Prólogo

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Eu subo o lance das escadas. Desespero tomava conta de mim, minhas pernas estão frágeis e meus braços não tão firmes, sinto como se um sopro pudesse me derrubar a qualquer momento. O som de uma tempestade do lado de fora da torre me assusta, me arrepia e faz com que eu não escute nem os meus próprios batimentos cardíacos. Mas eu não posso parar, tenha que manter a mim, ao garoto e a garota que me acompanham vivos, nós estamos metidos em algo muito maior do que podíamos imaginar. Quando olho de relance para trás, pude ver o rosto da garota. Esta pálida e atordoada. Não posso culpá-la, eu não estou muito melhor também. nós passamos por muita coisa juntos até chegarmos naquela torre, nesta escada, com o garoto. Ele faz parte da confusão, talvez ele seja o maior culpado de estarmos sendo caçados por cavaleiros do Sagrado.

-Estamos chegando perto! - grita o garoto de cabelos dourados - Aqui, pegue.

Ele me oferece uma arma. Uma pistola de modelo colt 1911 prateada. Eu encarei a arma. Já havia matado pessoas durante o caminho, mas ainda sim quando eu olhava para a arma, desta vez, eu sinto que aquilo não será o suficiente para me manter vivo.

- Atire na maçaneta para conseguir arrombar a porta - alerta o garoto de cabelos dourados - mas não gaste toda a munição. Não sabemos o que podemos esperar.

Quando chegamos ao final da escadaria, me deparei com um salão oval vazio e uma porta gigante. Corro em direção à porta e começo a atirar na maçaneta logo chuto a porta, ela então revela uma ponte que nos leva em direção à outra torre. Chove forte. Relampeja muito. Nós estamos no ponto mais alto da capital de Denóva.

-Vamos! - grito para o garoto que vigia as escadas pela qual viemos. - O que você está esperando?

ele tira uma granada do cinto e a lança escada a baixo. Recarrega a pistola e vem andando na minha direção.

-Agora, nós podemos ir. - seus olhos queimam em fúria.

A garota ainda esta fora de si. Agarro sua mão e sussurro em seu ouvido as palavras que nós três precisamos ouvir, mesmo sabendo que não é a verdade.

- Vai ficar tudo bem. - Tais palavras que são extremamente reconfortantes nesse momento de desespero, onde o medo se instala em nossos corações nos tornando seus reféns.

Começamos a correr pela ponte, esta que começa a estremecer. Quando olho para frente pude ver um grupo de cavaleiros altamente armados esperando por nós. Armas de fogo, armas brancas, barricadas. Eles têm de tudo. Pego minha pistola e a encaro novamente. Tento me concentrar, mas o caos que a tempestade causa, não deixa. Deixo a partir desse momento que vontade de viver tome conta de mim junto a uma fúria que gritava em meus ouvidos: O que diabos está acontecendo nesta semana?

-Vamos matar todos eles. - Fico em pé ao lado do garoto e olho para a garota. - Fique atrás de mim, o tempo todo.

-Como nos velhos tempos - disse o garoto, sorrindo.

Quando olho para trás posso ver um segundo grupo de cavaleiros chegando, e se preparando. Vou andando em direção à torre onde esta o grupo que já nos esperava. Começo a mirar e quando puxo o gatilho, escuto um estrondo e algo explode próximo aos cavaleiros, um trovão atinge todos eles. A ponte balança mais uma vez, me faz perder o equilíbrio e me agarro ao parapeito da ponte. Todos os cavaleiros estavam mortos. O cheiro de carne queimada se espalha pelo ar e assusta toda a coragem que eu reuni. Foi então, que acontece de novo. Desta vez, atrás de nós. Mais corpos queimados no chão da ponte. Aquilo me deixa arrepiado. A garota esta em pé com os olhos fixos no céu.

-Ele está aqui. - diz com a voz trêmula.

Antes que eu possa falar qualquer coisa, mais um trovão atingiu a ponte, que estremece e chacoalha novamente. Não fomos atingidos nenhuma vez e isto me deixa mais apreensivo do que nunca. Uma vez é acidente. Duas é coincidência e três é problema.

No local onde o último trovão atingiu, esta um homem em pé. Ele era alto e tem um corpo musculoso; um peitoral que parece ser duro como pedra; nos braços, usa duas manoplas gigantes que se assemelham a baterias AA. Sua pele é pálida e seus cabelos são dreadlocks de cor cinza. A expressão em seu rosto é vazia. Ele não demostra nada. Usa apenas uma calça de pano, sem camisa e sapatos.

Lá estava a figura mais assustadora que eu já havia visto. Mais do que qualquer monstro que já lidei. E ele é apenas um homem. Ele ergue as mãos e os raios são direcionados à suas manoplas. Elas brilham em um azul claro, como se estivessem carregadas, e a tempestade cessa. As nuvens somem. O sol aparece - ainda era dia.

O homem começa a andar em nossa direção sem dizer uma palavra, mas, ele tem agora, um olhar ameaçador em seu rosto. Meu corpo não se mexe. O rosto do garoto exibe desespero, a vontade de correr e nós estamos congelados de medo. Com muito esforço, consigo me pôr de pé. Puxo o garoto e a garota na direção oposta ao homem. Corremos aos tropeços. Então um raio passa por nós e atinge a ponte a nossa frente, quando a fumaça se dispersa podemos ver, um imenso buraco, nos deixando sem saída.

Pego a pistola e começo a atirar no homem. As balas explodem antes de atingir seu corpo. Quem é este homem?

Ele aponta para nós. Este é realmente o meu fim? Depois de tudo o que passei de tudo que eu fiz todos os sacrifícios, não pode ser em vão.

As Crônicas dos Deuses - RenascerOnde histórias criam vida. Descubra agora