O meu mundo.

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Eu realmente não entendo.
Eu me sacrifico nos estudos,no trabalho e em casa ajudando minha mãe, na nossa casa pobre na zona oeste de um bairro desconhecido, e por mais que merecemos,a recompensa nunca vem,parece que só nos damos mal. Esse governo é injusto, a vida é injusta, o mundo é injusto. E eu estou completamente cansado dela.
Tive que carregar caixas o dia todo hoje. Tudo por uns trocados.
Às seis horas em ponto,eu estava prestes a sair,quando me vieram com mais caixas. Eu pretendia recusar,mas me ofereceram o dobro,então lá vinha eu novamente,com caixas nos braços, com meus dreads balançando de lado,e a calça rasgada.
Minha mãe é viúva, meu pai morreu quando eu tinha 10 anos. Eu e ela vivemos sozinhos. Somos pobres.
E isso significa que o governo simplesmente não da a mínima pra nós. Eu dou duro para ajudar a minha mãe a manter a comida na mesa,e mesmo assim,é uma vida difícil.
A minha sorte é ter ganho bolsa para a faculdade em Design Gráfico, depois que eu conseguisse um emprego de editor de video, tudo iria mudar.
Eu sempre acordo bem cedo e vou pra faculdade que por sorte,é bem próxima a minha casa. Não tenho amigos lá, porque todas as pessoas de lá são um bando de filhinhos de papai hipócritas e sem nada na cabeça a não ser sexo.
Eu não gostava do mundo,não gostava de como ele era injusto, mas não podia mudar ele.
Mais uma aula chata,e mais uma vez eu me perco no meio meus pensamentos loucos.
Eu sempre pensava em como as pessoas eram cegas, tanta informação a volta delas e elas só querem saber das modas. Esse é o controle da mídia sobre as pessoas, controlando o que elas devem e o que elas não devem gostar,ouvir,e fazer. Em meio aquela aula ,eu começo a refletir profundamente sobre isso. É como...se todas as pessoas estivessem deitadas de olhos fechados dentro de um tipo de cúpula, sendo alienadas,sonhando com essa realidade.
Subitamente uma imagem da minha metáfora me vem a mente,e era horrível. Uma fileira interminável de pessoas dentro de cúpulas, dormindo, presas. Me surpreendo com a força da minha imaginação... Mas era como se eu já tivesse visto aquilo.
Tento esquecer aquela visão por um estante, mas não consigo. E foi assim até a hora de eu chegar em casa e me deitar para dormir. Foi estranho. Exatamente quando eu fechei meus olhos,aquela imagem havia sumido.
Mas ela voltou em meus sonhos.
Começou confusa,eu estava deitado dentro de um espaço pequeno e apertado, com algum tipo de tela de vidro impedindo que eu me levantasse. "Uma cúpula",eu pensei. Tento me levantar empurrando o vidro o mais forte que consigo,mas não adianta nada. E o sonho só segue ali. Eu tentando sair da cúpula mas não adiantava,não conseguia de jeito nenhum. No dia seguinte,eu passo o dia todo pensando naquele sonho estranho,e quando eu vou dormir novamente, de novo o mesmo sonho.. Só que dessa vez...ele não terminou,e eu não acordei...quer dizer...eu já havia acordado,tinha acordado ali.
Ele começou do mesmo jeito,eu tentava e tentava sair, até que eu conseguia quebrar o vidro. Foi estranho, eu senti realmente a dor do vidro me cortando,e era tudo muito real. Rapidamente eu me levanto ,e me deparou com aquela cena horrível. Dessa vez eu estava ali. Era milhões e milhões de cápsulas que se perdia de vista no horizonte. Tinham fileiras, com corredores, e foi por esses corredores que eu comecei a correr. Eu corria o mais rápido que eu podia para sair daquele lugar, mas não havia saída alguma a vista. Era escuro, como se fosse uma sala escura gigantesca. Eu ia passando correndo pelos corpos e de vez em quando eu olhava dentro das cúpulas, e via pessoas dormindo,completamente imóveis.
Paro por um instante para raciocinar. Olhando em volta.
"Onde diabos eu estou? Eu preciso acordar deste sonho!"
Rapidamente me deito ali,no meio do corredor,e e fecho meus olhos com força, tentando acordar na minha cama,na minha humilde casa da zona oeste. Mais eu ainda estava ali. Nao importa o que eu fizesse,eu não conseguia acordar. Era tudo real. Eu sentia as dores,eu sentia o frio do local,era diferente de qualquer outro sonho. Será que eu havia enlouquecido ?

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