33 anos antes...
Estou em frente à praia vendo os fogos no céu, era noite de ano novo. A lua está linda e as estrelas são tão iluminadas, nunca conseguia ver elas assim aonde eu morava. O ar cheirava a pinho, um cheiro que nunca havia sentido antes. De repente ouço passos atrás de mim, olho para trás e assim que me viro dou de cara com um par de olhos azuis, um azul da cor do mar, um azul que nunca havia visto antes. Era um garoto, podia perceber pelo cabelo curto preto, mas quando olhava fixamente para seu rosto não conseguia ver nada, era como se eu estivesse com um óculos de grau e via tudo embaçado, exceto aqueles olhos azuis. Ele foi chegando perto de mim e disse:
— Savannah, Savannah acorda! — Eu não entendia porque ele estava falando aquilo afinal eu estava bem ali na sua frente.
—SAVANNAH!!! — Acordei e vi minha mãe puxando meu cobertor e o derrubando no chão, era tudo um sonho.
— O que foi agora? — Disse tampando o olho por conta da janela que ela estava abrindo.
— Eu estou te chamando faz mil anos menina.
— Podia ter chamado mil anos e um, dai eu podia dormir mais um pouquinho né mamãe?
— Como você é engraçadinha. Quero ver você com essa graça limpando esse quarto imundo. — Ela saiu do quarto deixando algumas caixas no chão. Olhei ao meu redor e meu quarto realmente estava um caos.
Tínhamos acabado de nós mudar para aquela casa. Eu, meu pai e minha mãe. Nós morávamos no centro de São Paulo e eu amava morar lá, porém meu pai recebeu uma boa oferta de emprego com um salário bem mais alto, com isso a gente teve que se mudar para o litoral, o que não foi tão ruim pois metade da minha família morava lá, mas eu odiei ter que me separar de todas as minhas amigas e amigos, eu não conhecia ninguém além da minha família. Chorei o caminho inteiro, não queria sair de São Paulo, será que eu não podia pelo menos cursar meu último ano do ensino médio lá? Depois a gente se mudava seria bem mais fácil, mas meu pai não concordou com a ideia, até parece que ele ia esperar um ano.
Levantei fui até o banheiro, tomei um banho rápido e escovei os dentes, coloquei um short e uma regata preta, amarrei meu cabelo longo em um rabo de cavalo, havia muito trabalho pela frente. Meu quarto era gigante, como toda a casa, eu não entendia porque meu pai quis uma casa tão grande afinal antigamente morávamos em um apartamento, era só nós três mesmo. Minha cama e meu guarda roupa pequeno pareciam minúsculos dentro do meu quarto. Eu estava sentada na cama quando minha mãe voltou com mais algumas caixas e colocou no chão.
— É lindo não é? Bem espaçoso, não se preocupe pois depois do ano novo vamos no centro da cidade mobiliar todo seu quarto, vai ficar show do jeito que você sempre quis. Você já foi no jardim? Têm rosas brancas as suas favoritas, e a sala de jantar você viu? É tão linda, a cozinha é enorme cabe um estádio lá dentro — Disse ela toda animada e eu ri do seu exagero.
— Sim mamãe eu vi tudo, afinal a senhora me obrigou a fazer uma tour por toda a casa, duas vezes por sinal, mas um estádio acho meio difícil. — Disse rindo.
— Talvez eu tenha exagerado um pouco vai. — Ela foi sentando na cama do meu lado.
— Olha Savannah eu sei que você não queria vir para cá e sei que é meio difícil para uma pessoa se mudar para um lugar depois de ter morado sua vida inteira em outro. Mas você lembra que antes de se casar com seu pai eu morava aqui não é? E eu te garanto filha você vai amar, sem falar que você pode ir à praia quando quiser e você vai estudar na mesma escola que eu estudei, lá tem armários, você sabe o que são armários? Igual daqueles filmes que você costuma assistir. — Minha mãe era muito engraçada e bem humorada, ela parecia mais uma adolescente.
— É acho que vai ser legal. — Eu disse meia desanimada.
— Você vai adorar docinho, agora arrume suas roupas no guarda roupas e depois desça para tomar café. — Ela foi embora fechando a porta e eu fiquei ali sentada por mais alguns minutos. Eu sabia que seria difícil me acostumar com tudo aquilo, havia muita coisa pela frente, era uma nova cidade, nova casa, nova escola e novas pessoas, e se eu não me encaixasse? E se eu não gostasse da escola? Aí meu Deus como eu queria voltar para São Paulo.
Arrumei todas as minhas roupas dentro do armário. Meu Deus como eu tinha roupa preta. Eu amava preto, é a minha cor favorita, minhas amigas costumavam me chamar de trevosa por conta do meu amor pela a cor. Desci as escadas e fui tomar café, meu pai e minha mãe estavam conversando.
— Bom dia pai.
— Bom dia gatinha, como você está?
— Ah to bem. — Disse pegando a xícara e colocando chocolate quente.
— Arrumou seu quarto? — Perguntou minha mãe.
— Sim, arrumei tudo. Quando vamos comprar os moveis mesmo?
— Essa semana mesmo gatinha, já escolheu a cor do seu quarto?
— Já? A mamãe disse que ia ser depois do ano novo.
— Savannah amanhã já é dia 31. — Disse ele rindo.
— Nossa já? eu estou voando mesmo. Esse mês passou muito rápido.
— Verdade passou mesmo. — Disse minha mãe. — Você não respondeu o que seu pai perguntou filha, que cor vai ser seu quarto? Pink, lilás, vermelho...
—Preto! — Eu disse, interrompendo ela.
—Preto? — Ela e meu pai responderam com um cara não muito boa.
— Porque você não escolhe uma cor mais de menininha? — Disse minha mãe.
— É filha, branco quem sabe. — Meu pai falou tentando me convencer.
— Não, não e não. Lembra o que vocês me disseram? Que se a gente viesse para cá eu ia poder decorar meu quarto do jeito que eu quisesse e vai ser preto e ponto.
— Tá bom, não está mais aqui quem falou. — Meu pai disse e eu sorri concordando. Terminei meu café e fui assistir The Vampire Diaries no notebook, não tinha absolutamente nada para fazer naquele lugar, cada segundo eu sentia mais falta de São Paulo.
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Um amor para recordar
Teen FictionMeu nome é Savannah Curtis e tenho 17 anos. Esta é a minha história e prometo contar tudo. No início você vai sorrir e, depois chorar não diga que não avisei.