Capítulo 1

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Nova Orleães - Luisiana 1780
* Rodrigo *

- Vampiros?! - Começo a rir descontroladamente, meu pai só pode estar brincando ou sua sanidade já não está tão boa quanto pensava.

- Isso mesmo Rodrigo! E antes que pense ou fale, não estou enlouquecendo.

- Impossível! - Me viro e começo a caminhar por entre as árvores, sem me afastar muito de onde eles estão, preciso ficar um pouco sozinho e colocar meus pensamentos no lugar.

- Drigo? - Escuto Juliana me chamando, faço de conta que não escutei e continuo caminhando por entre as árvores. - Drigo!?

- Droga Juliana! Me deixa sozinho um pouco, eu ja vou voltar. - Grito de volta e continuo caminhando, até ouvir pequenos passinhos vindo atrás de mim. - Juliana não te falei que já ia voltar!

- Drigo, acho que o papai não está bem! - Ela da mais alguns passinhos atrapalhados em minha direção. Com apenas 6 anos, ela é tão esperta e ninguém consegue esconder nada dela, isso as vezes é muito irritante.

- O que ele tem? - Me viro e pego ela no colo e começo a andar mais rápido, para ir até onde meus pais estão.

- Não sei, ele dormiu e está tremendo muito. - Ela fala e aperta os braços no em meu pescoço.

- O que tem demais nisso? Ele apenas dormiu! - Tento soltar um pouco o braço dela, mas isso só fez com que ela apertasse mais ainda.

- A mamãe começou a chorar, e a chamar ele só que ele não estava respondendo. Quando ela me soltou eu sai correndo atrás de você.

Assim que ela terminou de falar chegamos perto da pedra onde estávamos antes da minha "caminhada". Meu pai estava deitado no chão, tremendo muito e totalmente pálido. Minha mãe estava quase da cor do meu pai e chorava ao ver ele se debater no chão.

- Acho que ele está com dor! Rodrigo o que vamos fazer? Já está anoitecendo em poucos minutos não vamos enxergar mais nada! O que vamos fazer! - Ela soltou a cabeça do meu pai e correu na minha direção e me abraçou com força, não sei o porque mais senti um aperto no coração e tudo ao meu redor dizia que tinha alguma coisa errada.

- Vai ficar tudo bem mãe! - Abracei ela com mais força e trouxe Juliana para perto de nós, que estava parada ao meu lado vendo tudo.

Depois de algum tempo meu pai parou de tremer e ficou totalmente imóvel, poderia jurar que estava morto se não fosse pela respiração fraca e pelo leve gemido que ele emitia hora ou outra.
Com muito custo, consegui fazer a Juliana dormir, por mais que ela dissesse que não estava com medo era impossível acreditar, como uma criança ao ver tudo o que ela viu e ouviu noite passada ver nosso pai desse jeito, é totalmente aceitável ela estar aterrorizada, confesso que eu estou!

- Ro... - Assusto ao ouvir meu pai tentando me chamar, estou sentando ao seu lado e nem reparei que ele havia acordado. - Roo...

- Oi pai! Estou aqui... - Aproximo o meu rosto da sua boca e seguro sua mão.

- Vocês... - Ele puxa o ar com força e continua - ...tem que....

- Pai não se esforce! O dia já vai clarear e eu vou procurar ajuda pro senhor, aguente mais um pouco só por favor. - Dou um beijo em sua mão e ele aperta ela e continua a falar.

- Fugir... de mim... proteja elas! - Ele aperta minha mão com mais força eu ergo a cabeça e vejo que seus olhos estão com um brilho estranho, seria a morte?

- Sim pai, eu sempre vou proteger elas! Mas o senhor ainda vai me ajudar a fazer isso por um bom tempo. - Dou um sorriso e um beijo em sua testa, tenho a impressão dele estar mais gelado que o normal, mas deve ser por causa do frio da noite...

- Rodrigo, podemos conversar um minuto? - Minha mãe sussurra em meu ouvido. Apenas confirmo com a cabeça e a sigo. - Você não acredita?

- Desculpa mãe, não entendi a pergunta. - Não acredita em que? O que será aconteceu na noite passada que deixou todos estranhos assim...

- Em vampiros... - Ela segurar a minha mão e abaixa a cabeça.

- Claro que não! Por que iria acreditar em uma lenda? - É, estão todos estranhos.

- Não é uma lenda. Quer dizer não é mais.

- O que a senhora está tentando me dizer com isso?

- Lembra semana passada que nosso vizinho o Sr. Rubens foi mordido por um animal enquanto caçava? - Ela pergunta um tanto sem jeito, como se ao fazer aquela pergunta algo de ruim fosse acontecer a qualquer momento.

- Sim! - Não entendo onde ela quer chegar com isso, afinal lendas são lendas não são?!

- Parece que não foi um animal... - Minha mãe tentava achar as palavras certas para descrever aquele momento e não conseguia encontrá-las. - ...o Sr. Rubens não viu o que o atacou, assim que ele voltou para casa passou algumas horas os sintomas apareceram ele teve tremores, ficou imóvel, pálido e acabou falecendo quando a Sr. Ana se aproximou, ele à atacou. O Guilherme sem saber o que fazer deixou os dois acorrentados dentro de casa e ontem eles se soltaram não se sabe como, ninguém consegue encontrar o Guilherme... Temo que o mesmo que aconteceu com o Sr. Rubens esteja acontecendo com seu pai.

- Me admira a senhora acreditar nesses boatos mãe! - Viro de costas para ela, me recuso a acreditar que ela está dando ouvidos para aquelas senhoras desocupadas de nossa vila.

- Rodrigo, por favor me escute! Posso estar enganada mas acho melhor nos prevernirmos ... mesmo que seja um boato, não sabemos como agir.

- Tudo bem! Vamos conseguir sair dessa bem, sempre conseguimos. - Dou um sorriso e a abraço, sei que ela não acredita em minhas palavras mas é o que ela precisa ouvir e o que eu preciso acreditar.

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