O término

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Fazia uns 40 minutos que sua mensagem havia chegado. Li pela barra de notificação do celular, mas não tive coragem de abri lá, não sabia o que fazer com aquelas meia dúzia de palavras. Na verdade eu até sabia, só não como. No momento em que seu nome piscou na tela, meu coração quis sair pelas minhas narinas, meu sangue deu meia volta por dentro de minhas veias fazendo meu corpo enrijecer impedindo qualquer tipo de ação, ou reação. Por isso acabei mandando o print para minha melhor amiga.

- Se quer ir vai.

- Eu quero e não quero, a fila anda né?

- E ela por uma acaso ela esta andando?

- Não... Mas deveria

- Exatamente, deveria. Mas nem sempre as filas da vida têm o numero necessários de pessoas para que elas andem.

- Tá me ajudando bastante viu ��

...

A mensagem dizia que eu havia esquecido meu passaporte na casa dele, e mais algumas peças de roupas. Eu precisava de tudo aquilo, e principalmente dele. E por isso eu fui. Fui com um nó na garganta me culpando por ser burra novamente, fui convicta que o trataria com frieza, e que só pegaria minhas coisas e sairia no mesmo pé que entrei.

O único lado bom de quando você esta preste a fazer algo que não deveria, é que começa ver os códigos às vezes oculto que as pessoas transmitem. E assim que você abriu a porta, percebi que havia muito mais intenções de sua parte do que apenas me devolver os meus pertences. O perfume que você só usa em ocasiões especiais, a casa incrivelmente limpa e organizada, a combinações de aromas do café que você havia acabado de passar, e do bolo que acabara de assar. Tudo isso só para me impressionar? Esse seu sorriso cheio de dentes, seguido daquele abraço tão quente me fez perder a consciência por longos 40 segundos apenas. Durante esses segundos eu esqueci o porquê estava ali, o porquê esse ali não era mais meu lar, muito menos o porquê havia esquecido tudo aquilo.

É claro que não era necessário eu ir pessoalmente buscar, é claro que você poderia entregar pro porteiro do meu prédio.

É claro que ele sentira minha falta, é claro que eu sabia disso, principalmente onde iria dar, e no que iria dar, ou melhor, no que deu.

O dia clareou, mas não havia clareado o motivo de eu ainda estar ali. Nem era claro o motivo de eu ter sofrido tanto por ele. Ele tem suas qualidades, mas sempre procura uma desculpa pra não escancarar aquilo que sente.

Lembrei-me da conversa com a minha melhor amiga, e mais uma vez concordei com mais umas de suas teorias. A fila não tinha andado porque eu não havia procurado ninguém para entrar nela. Aproveitei que ele não havia despertado peguei o que tinha que pegar para nunca mais voltar.

Fazia quase 15 minutos que estava na fila daquele café da esquina de casa, e quando abro a boca para reclamar da demora, alguém atrás de mim concordou com uma voz grave e sorriso gentil que praticamente me obrigou a sorrir de volta.

5 minutos depois lá estava eu sentada na mesa do café com um numero novo de telefone, uma balada marcada com as amigas para jogar as cinzas do ex, e um cinema com o moço da fila. E finalmente com a fila caminhando.

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