Cinco - 2014

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Ironm4x



Capítulo V - 2014

- Agora você acredita em mim?

Uma voz disse e eu não evitei em ver de onde vinha. Oh, claro. Peter. Eu quase havia me esquecido que não era a única a ter minha vida como um verdadeiro inferno.

Esperei que minha voz voltasse às minhas cordas vocais e suspirei, antes de respondê-lo.

- Acho que não existe outra explicação para tudo isso, não é? – ri, sem humor. – Eu mal acredito como você conseguiu viver tanto tempo aqui. Trancafiado nesse inferno.

- Algumas vezes por mês eles me levam para dar uma volta pelo Ministério. –pigarreou. – Você está bem?

- Levando em consideração os últimos acontecimentos, eu acho que não. – respondi no meu tom mais sarcástico. Certo, aquilo era errado. Mas eu não seria simpática nem mesmo com a minha sombra agora.

- Imaginei que responderia isso. – ele riu. – Parece que você foi ter uma conversa com o Zimmerman, não é?

- Nicholas Hoffmann já lhe mandou para lá? – virei o rosto para encará-lo com mais clareza.

- Nicholas? Oh, não. Eu já tenho 58 anos, meu bem. – ele sorriu fraco, enquanto brincava com uma pedra. – Aos dezessete anos, quando a inconsequência e rebeldia da adolescência tomou minha mente, decidi tentar fugir desse lugar e, é óbvio, a tentativa foi frustrada. Quando me pegaram, Barth Hoffmann não pensou duas vezes antes de me mandar para aquele... Inferno. Oh, sim. Aquilo pode ser considerado o inferno. Tive a companhia de Zimmerman por dois dias inteiros... Até hoje minhas pernas não voltaram a serem as mesmas.

- Dois dias?! – perguntei, atônita. Eu mal passei quinze minutos com aquele crápula e já sinto dores por cada músculo do meu corpo. Quanto mais dois dias? Isso é loucura. – Barth Hoffmann?

- Sim, dois longos dias. Talvez os mais longos de minha existência. – suspirou, nostálgico. – Barth Hoffmann, filho de Yan e pai de Nicholas, que você conheceu há pouco.

- Se existe alguma família do diabo na terra, posso afirmar que seria essa. – sorri fraco, passando as mãos nos meus cabelos, agora curtos.

- Não tenha dúvidas. – ele sorriu também. – Sabe... Eu... Gostaria de lhe fazer uma pergunta. – eu assenti, esperando que ele continuasse. – Como a minha mãe era?

Oh, céus. Um homem com a aparência do meu pai, me perguntando como era a mãe dele. Isso é, definitivamente, inacreditável. Mas, bem, o que não é inacreditável por aqui?

Eu sorri fraco ao me lembrar de Louise, ela era uma grande mulher e se orgulharia de ver o filho vivo, mesmo depois de tanto sofrimento e humilhação.

- Louise era maravilhosa. – passei a mão no rosto, secando-o. – E esperava ansiosamente por sua chegada... – pigarreei, chacoalhando a cabeça. – É definitivamente aterrorizante pensar que há dias, pelo que eu me lembre, ela estava grávida, e hoje você está aqui, com 58 anos! – dei os ombros, mordendo o lábio, sentindo meu queixo tremer.

- Eu teria dado minha vida inteira por um abraço dela.

Tudo bem. Talvez eu devesse parecer forte para ele, mas depois dessa declaração eu não consegui fazer mais nada a não ser colocar o rosto entre as mãos e chorar. Chorar... Até que meu corpo secasse, talvez. Tudo aquilo só havia acontecido por minha causa. Minha causa! Minha culpa. Oh, se eu pudesse voltar no tempo e mudar tudo... Eu teria sido a amiga, a namorada e a filha do presidente; perfeita.

Ironm4x [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora