Capítulo Três

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Já era de noite quando finalmente voltamos, e Jeremy passara o dia inteiro com a família em um hotel fazenda ali perto. Passar o dia inteiro ao lado de Agatha e Henry foi uma experiência estranha para mim, mas foi incrível poder conhecê-los melhor e perceber que ficava confortável em sua presença.

Quando a magricela declarou na sala de estar que todos os preparativos estavam perfeitos, nós subimos para nos arrumar antes que os convidados chegassem e o Inferno se instalasse no chalé Evil's Doom.

— Uau, quem são todas essas pessoas? — Desci as escadas e me deparei com um grupinho estranho conversando no sofá.

— É o pessoal do chalé Rock'n Heaven. Eles vêm todo o ano — Henry explicou, passando uma mão nos cabelos na esperança de alinhá-los.

Ele estava extremamente charmoso naquela noite, usando uns sapatos italianos que alegava terem sido um presente do seu pai, uma camisa de botões azul marinho e uns jeans novos que Agatha o forçara a comprar. Parecia bem desconfortável, mas eu suspeitava que Henry sempre estava desconfortável na minha presença, e sentia que em breve teria que mudar isso.

— Você tá bem bonita hoje, Rose — ele declarou com um sorriso torto. — Parece um quadro.

Olhei para o meu vestido vermelho de alcinhas e saltos bicolores, sentindo o peito aquecer ao me lembrar que já era a terceira vez que ele dizia aquilo.

— Obrigada, Henry — já havia desistido de chama-lo de "Harry" há tempos. Entendi que não lhe causava o mesmo efeito que "Rose" tinha em mim.

Encontrei Agatha debruçada na mesa da cozinha, enfeitando um enorme bolo decorado com glacê azul e velas explosivas. Seu cabelo caía em cachos recém feitos ao redor do rosto perfeitamente maquiado. Eu estava prestes a deixá-la a sós com a sua obra prima quando percebi que o bolo estava decorado com uvas.

— Uvas? — Ergui as sobrancelhas.

— Ah, é você — Agatha relaxou, claramente preocupada que eu fosse o Jeremy e estivesse chegando antes da hora —, sim, uvas — explicou. — O Jer prefere uvas à morangos.

Fiz uma cara de nojo.

— Uvas no bolo?

— Relaxa. É de chocolate — ela me dispensou com as mãos.

— Agatha, você parece bem preocupada com essa festa — puxei uma cadeira e me sentei —, tem certeza que tá tudo bem?

A magricela se afastou do bolo e me olhou seriamente. Primeiro pareceu que ela estava prestes a me dar uma resposta automática, mas então sua expressão mudou, como se ela mesma estivesse pensando na razão de estar tão preocupada com aquela festa toda. Seu nariz se enrugou de uma maneira peculiar para o lado, e suas sobrancelhas se ergueram como se acabasse de se dar conta de algo. Seus ombros subiram e a respiração foi suspensa.

— Hm, Effie... — Ela falou com um olhar distante — Eu acho que eu gosto do Jeremy.

Naquele momento, eu estava morrendo de inveja da Agatha Hudgens. Ela não tinha nenhum problema em declarar em voz alta como se sentia, e eu jamais teria uma confiança daquelas.

— Hã... Tem certeza? — Como alguém podia ter tanta certeza? Será que Henry tinha tanta certeza assim de que gostava de mim?

— Absoluta — então Agatha sorriu, iluminando o cômodo com a sua luz de top model prestes a deslumbrar os paparazzi —, é por isso que eu ando tão estressada! — Ela falou como se agora fosse óbvio.

— E o que você vai fazer?

— Bom — a garota voltou a se concentrar no bolo, como se nada tivesse acontecido —, eu não posso simplesmente contar a ele. Então, terei que seduzi-lo.

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