Você já imaginou como seria se o pior que poderia acontecer na sua vida se concretizasse? Pois é, nessa situação eu me encontro. Não, meu pai não morreu — bate na madeira. Ok, corrigindo: a segunda pior coisa que poderia acontecer na minha vida, aconteceu.
Eu pensei ter casado com o homem da minha vida. Brandon Carter. O primeiro a provocar as borboletas no meu estômago e fazer meu coração bater tão forte a ponto de eu ficar sem ar. Eu acreditava que eu tinha o mesmo efeito nele. Mas... ele me traiu. Na nossa própria festa casamento com a minha amiga, uma das minhas madrinhas! Todos beberam demais, mas isso não é uma justificativa pra eu tê-los encontrado transando dentro do banheiro. Depois de presenciar aquela cena, eu apenas corri. Corri o mais longe possível dali. Porém, para adicionar mais drama a minha vida, começou a chover forte. E não era uma pegadinha.
Agora aqui estou no metrô, com minha maquiagem escorrida me fazendo parecer um panda que fugiu do zoológico, de penteado desgrenhado, meu vestido de casamento encharcado e sujo de lama e, de cereja do bolo, bêbada e chorando compulsivamente na frente de desconhecidos.
Eu queria apenas esquecer esse dia de hoje. Queria que os Homens De Preto irrompessem pelo vagão com aquele aparelhinho e me fizessem esquecer tudo que aconteceu nesse dia desastroso. Apagar da minha mente para sempre o pior dia da minha vida.
Será que as pessoas não entendem o significado de "me deixem em paz"? O fato de eu estar de cabeça abaixada escondendo meu rosto nas mãos não foi um sinal bom o suficiente. A cada minuto alguém vinha me perguntar se eu estava bem. É sério isso? Não ficou meio óbvio? Ah, claro que eu tô bem, essas lágrimas e o estado deplorável em que eu me encontro apenas fazem parte da minha performance artística. Por dentro estou pulando de alegria!
Em direção a um precipício.
Depois de um tempo enfim pararam de me perturbar. Comecei a forçar pensamentos aleatórios pra esquecer o que estava me fazendo chorar. Unicórnios. Filhotes de gato. Arco-íris. Filhotes de cachorro. Duendes pernetas. Filhotes de porco. Fadas. Show da Beyoncé com Nicki Minaj.
Meu choro ficou menos intenso gradativamente. Até ri quando pensei em pugs, eles são hilários. Porém, minha cabeça ainda girava e meu nariz escorria. Enquanto esfregava os polegares na área abaixo dos olhos pra limpar a maquiagem escorrida, passei a pensar que estar bêbada era a melhor parte de tudo isso, talvez eu não me lembrasse de nada no dia seguinte.
Então, por um momento parei. Desde entrei nesse metrô, ainda não entendi pra onde eu estou indo. Entrei na estação pra fugir da chuva e acabei tentando fugir dos meus problemas quando eu achei cinco dólares no chão. Não deu muito certo.
- Zarah Woods? — chamou uma voz masculina. Pareceu-me um pouco familiar. Um conhecido, ótimo. Era realmente o que me faltava: alguém que eu conheço pra testemunhar esse momento e espalhar por aí quem era a bêbada de vestido de noiva no metrô.
Assim que ergui o olhar para ver quem era, tive um choque.
- Kendall... Smith?
- Schmidt. — corrigiu ele, com um sorriso desconcertado no rosto. Kendall me olhava de cima a baixo e com um misto de susto e curiosidade estampado na sua testa. Ele estava bem diferente do que eu me lembrava. Claro, não o vejo desde que tinha sei lá, dez anos.
- Quanto tempo...! — falei, passando as mãos sobre o meu cabelo pra que ele ficasse menos desgrenhado. Não funcionou. — Nossa, você escolheu um péssimo momento pra me encontrar.
- Dá pra ver... Mas o que aconteceu? — Kendall fez a pergunta que devia o estar cutucando. Ele com certeza deve estar imaginando que eu fui largada no altar.
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Through Love & Lies
FanfictionÉ abril de 2014. Bêbada e de vestido de noiva, Zarah Woods pega o metrô com pensamentos suicidas em mente. Por sorte ou não, ela acaba encontrando um velho amigo de infância que a resgata daquela situação deplorável, mas que acabará bagunçando ainda...