O Começo

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Eu nunca fiz questão de estar aqui, nem quando o mundo ainda era "aquele" mundo. É estranho falar assim, mas é um fato, isto já não é mais um mundo. O que eu conhecia - ou pensava em já ter conhecido -, já não tinha mais sentido pra mim.
Nada, absolutamente nada mais tem importância e o pior: eu carrego esse fardo de culpa de tudo o que aconteceu.
[...]

O céu nublado, gotas de água escorriam no vidro da janela do meu quarto, porta trancada, na calada da madrugada.
Ouvia-se apenas meu silencioso choro em suspiros para que não notassem, as lâminas cada ves mais ensaguentadas, os cortes cada vez mais profundos, mas isso já não adiantava, e minha cabeça martelava de dor, já não aguentava mais tanto sofrimento, até que eu tive uma idéia que parecia ser perfeita e que solucionaria todos os meus problemas.

Sai do meu quarto e desci as escadas, cheguei à cozinha, abri o primeiro armário à direta e lá estavam vários remédios, florais, antidepressivos, antiácidos, entre outros, juntei todos. Eu estava decidida, seria um suicídio fácil e indolor. Com os remédios já na boca, virei o copo com água e os engoli de uma só vez. Subi as escadas até o meu quarto rapidamente antes que a mistura de antibióticos fizessem efeito, tranquei a porta, me deitei e fiquei pensando em como todos ficariam agradecidos com minha morte, eles não faziam idéia de como era se sentir sozinha, ninguém sentiria minha falta, eu não tinha amigos, nem meus pais adotivos não gostavam de mim, falavam que eu dava muito trabalho, ninguém queria fazer amizade com uma menina doente e a única amiga que eu tinha foi embora, bom... Pelo menos iríamos nos encontrar, onde quer que ela estivesse, e eu jurava que seria hoje. Depois de alguns minutos comecei aficar tonta, meus olhos se viraram, e minha boca não parava de salivar, e tudo ficou escuro.

Acordei em uma cama de hospital cercada de aparelhos num quarto pequeno, porém bem arrumado e com uma janela fechada, não havia mais ninguém no quarto, reparei que num criado mudo ao lado da minha cama havia uma folha de papel, ainda deitada me esforcei para levantar, mas meu corpo todo doía então estiquei meu braço na tentativa de conseguir pegar a folha e acabei derrubando um copo com água que também estava no móvel, assim que o copo caiu ouvi alguns ruídos que vieram de fora do quarto, chamei por alguém, mas não houve resposta, os ruídos aumentaram, chamei novamente e sem resposta mais uma vez, me esforcei para conseguir sentar, peguei o papel e nele dizia:

"Algum tipo de vírus infectou toda a cidade e por esse motivo nossos pais tiveram de fugir para um local seguro, não levaram você porque estava em coma e não poderia ficar sem os aparelhos, então eles decidiram que você estaria segura aqui com as seguintes instruções:
Primeiro: Dentro da gaveta do criado mudo tem uma arma para se defender dos infectados e um martelo para arrombar a janela;
Segundo: Não faça muito barulho, pois isso atrai os infectados;
Terceiro: Vá para casa, vou estar lá te esperando. Nunca saia durante a noite, é muito perigoso.
Seguindo essas instruções você estará segura.

Obs: Tem biscoitos num pote embaixo da cama.

Boa Sorte, com amor: Julie♡."

The Dead Are AliveOnde histórias criam vida. Descubra agora