Capítulo 4

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Pedro

Vi Kate sair, fiquei olhando ela andar até sua silhueta sair da minha vista. Quem essa garota pensa que é pra falar comigo desse jeito? Tá, perguntei pra ela, mas mesmo assim. O pior é que ela está certa, não quero gostar daqui, aqui não é o meu lugar. Mas o jeito que ela falou deste lugar a deixou feliz e confortável, suas palavras eram doces.
Eu não preciso gostar daqui, mas acho que posso aprender, ou aceitar. Preciso fazer alguma coisa. Com esses pensamentos voltei para a casa e caí na cama, ainda bem que amanhã é sábado.
Acordei era 10:30 da manhã, tomei um banho gelado, vesti uma bermuda e uma camiseta, o café da manhã me espera. Desço as escadas e vou direto para a cozinha, a casa está no maior silêncio. Termino de comer e vejo que a Kate está na sala lendo um livro distraída, entro em seu campo de visão e ela olha pra mim, não sorri e diz:

- Meu pai saiu, foi ao mercado.

- Tudo bem. Posso me sentar com você? - o que é que estou fazendo? Essa menina pode ser uma boa, tentar sermos amigos é a melhor opção, senão acho que vou enlouquecer - Queria conversar.

Ela me olha surpresa e diz - Por mim... Tudo bem.

- Primeiro eu queria pedir desculpas mais uma vez. Segundo, eu fiquei pensando muito no que você me falou e percebi que eu posso estar errado, eu queria tentar.

- Isso é bom... Queria pedir desculpa também, não deveria ter dito aquelas coisas para você.

- Tudo bem. Foi um choque de realidade. Então... Vamos começar de novo?

- Pode ser. Mas você promete que vai tentar gostar deste lugar?

- Prometo.

Ela sorri e diz - Oi, meu nome é Kate. - estende a mão para mim.

- Prazer em conhece-la, meu nome é Pedro.

Rimos da situação. Lanço um olhar divertido pra ela e pergunto:
- Então... O que há de tão bom aqui?

Os olhos dela brilham de alegria ao ouvir minhas palavras

- Muitas coisas, mas tem uma que seria ótima neste momento.

- E o que é? - perguntei

- Vista uma roupa de banho e me espere aqui em 5 minutos.

Disse ela já saindo. Me levantei, subi e troquei de bermuda, tirei a camisa e me senti bem com o meu corpo. Cheguei na sala e ela já estava me esperando com um sorriso lindo no rosto. O que eu estou falando? Eu só posso estar ficando louco mesmo.

Ela pegou minha mão, meio com receio e saiu me puxando. Depois colocou a mão nos meus olhos para eu não ver. Ela tão próxima de mim, pude sentir seu cheiro doce, uma mistura de baunilha com flores. Pára com isso Pedro, se concentra, é só amizade. Ela foi me guiando até que ela parou e disse:

- Tá preparado?

- Acho que sim.

Ela tira as mãos dos meus olhos e vejo um rio com águas claras, árvores verdes ao lado do rio. Parecia que o rio era um tapete e as árvores ao seu redor. Tenho que admitir que é um lugar muito bonito. Quando viro de o lado para falar, congelo, a Kate estava só de biquíni se preparando para entrar na água, ela é linda, um corpo delicado igual ao seu jeito, é proporcional a ela, é a mais bonita que já vi, eu acabei de pensar isso? De todas que eu já vi, sério? Eu só posso está realmente enlouquecendo. Preciso sair desse lugar. Ainda em estado de choque admirando sua beleza, ela vira pra mim e diz :

- Vai ficar ai parado? A água é uma delícia.

- Ahh... Cla...ro...claro que não - gaguejei, mas entrei na água- é uma delícia mesmo.

- Essa é uma das maravilhas daqui. É ótimo, principalmente em dias de calor.

- Quanto tempo faz que vocês moram aqui?

- Na verdade, foi depois que seu pai foi pra Nova York. Ele queria que este lugar continuasse a ser bem cuidado, mas com ele longe só confiava no meu pai, que não recusou porque adora este lugar.

- Entendi... mas você gostou da ideia?

- Para ser sincera, não - ela olha pra mim e sorri - eu já tinha uma vida na cidade e não queria morar aqui de maneira nenhuma. Mas foi só eu ver tudo isto para esquecer o resto.

- Você gosta né?

- De quê?

- Dessa simplicidade toda.

- Eu não acho isso simples. Eu não preciso estar rodeada de pessoas, carro, e ter sempre uma festa para ir. Isto aqui é muito melhor do que qualquer uma dessas coisas, e sabe porque?

- Porque?

- Por que é verdadeiro. Um dia as pessoas vão embora, o carro pára de funcionar e as festas terminam, e no final você não tem nada. Eu posso dizer que vivo sozinha mas este lugar está sempre comigo me mostrando mais e mais coisas.

- Poxa, fiquei sem palavras - falo batendo palmas, essa menina é diferente de qualquer uma que já conheci e olha que já foram muitas - você fala com amor, gosto disso.

Ela sorri e fica corada dizendo:

- Eu amo este lugar. Mas... e você, como era sua vida antes de chegar aqui?

- Muito boa, muitas emoções, a cada semana muitas festas, mulh..., amigos, essas coisas.

- Entendi. Parece bem diferente.

- Quem sabe um dia você possa experimentar.

- É... Você já conseguiu fazer amizade na escola?

- Nao, as pessoas aqui são bem fechadas.

Ela ri e diz:
- Na verdade, as pessoas são ótimas, mas você olha pra elas diferente. Estão com receio de fazer amizade com você.

- Mas eu não faço nada, só fico olhando.

- Sei disso, mas eles sabem que você não é daqui. Mas vai haver uma festa na casa de uma amiga minha e ela convidou a escola quase toda, tá afim de ir?

- Nossa uma festa aqui... essa eu quero ver.

- Você pode se surpreender. Vamos voltar está quase na hora do almoço e ainda não fiz nada.

- Tudo bem, e falando nisso, obrigado por ter feito comida pra mim naquele dia.

- Imagina, eu não estava zangada, estava chateada, por que a gente não se deu bem.

- Ahh, mas porque você não falava comigo?

- Te dei espaço, você precisava de tempo, e estava claro que qualquer coisa que eu falava te deixava irritado.

- Nossa!

Saímos do paraíso. Esse lugar e muito lindo mesmo, não posso mentir. Fomos caminhando lado a lado, até que Kate olha pra mim com olhar divertido e começa a correr. Não entendi nada, mas logo sorri e comecei a correr também.

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