Capítulo 3 - Conversando sério

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Após o banho frustrante, me deparei com Brandon sentado na cama e suas mãos entre suas coxas assim que saí do banheiro. Seu olhar encarava o chão, ele parecia estar em outra dimensão. Antes que eu chamasse sua atenção para que ele voltasse ao planeta terra, sem nem tirar os olhos do carpete, ele disse de uma vez:

- Eu te traí, não foi?

Bingo!

Espera. Então ele realmente não lembrava de ontem e não estava me enrolando como eu imaginei? Levei alguns segundos para conseguir responder.

- Refrescou a memória? — indaguei, cruzando os braços. Brandon enfim ergueu o rosto para me olhar, como se tivesse caído a ficha do que ele havia feito e agora estava desapontado consigo mesmo. Não pude evitar de me arrepiar quando seus olhos cinzentos me hipnotizaram. Foco, Zarah!

- Essa foi a minha única hipótese, senão por qual outro motivo você estaria com raiva de mim?

Nem eu consegui imaginar outra razão.

- Bem pensado. — admiti. Brandon suspirou e passou as mãos pelo rosto e cabelos. Caramba, como ele fica bonito sério. Essa conversa vai ser uma tarefa difícil.

- Você viu com quem eu estava?

- Morgan. — falei sentindo ânsia de vômito ao repetir a cena na minha mente — Vocês estavam... Transado no banheiro. Eu preferia ter furado meus olhos a ver aquela cena. Uma das madrinhas, Brandon! Porra, transava com uma garçonete, mas não com uma amiga minha!

Claro que eu preferia que ele não houvesse transado com ninguém, mas se fosse pra escolher, que fosse alguém que não significasse tanto pra mim. Brandon não sabia o que dizer, ele apenas voltou a ficar de cabeça baixa. Em seguida, tornou a me olhar, mas com o cenho franzido. Acho que pela primeira vez desde que eu saí do banheiro, Brandon piscou.

- Então... quer dizer que aquela história de que você fugiu por que lembrou da sua mãe era mentira? Essa é real razão pela qual você saiu correndo da nossa festa?

Olha só quem aprendeu a ligar os pontos!

- Sim, e eu já me arrependi de ter te acobertado. Eu poderia ter deixado meu pai te encher de surra. Amber provavelmente o ajudaria. — eu tentava aparentar o mais forte possível. Era uma tarefa quase impossível, visto que eu estava desmoronando por dentro. — E agora, o que que eu faço com você, Brandon?

- Me perdoar seria bom. — o pior é que ele nem parecia estar brincando. Abri um sorriso irônico pra aliviar a vontade de chorar que estava entalada.

- Sério? E por qual razão eu te perdoaria?

- Porque foi só sexo, sem sentimento algum, tanto que eu nem me lembro.

"Só" sexo. Parecia que eu estava ouvindo uma piada.

- Você sabe que isso não está ajudando em nada o seu caso, né?

- Zarah, eu sou um ser humano, eu cometo erros, assim como você.

- E-eu não cometi erros como os seus. — corrigi-o apressadamente. Nossa, nada suspeita.

- Que seja. Mesmo que eu tenha feito o que você disse que viu, em nada altera o amor que eu sinto por você. Em nada. Eu errei, e eu me arrependi. Isso não é o suficiente?

- Na verdade, não. — o choro preso estava começando a doer.

- Fala sério, nós estamos no século XXI, Zarah. Passou o tempo em que traição era imperdoável. Hoje os casais que se amam e passam por isso, entendem o que levou aquilo a acontecer e compreendem que o outro pode cometer deslizes, mas isso não significa que o ame menos.

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