Prólogo

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Estava só

Novamente só

Caminhava numa rua vazia e escura. Ao longe via a casa que um dia chamei de lar; o único lugar que esperava ser acolhida, independente do que acontecesse.

Pura ilusão

A única coisa que ouvia era o som de meus passos, dados por pés descalços em meio ao frio do asfalto noturno. Minhas roupas já não possuíam a antiga graça. No momento estavam sujas e rasgadas. A única coisa que restou de tudo foram as lembranças de um amor destruído pela cobiça e inveja, e o filho que carregava no ventre. Filho que o pai negou. Neto que minha família excluiu. Não posso simplesmente fazer o que meu pai pede; jamais tiraria meu filho.

O cansaço está me vencendo.

Sentei em uma calçada buscando recompor-me. Não haviam mais joias ou dinheiro, sequer para onde ir. Naquele momento, restava-me apenas dor... a dor do abandono, da descrença.

Ao fechar meus olhos por um instante, ainda posso ver os olhos decepcionados de Aeron; e no momento, não saberia dizer se poderia chamá-lo de amado, muito menos de meu. Seus olhos tristes e furiosos julgaram-me e conderam-me sem chances de argumentos, afinal ele viu.... ele me viu... com seu irmão. Ainda me pergunto como aquilo aconteceu, pois só o que lembrava era de esperar Aeron chegar e acordar com seus olhos de fúria e a dor....

A dor do abandono

A dor do desespero

A dor do desprezo

A dor física

Estava cada vez mais difícil ficar acordada. Algo me deixou sonolenta apesar de ter dormido o dia inteiro. Meus olhos estavam absurdamente pesados, e senti mãos me carregando para dentro de um carro

Escuridão

Medo

Solidão

Além dos SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora