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Misto de menina meiga, que carregava um leve sorriso malicioso nos lábios. Tinha o dom do amor, mas praticava vez ou outra a sua inimiga, dor. Tocava nos seus medos o sabor dos seus sonhos. Criava as letras que conspiravam com a alma, para os arranjos que ficavam perdidos no tempo. E com uma mistura de combinações, ela ainda conseguia ser ela mesma. Ainda conseguia ser a única. Tinha sua própria cor, seu próprio timbre, brilho, e força. E não eram encontrados em qualquer esquina. Ela mostrava pouco. Mas ela era tanto. Seu único destino, era ser mulher. Por mais que carregasse junto dela uma bagagem lotada de sonhos. Ninguém acreditava em nenhum deles. Mas quem disse que ela se importava? Ela acreditava. E isso, ah, isso já era o bastante.
Ela não tinha medos bobos, nem sonhos tolos. De tolo, só o seu coração. Ela sempre tinha caixas lotadas de pensamentos. Não faltavam estoques. Vez ou outra, abandonava alguma caixa em alguma estrada perdida, sem rumo, que encontrava nos caminhos da vida. Naqueles caminhos errados, que a gente entra por acaso, e pretende não voltar por vontade própria. Ela era impulsiva. Pensava muito, em tudo. Lembrava. Se torturava. Guardava para ela mesma. Mas quando resolvia esquecer, ah, aí música nenhuma trazia lembranças. Tinha alma de pipa avoada, mulher independente, segura, evoluída e madura. Mas tinha um coração de menina que não era disfarçado. Tão ingênuo, sonhador, ferido, inseguro, tolo, bobo e inocente. Ela tinha sentimentos em demasia, mais que a cota estimada. Mas optava por demonstrar a falta deles. Estava apenas cansada. Ela parecia ser fria.. Como uma geleira. Mas seu coração queimava, acendia chamas, e incendiava. Ela nevava. Guardava. Escondia. Ela até que tentava ser fria. Mas seu coração era quente demais. E isso, só ela percebia.

E por cada decepção que passara, ela se conformava. É, ela era apenas uma menina. Com sentimentos inocentes, olhos puros, e sorrisos sinceros. Soltos. Leves. Por mais que em sua alma existisse uma mulher independente, forte, vingativa, realizada e indiferente se formando. Ela ainda era apenas uma menina... Meiga. Inocente. Ingênua. Carente. E sentimental, até demais. Mas apenas uma menina.

Quando ela escutava palavras vindas de um olhar conspirador, não sabia o que gritara mais alto. Se era o seu coração, ou se eram seus pensamentos. O que estava mais agitado? Aquela rua em um noite tão quente de sábado. Ou a sua mente que atualmente mente? Por via das dúvidas, se escondeu em meio a bagagem de sentimentos que acumulara por dentro de si mesma. As barreiras todas já haviam sido quebradas, devastadas, e atravessadas. O silêncio já não era mais tão apreciado, pois os pensamentos não permitiam. O barulho que sua mente transtornada ecoava era maior do que qualquer música que ela escutava.

O coração já havia saído de cogitação. Agora, ela era apenas uma canção. Daquelas bem suaves, que tocam soltas, com emoção e calmaria no final de uma tarde silenciosa. Que nunca encontra o timbre certo para se manter no tom. Uma hora afina. Mas ainda tem pequenos tropeços, arranhões, que resultam em grandes desafinadas. E a única forma de concertar, é a sua vontade de continuar. Como numa fração de segundo, que você nunca consegue compreender, resolver e entender. Como numa equação que você nunca encontra o X. Era assim que ela sentira. Como se vivesse em um problema, soubesse que o problema era no coração, mas nunca conseguisse encontrar o famoso "X" dele. Tivesse plena consciência de seus sentimentos, do quanto acumulara e sentira. Mas era como se ela não encontrasse o resultado, o final, o desfecho. Como se vivesse esperando por aquela emoção, por aquele agito. Como aquela música que você espera o tempo inteiro pelo refrão, pela emoção na voz, no cantar. E nada parece mudar... Uma hora perde a graça de escutar.

Sabe, como em uma música, ás vezes o que falta nas nossas vidas é também viver com mais emoção. Com mais compaixão. E porque não, com mais paixão também? Ei, quer ser o X do meu coração?"

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