Capítulo 1

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Era numa tarde de março, o jardim estava lindo. Eu amo a primavera, mas prefiro o inverno, nas duas estações, Jacksonville fica linda.
Eu observava a casa de árvore que eu e o papai construímos quando eu era criança. Ela ainda estava ali: firme, com um marrom desbotado e a escadinha de corda pendurada para o lado de fora. Sempre subo lá para observar as estrelas quando estou sozinha, a vista de lá é bem mais bonita do que a do meu quarto, que ao contrário dela, só se vê um horizonte de arranha céus coloridos.
Minha mãe preparava a mesa para uma visita. Uma amiga dela de colégio voltaria a cidade natal depois do divórcio e minha mãe hospedará ela enquanto procura uma casa para morar. Acho que vai ser legal ter uma mulher a mais aqui em casa. Depois da separação dos meus pais, aqui tem andado bem vazio, mas de vez em quando, nossa família se reúne em dias de domingo para fazer churrasco e almoçar.
-Filha,dá pra voltar um minutinho pra Terra e ajudar a mamãe com os pratos?
-Já vou !-Era a minha mãe, ela ama se atrever nos meus pensamentos, as vezes quando estou muito focada em alguma coisa, ela olha nos meus olhos e logo advinha no que penso. Como ela consegue fazer isso?
Me levanto do chão, pego um dos pratos em cima de uma pilha e coloco em sobre um jogo americano de rosas que está em cima da mesa. Ela é grande e tem 18 lugares, 9 de um lado e 9 do outro.
-Mãe,vou me arrumar.
-Tá,vai lá!-subo as escadas e vou em direção ao meu quarto. Já havia tomado banho,então apenas me vesti e prendi o cabelo num rabo de cavalo. Eu estava com um vestido branco com alças finas e delicadas. Coloquei uma sandália e um colar com um pingente de uma pequena chave. Vou ao banheiro e checo o meu rosto mais uma vez no espelho. Não passei maquiagem, aliás, nem gosto muito, assim meus olhos verdes ficam mais chamativos. Alguém bate na porta e abre no mesmo instante, é a minha mãe novamente.
-Vamos!eles já estão aí.
-Eles?Não era só uma mulher?
-Sim,é uma mulher e o filho dela né Michelle, não tinha como ela se mudar e deixar ele sozinho em Miami né.
-Mãe,a senhora não me falou nada sobre"menino" ,aliás, não me avisou nem que viria mais gente pra cá.
-Uma pessoa! Não faz drama tá, ele me pareceu ser bem legal, tenho certeza que vão se dar bem.
-Tomara que não -sussurro pra mim mesma.
Desso as escadas atrás da minha mãe. Ao olhar para o jardim, vejo minha avó ao lado de meu pai sorrindo ao me ver.Há alguns vizinhos e uma mulher aparentemente jovem, mais ou menos com 36 anos ,ainda desconhecida para mim. Atrás dela ,um menino de olhos castanhos, alto que estava vidrado em algum jogo de seu iPhone. Cumprimento a moça com um abraço e ela retribui:
-Oi,bem-vinda!-falei sorrindo.
-Brigada flor, você é muito linda sabia?
-Linda?Ah,brigada eu.-rimos.
-Oi-Tentei ser simpática pro garoto com um sorriso falso.
-Oi-respondeu sem tirar os olhos do celular. Ele tem certeza que é um ser vivo? Por que sinceramente, não me pareceu nada real. Pra mim foi tipo uma patada. Já é difícil ser simpática, aí vem esse garoto e não ajuda. Antes que eu pudesse responder a mãe dele diz entre os dentes:
-Nathan,responde ela direito filho. -ele finalmente me olha e diz:
-Oi-e volta a digitar.Não consegui me segurar.
-O garoto, não sei se você percebeu mas você está na minha casa! Se você quiser ficar o dia inteiro babando em cima desse celular, pois fique, mas nunca fale sem olhar na minha cara, por que se tem uma coisa que me irrita é isso! -falei séria olhando pra ele.
-Michelle!-alerta a minha mãe que fala comigo de lá da cozinha.-não é assim que se trata visitas!
-Não,tudo bem! -diz a mãe dele -o Nathan é muito mal educado mesmo, não sei a quem puxou...
-Rose,me desculpe tá, é que ela odeia quando não aviso alguma coisa pra ela...
-Sabe mas mesmo assim não me contou né? -interrompo mas ela logo continua fingindo não ter me escutado.
-...e acaba descontando em cima de quem não merece.Sabe, por que a senhorita não leva o Nathan pro quarto dele?-pergunta se virando pra mim.
-Eu?!
-Não, sou eu! -ironiza.Odeio quando minha mãe faz isso.
-Me acompanhe por favor -digo pro tal garoto viciado.Ele não diz nada, apenas pega duas malas de rodinhas e com uma cara de tédio vem atrás de mim. Subimos as escadas e paramos de frente ao me quarto, onde fica um outro quarto, o de hospedes. Abro aquela porta e faço um gesto para que ele entre.
-Deixa só eu te avisar uma coisa: eu ainda não esqueci daquela idiotice que você fez.
-Está falando do oi?
-Decidiu falar? Aquilo não foi um oi,e como eu já te disse, eu odeio isso!
-Ok,da próxima vez eu paro tudo o que estou fazendo pra te falar oi.
-Meu Deus, é muita idiotisse pra uma pessoa só. Estou saindo!-Fecho a porta mas quando estou descendo novamente as escadas me lembro de avisar uma coisa pra ele .Volto correndo, abro a porta e me deparo com Nathan sem camisa. Até que ele não é fraco, até parece que malha, mas não excessivamente.
-A...aman...que,quer dizer, amanhã tem aula , só... Queria te avisar isso! -putz, gaguejei.
-Que foi -se avaliou -até parece que viu um fantasma!
-Quase isso, tchal eu vou lá pra baixo almoçar.-desso correndo até o jardim.
Pego um prato e começo a me servir com um pedaço de lasanha tentando esquecer o que acabo de ver.
-Oi filha, não vai falar comigo -diz meu pai com uma cara falsa de tristeza.
-Pai!-dou risada. Termino de por arroz no prato e o coloco na mesa de volta, ao lado do meu pai.Dou um beijo em sua bochecha e começamos a conversar sobre Washington, onde mora atualmente. O almoço foi uma maravilha ,comemos, bebemos (sucos) e rimos até as 06:00 PM(18:00 no horário norte-americano).
Coloco meu baby doll e logo vou dormir, preciso descansar bem pra ter que aturar o Nathan no meu carro ao ir pra escola.

***
E aí, estão gostando? Me ajudem por favor gente, preciso dos comentários de vocês para que essa história continue, seja ela boa ou ruim, aceito criticas também.

Scribbles in USAOnde histórias criam vida. Descubra agora