You Don't Even Know Me

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- Diana, eles chegaram - a enfermeira apareceu na porta do quarto de Diana sussurrando.
- Já vou - a menina respondeu ainda encarando seu reflexo no espelho e passando as mãos pelos seus cabelos e vestido - eu... já vou... - ela respondeu novamente mais para si mesma.
- Tudo bem, se precisar de ajuda é só me chamar - a enfermeira disse sorridente.
- Está bem, Fleur, eu já sei me virar - Diana respondeu num sorriso falso enquanto arrumava seu soro e se levantava da cadeira observando a enfermeira deixar o local - vamos lá, Di... não é nenhum monstro de sete cabeças - a menina murmurava para si mesma enquanto dava suspiros longos e pesados.
Diana foi arrastando seu soro até a sala onde se localizavam toda a mídia e os famosos que foram atraídos pelo primeiro livro publicado da garota. Todos a esperavam sorrindo e ela sorria de volta analisando cada um enquanto fazia seu trajeto até a cadeira na frente cheia de microfones e rodeada por câmeras com flashes intensos.
- Bom dia - uma das repórteres cumprimentou Diana.
- Desconsiderando o fato de serem sete horas da manhã, bom dia - Diana respondeu provocando risos das pessoas na sala.
- De fato, é um horror acordar esse horário para ficar respondendo perguntas chatas - uma voz familiar respondeu Diana que sentiu seu corpo sorrir ao ver que Niall Horan, cantor da sua banda favorita havia acabado de respondê-la de forma levemente atrevida.
- Acho que você quem vai começar a perguntar, acertei? - Diana respondeu arqueando a sombrancelha.
- Melhor que Monica faça isso - Niall revidou apontando para a repórter de um canal famoso.
- Obrigada - a mulher respondeu sorrindo de leve - então Diana, o que levou você a escrever essa história tão inspiradora sobre como enfrentar o câncer de cabeça erguida?
- Eu sofria muito com o fato de não ser aceita socialmente ou vista como coitada por enfrentar uma doença que, por mais que nos torne dependentes, não nos torna debilitados ou incapazes de viver mesmo que... você saiba que mais cedo ou mais tarde você pode... você sabe... morrer - Diana respondeu com os olhos cheios d'água.
- A personagem Jane tem alguma relação com você?
- Bem, ela tem leucemia - Diana respondeu sorrindo provocando risos baixos na sala.
- O livro foi uma válvula de escape para os seus problemas com isso? - uma repórter perguntou tomando a frente dos outros.
- O livro foi a expressão dos meus problemas, afinal eles existem e não tem como eu fingir que não - ela respondeu séria.
- Você sente orgulho de saber que as pessoas a cada segundo que se passa se impressionam com o tamanho da sua maturidade em relação a um assunto às vezes tão difícil de lidar? - Niall perguntou atraindo todos os olhares.
- Acho que mais surpresa do que orgulhosa - ela sorriu novamente.
- Você é incrível - Niall respondeu encarando a menina fixamente.
- Obrigada - Diana respondeu sentindo seu chão desaparecer.
O resto da entrevista havia sido bastante empolgante e feito Diana esquecer de todo stress e nervosismo que sentia antes de começar, principalmente por ter a atenção daquele garoto que fazia com que ela perdesse seus sentidos a cada palavra que ele dizia. Todos estavam deixando a sala e Fleur foi ajudar Diana a andar com o soro sem que algo de ruim ocorresse.
- Desculpe tomar a liberdade de ficar esperando você aqui - Niall disse sem jeito enquanto desencostava da parede do lado de fora da sala.
- Imagine, não estou nem um pouco assustada - Diana revidou irônica.
- Queria poder conversar mais com você, você é uma menina inteligente e sabe o que quer.
- Sobre o que quer conversar? - Diana perguntou enquanto parava na frente de Niall.
- Bem, é que... - Niall começou meio sem graça.
- Vou deixá-los a sós, qualquer coisa é só me gritar - Fleur disse piscando o olho para Diana enquanto saía do local.
