Cheia de Esperança

24 2 1
                                    

Acordei diferente aquela manhã. Levantei da cama e coloquei uma música animada para tocar, parecia que eu tinha um bichinho dentro de mim que despetou e queria dançar. Tomei um banho e ao invés de vestir calça e blusa social como sempre, coloquei um vestido leve e soltei meus cabelos.

Quando cheguei na cafeteria, Bruno estava sentado de frente para a porta, como se me esperasse:
----Bom dia! Nossa, você esta linda!
Com certeza eu tinha ficado vermelha de vergonha, olhei pro vestido e disse:
----Só coloquei um vestido!
----E como foi seu dia ontem?
Achei muito fofo ele ter perguntado.
----Foi ótimo! Muito produtivo!
----Que bom! Então, não vou poder te fazer companhia no café, vim aqui pra te convidar para sair comigo hoje, já que é sexta-feira...
Eu fiquei realmente surpresa, não esperava receber um convite dele, comecei a gaguejar:
----E-eu? Hoje...?
----Sim Analu!
----Ah, sim, pode ser.
----Nos encontramos aqui na frente da cafeteria as sete!
----Ok!
Ele levantou beijou minhas duas mãos e foi embora.

Quando sai do trabalho fui as pressas para casa me arrumar.
As sete em ponto nos encontramos. Ele vestia um paletó salmão por cima de uma regata branca, uma calça social preta e correntes de ouro no pescoço.
----E então, para onde vamos? ---- Perguntei
----Para o restaurante do Parque Central!

O Parque Central estava lindo, algumas árvores tinham pisca-pisca e os postes estavam enfeitados de flores. Sentamos numa mesa perto do lago, as luzes das árvores refletiam na água dando um efeito lindo. Bruno e eu conversamos muito, me contou que tinha 26 anos, era Hawaiano, músico e que estava gravando um CD, ele me fazia rir, era engraçado. Eu, contei que tinha 23 anos, era decoradora de interiores, morava sozinha à dois anos e que seguir uma rotina tinha sido a solução para viver quando sai da casa dos meus pais.

Depois de jantar caminhamos em volta do lago e paramos em frente a uma banda de Jazz. Só percebemos que as horas tinham passado quando os músicos guardaram os instrumentos e foram embora. Continuamos andando até onde eu morava. Ficamos em silêncio por um tempo. Percebi que me olhava:
----O que foi? ----Perguntei.
----Nada. Só que você é muito linda...
Olhei para o chão com vergonha. Ele pegou minha mão e acariciou meu rosto, pela primeira vez olhei diretamente em seus olhos e o observei. Tinha olhos grandes e puxados e uma pele morena igual café com leite. Olhei para a boca dele. Me deu vontade de beija-lo. Chegavamos cada vez mais perto um do outro. Até ficar irresistível não nos beijarmos. Beijamos, beijamos e beijamos.
----Infelizmente, tenho que ir embora. Amanhã tenho que estar bem cedo na gravadora. Mas me dê o número do seu celular!
Depois que dei ele foi embora.

Passei o final de semana pensando no Bruno e esperando que me ligasse. Para minha decepção, não me ligou e nem apareceu na cafeteria nas duas semanas seguintes, até parei de frequentar lá, pois me lembrava dele e dava raiva pelo fato de ter entrado assim na minha vida, sacudido minha rotina e simplesmente ter sumido depois. O que eu tinha feito de errado pra ele desaparecer daquele jeito? Será que eu era tão chata assim?

Um Homem de Outro Planeta.Onde histórias criam vida. Descubra agora