Capítulo 2
Meredith
Uma brisa leve passeia pelo meu rosto, eu estou deitada em um lugar meio duro, mas confortável, um chapéu está na minha cabeça cobrindo meus olhos da luz forte, o barulho do mar envolve meus ouvidos enquanto sinto que uma mão grande está repousada em minha coxa esquerda, mas espera aí, eu conheço bem esse toque, já senti a textura dessa mão outras vezes por todo o meu corpo.
Levanto o chapéu para poder enxergar, a claridade incomoda um pouco, e então eu olho ao redor, estou em uma praia deserta — uma ilha creio eu — o sol é forte, mas ele não encontra minha pele pois estou embaixo de uma tenda, imediatamente reconheço a silhueta deitada ao meu lado em outra espreguiçadeira, ele está deitado com a barriga pra cima e as mão atrás da cabeça, seu rosto está coberto com um boné, mas ainda assim, reconheceria aquele corpo em qualquer lugar. Ele parece estar dormindo, olho para seu corpo coberto apenas por uma sunga e imediatamente meu corpo corresponde ao seu, meu ventre se aperta dentro de mim. Ele desperta e eu logo dirijo meu olhar para outro lugar atrás dele que não seja seu corpo, seus olhos incrivelmente azuis se encontram com os meus, ele solta um sorriso branco que faz o meu coração se derreter dentro de mim, sua boca se movimenta e ele diz meu nome:
— Meredith está tudo bem?... Senhorita Meredith... — sua voz grossa agora é uma voz de mulher, fina, estridente... — O avião já pousou, você precisa desembarcar... Senhora Meredith! — alguém toca em meu ombro, me balançado para lá e para cá.
Eu abro os olhos rapidamente, dou de cara com a aeromoça — que parece estar muito estressada — em minha frente.
— Oh sim, sim... Eu já acordei, já estou saindo. — digo me levantando de supetão.
Mas que droga, eu estava sonhando... E logo com Henrique. Este homem me persegue até em meus sonhos!
Pego a minha bagagem, passo a mão em meu vestido para desamassa-lo e vou em direção à saída do avião, está vazio, todos já devem ter ido para o portão de desembarque, está de noite e o céu é estrelado. Que saudades eu estava do meu Brasil, do meu Rio de Janeiro, inspiro forte o aroma da noite, a brisa é gelada mas é gostosa.
Me lembro novamente do sonho que estava tendo dentro do avião, por que Deus estava me permitindo sonhar com Henrique de novo? O que eu fiz para merecer isso?
Este sonho só serviu para atiçar ainda mais a minha vontade de revê-lo.
Vou em direção a porta de saída, procuro por minhas malas, logo a encontro pois é a única na esteira. Então percebo que ninguém veio me esperar. Não entendo, eu avisei a minha família que viria, falei com mamãe antes de sair de Boston.
Respiro fundo e vou à procura de um táxi, logo acho um disponível e entro nele. O motorista é simpático, deve ter por volta de uns cinquenta anos, eu passo o endereço para ele, não é muito longe.
Meia hora depois eu chego ao antigo prédio em que eu morava com meus pais e minha irmã, pago o taxi, pego minha mala e vou em direção à portaria. Senhor Fernando ainda é o porteiro, depois de tantos anos.
— É quem eu estou pensando? É você mesmo menina Meredith? — ele pergunta se levantando de onde estava sentado e se debruçando encima do balcão para me olhar mais de perto.
Eu abro um sorriso largo para ele.
— Sou eu sim senhor Fernando, que surpresa te encontrar aqui depois de tanto tempo! — rodeio o balcão e vou lhe dar um abraço.
— Pra você ver minha filha, esse velho aqui ainda vai durar muito tempo como porteiro deste prédio. — ele diz enchendo o peito de ar e batendo a mão aberta sobre ele.
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Direto do Passado
RomanceMeredith: Uma noite de ano novo, praia de copacabana. Uma paixão e uma mentira. A descoberta. Uma nova vida. Oito mil quilômetros de distância. Henrique: Virada do ano de 2011. Fogos de artificio. Minha roupa encharcada. Uma boca sexy, cabelos negr...