Eu não sei dizer se ir para um mundo diferente é bom ou ruim, pois um lado meu quer sair deste lugar onde estou aprisionada por estas muralhas, porem meu outro lado tem medo que se repita o que ocorreu anos atrás
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Pela primeira vez em minha vida eu tive que me livrar das minhas roupas pretas, porque aqui todos são obrigados a ser iguais com o objetivo de ninguém ser melhor que ninguém, ou seja, sem competição de bens materiais, mas pelo que me falaram os humanos adoram fazer isso.
Agora lá estava eu me sentindo estranha naquelas roupas coloridas
Olho para o espelho e vejo uma garota com cabelos castanhos claros, como o ouro e ao mesmo tempo o fogo, que desciam até sua cintura que tinha o formato de um violão, seus olhos verdes eram deprimentes, entretanto, seu rosto era pequeno e meigo com traços suaves e uma maçã de rosto alta, seus lábios eram vermelhos e muito cheios. A garota no espelho usava um vestido que iam a um palmo acima de seus joelhos e tinha um laço que era preso em volta de sua cintura a marcando mais, a parte de cima do vestido era toda de paetê vermelho e tinha alças caídas abaixo de seus ombros, a parte de baixo era preta e completamente esvoaçante, ela usava um sapato de salto fechado preto
Olhando para ela tenho uma vontade imensa de sair correndo e arrancar aquelas roupas e as queimar junto com os malditos fragmentos de lembranças que tenho daquele garoto... Daquela noite... Daqueles sonhos... Daquele desejo de sangue
Deixo-me cair no chão, encolhendo-me toda com os olhos completamente fechados para que as lagrimas não escapassem mais uma vez...Para que as lembranças não me assombrassem mais um dia
--Porque eu deixei isso acontecer? Porque eu deixei que eles tomassem essa decisão por mim?
Uma batida na porta soa e junto com ela a minha esperança de ter sido esquecida se vai
--Está pronta princesa? —Pergunta Isabel, seria como sempre
Respiro fundo e levanto-me devagar, ajeito o meu vestido e dou uma última olhada no espelho onde estava a garota, mas antes de ir embora me aproximo dele e levanto minha mão colocando-a no espelho vendo a menina fazer o mesmo do outro lado e digo:
--Boa sorte
Então me viro e vou até a cama pegar minha bolsa de mão para sair dali e provavelmente ser morta por ser quem eu sou ou por causar, junto com meus companheiros, um enorme banho de sangue
--Está nervosa? —Pergunto para Isabel assim que saiu do meu quarto e me suprindo com seu visual
Ela usava um vestido florido soltinho que iam até seus joelhos e era preso em sua cintura por um cinto dourado e usava uma rasteirinha muito bonita
Para quem a conhecia a muito tempo sabia que era uma enorme surpresa ver ela com seus charmosos cabelos loiros livres daquele horroroso rabo de cavalo
--Acho que vou deixar o nervosismo para você
Ela sai andando friamente deixando-me para trás
--Acho que ela está tão nervosa quanto qualquer um de nós esta—Diz Cassie se colocando ao meu lado
--Pode ser--Dou de ombros
Abro a porta da entrada, depois de passar por alguns corredores, e saiu para a noite fria solitária que me abraça como um velho amigo se despedindo
--Meu amor! —Minha mae me abraça tão forte que consigo sentir seu medo e angustia—Saiba que eu te amo muito, mas muito mesmo—Ela se afasta de mim colocando meu rosto entre suas mãos para olhar bem no fundo dos meus olhos