Dois meses se passaram desde a minha saída do hospital, dois meses desde que eu pensara que o inferno que eu tinha vivido durante meses teria acabado e que iria voltar tudo a ficar como antes, ao lado do Patch, mas este, desaparecera de vez, sem dar rasto, sem dar notícias e sem mim.
Eu passara o Natal todo, rodeada dos meus familiares e conhecidos, o que segundo a minha mãe, me iria fazer sentir menos sozinha e mais importante para os outros, mas isso não acontecera, nunca me sentira tão sozinha, a única coisa que sentia era um vazio dentro de mim, um vazio que antes batia. Passara o tempo todo a reviver os meus momentos com o Patch, o que me provocava um certo prazer, mas ao mesmo tempo, tristeza. Afinal, como estaria a minha vida se eu nunca o tivesse deixado? Ou mesmo, como estaria a minha vida se eu nunca o tivesse conhecido? Mas essas questões, para sempre permanecerão dentro de mim, à espera de uma resposta que se perdera em todas as perguntas na minha cabeça. Eu nunca tinha estado tão mal e tão bem ao mesmo tempo na minha vida, porque não tinha o Patch o que me fazia sentir sozinha e não desejada mas também aliviada, por não ter de me preocupar com outra pessoa sem ser eu mesma, porque nessa altura eu não tinha paciência para namoros.
As aulas tinham começado há pouco mais de um mês, estava tudo a correr surpreendentemente bem, conhecera duas raparigas super simpáticas, a quem poderia chamar finalmente de amigas, o que era raro pois ninguém me conseguira aturar. A Alice, era super extrovertida, pode se dizer que ela animava qualquer festa, tentava dar se bem com toda a gente, mas eram os especialmente os rapazes que se juntavam a ela, os seus cabelos loiros e os seus lindos olhos verdes eram incrivelmente bonitos, mas porque haveria de andar uma rapariga tão social e desejada comigo? Nós não éramos propriamente o género uma da outra à primeira vista, mas a resposta é que, ela era lésbica, ela sabia que eu não era nada preconceituosa e que não a iria julgar nunca na vida, então achou que seríamos boas amigas. Depois existe a Sofia, bastante mais reservada que a Alice e espantosamente, mais reservada que eu, o que me parecia impossível até a conhecer, ela era diferente de muitas adolescentes na nossa idade, ela não gostava de conviver, de estar na presença de outras pessoas, porque se sentia desconfortável, pois na sua cabeça o mundo observava a de uma forma horrível, como se ela fosse uma pessoa muito cruel. Os hobbies dela eram definitivamente queixar-se da sua vida no Twitter e falar do quanto ama as suas bandas favoritas. Eu era uma mistura das duas, era extrovertida quando me sentia à vontade ao pé das pessoas, mas super tímida quando estava com desconhecidos ou com alguém que me fazia sentir dessa forma. Eu adorava pintar quadros, escrever fic's no Wattpad e publicar para os meus trinta seguidores, que na altura, me faziam sentir especial. Nós éramos opostos, mas no fundo éramos todas iguais.
O meu aniversário aproximava-se, e eu estava super ansiosa pois se esse ano eu tivesse boas notas, a minha mãe oferecia-me bilhetes de avião, para ir a Londres, a minha cidade de sonho, a cidade onde eu via o meu futuro, eu queria viver ali, era ali que eu queria criar uma família, ter uma carreira, ser feliz... Mas para isso tinha de trabalhar no duro. Eu passava os dias a estudar e a escrever, o que não era algo típico meu, porque antes, eu passava o tempo a tweetar sobre a mais insignificante coisa e a comer tudo o que eu achasse minimamente comestível, mas mudei.
Todas as quartas ia com a Sofia e com a Alice almoçar à melhor pizzaria da cidade, e como não tínhamos aulas de tarde, íamos ao shopping afogar as nossas mágoas em roupa, e nesse dia não era excessão.
- Achas que este vestido faz parecer a minha barriga gorda? - Questionou a Alice.
- Ah sim pois, culpa o vestido. - Disse a Sofia rindo.
- Eu acho que esse vestido te assenta lindamente, faz te ficar muito bonita. - E fazia, a Alice tinha um corpo que qualquer rapariga invejava, mas isso não a impedia de o odiar.
- Vá Inês, tens de comprar o vestido para a tua festa! - Disse a Alice recebendo logo de seguida um encontrão da Sofia, supostamente, era uma festa surpresa.
- Meninas se me querem preparar uma festa surpresa por favor não troquem as ideias no grupo de mensagens do Facebook. - Ri.
Dito isto, a empregada da loja chega à minha beira com um vestido preto nas mãos e diz:
- Estive a observar a menina e acho que encontrei o vestido ideal para o seu corpo e já agora, - tira um cartão do seu bolso - acho que você poderá estar interessada, ligue para este número.
O cartão tinha o número de uma agência de modelos, o que será que ela quis dizer com isso? Será que me acha capaz de eu ser... modelo?
Experimentei o vestido e rapidamente me apaixonei por este, era lindíssimo e tinha tudo o que eu gostava, era curto mas não muito, tinha decote em coração, era preto, era perfeito.
- INÊS ESTÁS F-A-B-U-L-O-S-A! - Gritou a Alice.
Comprei o vestido e dirigimo-nos todas para minha casa, e fomos falando sobre a minha festa de aniversário sobre o caminho.
- Quem é que acham que deva convidar?
- Não te preocupes com isso, - disse a Alice - eu trato dos convidados, ou seja, eu trato dos rapazes super giros que conheço!
Continuámos a conversa até chegarmos a minha casa e rapidamente me apercebi que algo estava mal, a minha mãe só chegava a casa quase de noite e o carro dela estava estacionado na garagem. Entrámos e ouvimos barulhos vindos do andar de cima, subi as escadas, e os barulhos vinham do quarto da minha mãe... Entrei e dei de caras com a minha mãe e com o meu professor de Educação Física juntos, na sua cama!
- Inês? - Gritou ela.
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Unspoken Words - Parte II
Teen FictionDepois de sair de coma, Inês fica com várias dúvidas e questões, será que Patch estava arrependido por tudo o que lhe tenha feito? Será que ele a amava da maneira que ela o amava a ele? Será que ele queria voltar para Inês? Será que ele já a tinha e...