- Eu tenho um primo que está com leucemia e sabe... eu o quero muito bem, mas nenhum médico nos dá esperanças sobre o futuro dele e isso corta meu coração, pois não tenho nem ideia de como aumentar a auto estima dele e até a minha tem estado baixa esses dias - Niall terminou contendo o choro.
- Ei, não é o fim de tudo, você tem que estar consciente de que vai perder ele, mas você não pode desistir antes de ele partir, tem que aproveitar ao máximo enquanto pode ter ele ao seu lado e não trate ele como se ele fosse morrer amanhã, independentemente do fato de que isso pode acontecer, apesar de tudo ele ainda é um ser humano normal - Diana consolou Niall apoiando sua mão livre no ombro do mesmo.
- Obrigado, Diana, você disse coisas dessas no seu livro e acredite, elas mudaram muito meu ponto de vista sobre pessoas que sofrem com isso.
- Essa sempre fora minha intenção - ela sorriu - não gosto do jeito que as pessoas olham para quem tem câncer.
- É inacreditável, parece até que você não passa por isso.
- Eu aprendi a lidar, foi difícil aceitar - Diana baixou a cabeça - preciso voltar para meu confinamento, obrigada pela visita, Niall.
- Eu estava pensando se poderíamos nos ver de novo qualquer dia, o que acha? - Niall disse quase se engasgando nas palavras e sentiu uma pontada no estômago ao perceber que não tinha mais como voltar atrás em suas palavras.
- Você está me chamando para sair? - Diana respondeu corando sem olhar para Niall.
- É... digo, não como um encontro e tal, mas como um encontro de... não, espere, é um encontro só que sem ser um encontro, bem, é um...
- Está passando Jogos Vorazes, A Esperança Parte Dois no cinema, minha sessão favorita é a das oito, você paga a pipoca e eu os petiscos - Diana interrompeu Niall antes que ele desse outra bola fora.
- Isso foi...
- Intenso? Rápido demais? É só que eu...
- Não precisa se arrepender, vai valer à pena, é só que achei incrível a sua iniciativa de decidir enquanto eu me enrolava - Niall sorriu com os olhos brilhando - você me faz parecer um garoto bobo de quinze anos.
- Você me faz parecer uma mulher madura de meia idade - Diana disse provocando risos.
- Tudo bem, mulher madura de meia idade, às sete e meia eu passo para buscar você para irmos ao cinema.
- Você poderia me passar seu telefone? É que bem... existe toda uma burocracia para pacientes deixarem o hospital, sabe?
- Quer que eu converse com a Fleur para você?
- Não é nem culpa dela, ela sempre quis que eu me divertisse, o problema mesmo é com a direção do hospital.
- Eu falo com eles.
- Niall, não é só porque você tem influência social que você vá conseguir que o Dr. Roger libere você de roubar uma das pacientes mais teimosas dele para ir ao cinema.
- Eu faço uma aposta que consigo.
- Apostado - Diana apertou a mão de Niall num tom intimidador.
- O perdedor deve ao ganhador um refrigerante.
- Isso não é interessante - Diana disse tocando o queixo e pensando em algo pior - o perdedor deve ao outro dois dias de comida grátis na Casa do Chá.
- Você deve estar querendo me extorquir!
- Até parece - Diana deu os ombros.
- Mas tudo bem, está apostado.
- Acho bom cumprir sua palavra, senhor Horan - Diana baixou o tom da voz e cruzou os braços.
- Eu sou um homem de palavra.
- Veremos - Diana estava toda disposta e animada, e então começou a ter vertigens e a se escorar nas paredes e olhou para o soro - es... está acabando, meu - ela respirou profundamente - meu soro - e a última coisa que viu foi Niall segurando-a antes da queda.

- - - -

- Que horas são? - Diana perguntou desesperada quando acordou em seu quarto.
- São seis horas, querida - Fleur respondeu risonha ao ver a menina acordada enquanto preparava um chá leve para a menina se alimentar.
- Onde ele está?
- Logo ali - Fleur fez um gesto com a cabeça apontando para a poltrona onde Niall estava recostado descansando.
- Ele ficou aqui esse tempo todo esperando por mim?
- Só saiu daqui para ir ao banheiro.
- Não entendo porque.
