, calado. Começaram a jogar as flores, eu fui o último, joguei os lírios um por um. Minha vontade era de me jogar também e ser enterrado junto a ela.

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