Capítulo Cinco - Final

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- AAAAAHHHHH!

Acordei subitamente, ouvindo o maldito grito da Agatha e desejando, por poucos momentos letárgicos de puro sono, que eu nunca tivesse nascido. Puxei as cobertas rapidamente para longe do corpo e abri a porta do quarto, dando de cara com um Henry sem camisa. Me distraí por alguns segundos com o seu abdômen magro e os seus respectivos gominhos, até encontrar os seus olhos e perceber que ele olhava para as minhas pernas. Ugh, eu estava usando um pijama minúsculo.

- O que foi isso? - Estremeci.

- Acho que veio da cozinha. - A voz dele estava pastosa de sono.

Disparamos escada abaixo, ultrapassando um ao outro até chegarmos na cozinha, só para encontrar uma Agatha de camisola apoiada na pia. Ela não parava de chorar, e seu cabelo estava coberto de açúcar.

- Agatha! - Me apressei para ampará-la.

- NÃO!

Meus pés deslizaram sobre uma montoeira de cacos de vidro, e quando me dei conta, havia deixado um rastro de sangue por onde tinha passado.

- Ai, Effie, cuidado! - Agatha falou chorando. - Nossa, olha quanto sangue.

- Ai ai, Rose, deve ter aberto o pé. - Henry se moveu com cuidado até aonde eu estava e me pegou no colo rapidamente. - Nada de andanças para você.

Eu olhei para o teto e me perguntei como era capaz de me meter em situações tão desconfortáveis e peculiares como aquela. O peito de Henry era bem quente ao tato, mais do que eu havia imaginado. Ou talvez eu é que estivesse bem gelada por ter visto tanto sangue.

- Agatha, você tá bem?

- Ah, eu to bem, não me machuquei. - Ela disse antes de fungar.

- E por que você está chorando? - Perguntei, mas a magricela me ignorou completamente.

- Vamos dar uma olhada. - O geek me levou para a sala e me pousou no sofá.

- AGATHA, VOCÊ TÁ BEM? - Gritei novamente bem alto, antes que Henry pudesse pegar no meu pé e fazer tudo doer.

- Relaxa, o Jer tá cuidando dela. - O geek teve a audácia de rir dos meus esforços enquanto acariciava o meu calcanhar. Sim. Ele estava acariciando o meu calcanhar. - Você tem joelhos muito fofos, sabia?

Olhei para ele sem acreditar. O cara era um romântico incurável.

- Cuidado! - Exclamei quando ele tocou o meu pé.

- Não vai precisar de pontos, Rose. - Henry cantarolou satisfeito. Seu cabelo escuro estava todo bagunçado de quem recém saiu da cama, e ele mordiscava os lábios toda a vez que eu me remexia sob o seu toque. - Mas não vai poder andar. Nunca, nunca mais. Eu vou ter que te carregar para sempre. - Ele brincou.

- Eu iria preferir a morte. - Falei entre dentes. Meu pé estava doendo.

- Ai, meu coração. - Ele se fingiu de ofendido e limpou o corte no meu pé, desviando quando eu joguei uma almofada certeira na sua cabeça. - Olha essa raiva toda, Rose.

- Tô feliz que você não esteja mais com raiva. - Dei de ombros e sorri para ele.

- Eu não sei do que você tá falando.

- É claro que sabe. - Revirei os olhos. - Você ficou três dias sem falar comigo porque o Jack me beijou, Henry, e isso não faz o menor sentido.

- Eu não fiquei sem falar com você. - Ele grunhiu e abaixou a cabeça, cutucando o meu pé para ver se doía.

- Ouch! - Senti lágrimas se formarem enquanto ele murmurava desculpas. - Se você acha que falar comigo é resmungar sobre o tempo, então há algo de muito errado com você, Henry.

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