Estava frio, e escuro, quando nos avastavamos da fogueira e da música obviamente, mas ali, cerca de cinco metros ao redor da fogueira, era totalmente aquecido e iluminado, não só pelas chamas, mas também pela música e alegria que exalava de cada um de nós. Haviam várias mulheres reunidas em torno do fogo, de mãos dadas, fazendo cantigas de roda e pedindo proteção as suas deusas, cada qual com um belíssimo vestido, algumas reservadas do círculo tocavam flautas e batiam palmas, a música passeava pelo ar, mas não saia da clareira onde nos encontrávamos, estávamos seguras, pois seus feitiços protetores não deixavam transparecer qualquer som ou luz, mas onde eu estava, não era tão invisível aos olhos dos homens, eu estava mais distante delas, exatamente onde a clareira fazia divisa com a mata fechada, eu me permitia ouvir tanto o som distante da música quanto as sinfonias de grilos e os passos macis das corças sobre as folhas, onde a magia já não estava presente.
Eu realmente gostaria de estar dançando com elas, mas além de ser nova demais para o Sabbath, não podia ficar perto das outras da minha idade.
Então ali estava. De repente ouvindo passos menos suaves do que os das corças. Nós éramos treinadas para ouvir os homens, não deveríamos falar com eles, só as mais velhas tinham permissão para tal ato, mesmo assim, segui o som, lentamente enquanto me esgueirava atrás de um grande carvalho tirei meus cachos ruivos da frente dos olhos, e vi, um homem, com aproximadamente minha idade, oito ou nove anos, ele tinha cabelos escuros e olhos vedes, e não estava acompanhado.
"Pode sair daí." Disse ele, "não tenha medo de mim."
Eu não respondi, não deveria falar com ele.
Lentamente ele veio até mim, se abaixou à altura de meus ouvidos e sussurrou:
"Eu não tenho medo de bruxas."
Dei um passo para trás, ele nos conhecia, ele não deveria, e eu estava assustada, ao recuar senti o tecido sob meus pés, desviei os olhos e vi a borda de um vel verde no qual eu pisava, era minha mãe, mas eu não podia chama-la assim, ela era nossa lider, era nossa senhora, a única de nós que possuía cabelos ruivos como os meus.
Ela se ajoelhou na relva úmida da noite até se encontrar na altura dos olhos do nosso visitante e disse:
"Não tenha medo de bruxas querido, apenas esqueça o que viu, se lembre somente que as de Salém sempre estarão do teu lado se precisar minha criança."
O garoto piscou atordoado e murmurou para minha mãe:
"Me chamo Carter senhora." Virou as costas e assim partiu, a senhora de Salém ficou surpresa com a capacidade do menino de usar as palavras em sua presença, me tomou pela mão e rigorosa comentou:
"Não saia de nossos domínios novamente Morgana, e guarde o nome de Carter, ele a segue de outras vidas."
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Caça às Bruxas
FantasyMorgana e Carter eram respectivamente, uma bruxa e um cavaleiro do reinado, que tiveram seus destinos cruzados, em uma história que envolve tanto o drama da caçada as bruxas, quanto a comédia de uma bela amizade e o início de um amor.