O "Sonho"!

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Abri os olhos e me deparei numa floresta, ela era escura e eu só conseguia ver as sombras dos galhos se movendo por causa da força dos ventos! Achei que era um sonho, mas parecia tão real. Vi uma luz bem distante de onde eu estava, não resisti, fui atrás dela.
Comecei a correr por entre as árvores, até chegar em um lugar onde não se via mais árvores. Só um gramado muito extenso. Não vi a cor por causa da noite, mas bem lá na frente, vi um galpão aberto bem grande, era de onde vinha a luz. Corri para ver o que havia lá dentro. Chegando próximo ao portão que estava escancarado, vi Ian bisbilhotando alguma coisa lá dentro. Achei estranho ele estar ali, mas tinha outras coisas com que me preocupar, como qual era o motivo daquela luz tão forte... eu o chamei bem baixinho, ele não olhou para trás e simplesmente disse:

- Venha ver o que está acontecendo! - me aproximei para ver o que havia lá e avistei uma espécie de robô gigante em pé parado e virado em direção à entrada. Arregalei os olhos e abaixei com medo que ele me avistasse... ele era assustador, feito de todos os tipos de ferro que eu podia imaginar, ele devia ter o tamanho de um predio de seis andares. A única parte do corpo que não era de ferro era os olhos enormes daquela coisa, que eram de um tipo de vidro transparente que davam medo.
Suas mãos estavam fechadas, suas pernas estavam meio abertas, ele parecia inofensivo, pois estava desativado, pelo menos era o que parecia... o robô era tão bem feito, tinha um acabamento perfeito, e possuia forma daqueles guerreiros da época antiga. Há alguns metros acima da cabeça dele, havia uma jaula de grades nas laterais formando um quadrado de, aproximadamente um metro e meio de cada largura. Tinha uma criança lá dentro, estava tudo escuro, mas o garoto estava todo de branco, não sei se era um garoto, mas parecia um. Mas a luz que vi lá fora vinha de traz do gigante passando por entre suas pernas meio abertas me chamou atenção. Pelo barulho que vinha da luz, percebi que era luz de choques elétricos, era muito luminosa, mas eu sabia que tinha alguma coisa por trás dela.
- Eu vou até lá! -disse eu a Ian.
- Não, é perigoso, vão pegar você! -respondeu ele.
- Não vou demorar! - disse eu enquanto me deslocava em direção a luz... estava com um pouco de medo, não muito, mas estava... quanto mais me aproximava da luz, mais eu conseguia ver por trás dela. Comecei a ver uma sombra preta por traz de tanta luz, me aproximei mais para ver melhor, mas era muito forte, meus olhos estavam lacrimejando. Quando cheguei de frente para o gigante, percebi que a sombra era de uma criança... meu coração disparou naquela hora... tinha quase certeza de que era Brendew, minha respiração foi ficando pesada... meus olhos arregalados e a vontade de correr até lá era enorme. Quando dei mais dois passos, não aguentei mais olhar, tampei meus olhos com a mão direita, mas o que eu vi já era o suficiente. Vi um garoto à uns dois metros do chão, preso à uma corrente de ferro em cada punho e em cada perna(acima dos pés). A eletricidade saía do garoto, passava pelas correntes até uma caixa de ferro retangular do tamanho do gigante, só que estava deitada... eu não aguentei e acabei gritando:
- Brendew!!! - Ian me gritou na mesma hora:
- Nathan, não grite!!! - mas já era tarde, vi uma luz vermelha iluminando de cima onde eu estava... eu assustei e olhei para cima... a luz vinha dos olhos do gigante, meu coração disparou, fiquei paralisado, eu senti medo e a única coisa que ouvi foi Ian gritando do portão de entrada:
- Nathan corre!!? -Não esperei ele dizer duas vezes, saí correndo em direção à entrada, mas o gigante levantou o pé direito e num piscar de olhos já estava em cima de mim. A adrenalina corria no meu sangue... o gigante desceu o pé em minha direção, escapei por pouco, num salto radical que me fez cair virando cambalhota, mas me desequilibrei e fiquei caído de costas para o chão... olhei para cima pensando em me levantar e correr, mas já era tarde demais... o pé do gigante já estava vindo em minha direção... Não sabia o que fazer, tentei atravessar o chão, mas não conseguia, era como se algo me bloqueasse de atravessar paredes... Não tinha mais escapatória... Já era... nunca mais veria Brendew de novo... fechei os olhos e gritei... quando senti algo começando a pesar no meu corpo, eu já saltei da cama num grito só dizendo: "não, não!".
Sentia meu coração querer sair pela boca, mas respirei fundo e olhei para o lado. Vi Ryan e Josh ainda dormindo, olhei para o outro lado e vi Ian sentado olhando para mim, com aquele olhar igual de sua mãe.
- O que aconteceu comigo?! -perguntei ele em voz alta.
- Fale baixo, eles vão acordar. Não sei como não acordaram com o seu grito. - olhei para eles, vi que ainda estavam dormindo, então me virei para Ian de novo e perguntei mais uma vez, desta vez baixinho:
- O que houve comigo?

- Como sabe que não foi um sonho?

- Eu sei pelo fato de você não ter tido nenhuma reação quando acordei assustado. Como consegue fazer isso?

- Eu disse que meu poder é um mistério, nem eu consigo decifrá-lo.

- Você viaja em dimensões invisíveis?

- Não só viajo, como posso te fazer viajar comigo.

- Então foi tudo real! Bom... quase real! Pois não morri! O garoto preso atrás do robô é o Brendew não é?

- Não sei, eu também não consigo chegar perto do menino, é como se alguém percebe que estou ali e não me deixa passar...

- Então foi por isso que não consegui atravessar o chão! Deve haver algum mutante com poder de captar dimensões invisíveis né?-perguntei.

- Sim , também penso o mesmo!-ele respondeu.- fiquei com dúvida se o garoto preso atrás do robô é realmente Brendew, porque também tem o garoto da jaula. - tinha me esquecido do garoto que estava na jaula.

- É verdade, agora estou em dúvida também, mas sei que um deles é o Brendew. -eu disse a ele.
- Seu poder é legal Ian, você pode saber onde muitas pessoas estão.

- É, mas eu não tenho controle. Se eu levar uma pessoa comigo e ela for ferida, quando voltarmos, estará ferida de verdade...- disse ele. Descobri naquela hora que os poderes dele além de interessante, é perigoso.

- Uau! Interessante! -disse eu com uma expressão de espanto.- acho melhor dormirmos agora, para podermos partir de manhã, está bem? Você só tem treze anos e precisa dormir!

- Está bem! -ele respondeu e deitou na cama, acabei fazendo o mesmo, mas uma coisa não me deixava dormir, meu irmão ou estava preso, sendo sugado, ou estava em uma jaula escura e com frio... outra pergunta me incomodava... "quem é o outro garoto". Olhei para o relógio e vi que era quatro horas da manhã. Com tantas coisas para pensar, minha mente me fez apagar naquela hora... nem vi quando dormir de vez.

HERÓIS: O RESGATEOnde histórias criam vida. Descubra agora