- Olhe nos olhos dele quando puder, acho que estará bem óbvio - Fleur disse sorrindo de lado enquanto carregava a mesa de rodinhas para fora do quarto.
Diana não satisfeita ao ver Niall dormindo, pegou pedaços de papel toalha e fez bolinhas, atirando-as em Niall afim de que ele acordasse.
- Quem é? O que - ele pausou e depois olhou para Diana sorrindo e correu até a mesma - como você está?
- Perfeitamente bem - a menina disse sorrindo.
- Eu fiquei preocupado quando você apagou, não saí daqui um minuto se quer.
- Fleur me contou - Diana baixou os olhos e depois encarou Niall fixamente - você ganhou a aposta, não ganhou?
- Eu cancelei a aposta.
- Você o que?
- Eu cancelei a aposta - Niall repetiu firme - você não está em condições de deixar esse hospital hoje para sair comigo.
- Só porque eu desmaiei? Eu faço isso quase todo dia!
- Mas eu fiquei preocupado, e se você desmaia enquanto estamos assistindo filme? Que diabos eu vou fazer e como vou me explicar? - Diana sentiu uma pontada no estômago.
- Eu dou conta de fazer as coisas - ela disse desanimada.
- Não estou dizendo que você não dá conta de fazer as coisas, mas eu não quero ficar sem reação quando ver você passando mau na minha frente! O inútil entre nós dois sou eu, eu não sei nem escolher minhas roupas direito e espera que eu saiba manejar uma bolsa de soro?
- Eu sei fazer isso sozinha! - Diana gritou.
- Não estou dizendo que você não sabe! Mas desmaiada você não vai saber!
- Então isso quer dizer que não vamos poder sair, certo? Muito obrigada por tudo e não foi necessário perder seu tempo aqui comigo.
- Isso para mim jamais fora perda de tempo - Niall rebateu.
- Você se importa demais com uma garota leucêmica com pouco tempo de vida e que não conhece nem há um dia.
- Você não me dá a oportunidade de conhecê-la.
- Sempre que eu tento tem algo para atrapalhar e esse algo sempre sou eu mesma.
- Isso não é verdade. Você é perfeita para mim.
- Nós não vamos sair hoje e porque não vamos sair hoje? - Diana encarou Niall.
- Eu...
- Não hesite, me responda! Porque não vamos sair hoje, huh?
- Porque você passou mau.
- O problema sou eu.
- Você escreveu aquele livro por escrever, não foi?
- O que? Como você pode dizer isso?
- Observe só o que você está repetindo em voz alta.
- Isso não... isso não tem nada a ver com... isso não - ela desabou a chorar atraindo uma outra enfermeira para o quarto.
- Os níveis cardíacos dela estão inconstantes - a enfermeira disse preocupada.
- Me deixe em paz! - Diana gritou para a mulher.
- Se acalme, querida - a mulher disse colocando uns aparelhos nos braços de Diana - o senhor quer, por favor, fazer a gentileza de se retirar? - a mulher disse se referindo a Niall de forma grosseira.
- Eu volto amanhã, Diana - Niall disse deixando o quarto enquanto olhava assustado para uma figura desesperada de Diana.
- Por favor, fique aqui - a menina implorou chorando.
- Eu não posso, eles não vão querer que eu fique.
- Você não está ajudando - a enfermeira disse mais alto para Niall.
- Cale a sua boca - Diana gritou novamente.
- Não, Diana, não faça isso - Niall disse preocupado enquanto via Diana dispensando a mulher.
- Me deixe terminar meu serviço em paz, suma daqui! - a mulher gritou para Niall que saiu assustado arrancando a maior dor que Diana já havia sentido na vida.
Depois de um tempo Diana encarava o visor do telefone esperando algum sinal de Niall que nem sequer deixava uma mensagem. A menina estava mais calma, porém ainda se culpava pelo desmaio.
- Droga! - a menina murmurava para si mesma - Porque eu? Porque logo hoje! Ele não vai me ligar, não vai nem se lembrar de mim daqui algum tempo.
Diana caiu no sono depois de tanto esperar.

Diana {N.H.}Onde histórias criam vida. Descubra agora