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Pendurada em picos de pés, percorria vagarosamente com os meus dedos finos e pálidos a extensa prateleira de madeira repleta de variados livros. Entre caminhos e atalhos improvisados em plena conversa fiada enquanto caminhávamos nas ruas cobertas com os primeiros flocos de neve e as primeiras aventuras gélidas, fomos literalmente forçados a abandonar o solo de pedra e, encarar o letreiro da biblioteca municipal. As enormes estantes paralelas expunham as maravilhas; histórias nunca antes partilhadas, enciclopédias para os mais curiosos e o silêncio reconfortante. Não fora necessário mais de cinco minutos para Michael rodear o seu corpo, claramente surpreso e encantando com o espaço e, ocupar uma das várias mesas decoradas com pequenos vasos de flores simbólicas.

Aborrecida com o facto da minha estatura mediana não permitir a visão para as últimas prateleiras, apoio a cabeça num dos livros mirando Michael pelo canto do olho. Este que, somente apoiado com o queixo na palma da mão, apreciava silenciosamente o vasto vidro límpido que permitia a vista para a rua estreita onde poucas eram as pessoas que arriscavam enfrentar as baixas temperaturas. A sua expressão neutra fazia-me pensar e repensar no que o rapaz de cabelos vermelhos tanto ponderava, ou que encobria pela sua escrita e palavras nítidas. Desejava conseguir observar os seus olhos sem cor definida e, entender os desafios únicos que passavam na sua mente. Um simples e claro olhar que iria permitir com que a próxima demonstração de carinho transmitisse um pouco mais de amor, tolerância e afeição.

Sendo seguida pelos passos da senhora que organizava alegremente os livros pela sua devida secção, opto por escolher um livro sobre perspicácias da vida; nua e crua. Rodo os calcanhares, retornando o curto percurso até à mesa ocupada pelo rapaz sossegado. Devido ao ranger provocado pela velha cadeira, Michael ergue a sua cabeça esboçando um breve comentário com a minha reação repentina.

– Razões para te abandonar, razões para ficar... – o jovem lê num sussurro as palavras descritas na primeira página do livro, levando-me a analisar o mesmo.

– Parece que não és o único poeta da zona, Clifford. – comento, folheando o pequeno livro.

Recendo um sucinto sorriso como resposta, volto a averiguar o objeto retangular. Ambos com expressões pacíficas, examinávamos as nossas próprias questões. Michael aproveitara a ocasião para retornar às suas páginas em branco no pequeno bloco de notas que carregava na sua mochila de tonalidade azul escura. Ansiava ler e reler o que ocupava o tempo nas mais variadas horas dos seus dias monótonos. As pessoas realizam o que pretendem, sem conseguir controlar as suas emoções. Deparo com a nota afixada numa das paredes beges, fazendo com que, deixasse o peso da minha cabeça pousar sob o caderno rabiscado de Michael.

– Deixa-me ser a tua arte. – murmuro, analisando as suas feições serenas enquanto o jovem se ocupava em a acariciar a minha bochecha sardenta.

– Arte de escrita, suponho. – ele ri, ameaçando com o seu marcador tentando figurar alguma frase feita ou desenhos indesejados na minha pele sensível. – Seria caso de mais um dos meus poemas sobre refeições calóricas...

Elevo os braços de modo a despentear os seus cabelos perdidos entre tons indistinguíveis, sendo de imediato interrompida com o pedido de silêncio da bibliotecária ao escutar a gargalhada alta caraterística de Michael. Recomponho as roupas quentes que envergava, retornando a folhear o curto livro ainda embaraçada com o ambiente constrangedor formado, pela intervenção da coordenadora do lote comunitário. Entre lábios forçados a permanecer em linha reta, o jovem rapaz, sem hesitações ou preocupações sobre a possível segunda repreensão, encosta a cabeça no meu ouvido pronunciando palavras em sussurros.

– Não tenho razões para te abandonar porém, também não tenho razões para permanecer. – Michael profere, seguro do seu discurso repentino. – Mas tenho razões para te levar comigo.

– Para onde embarcamos? – ergo uma sobrancelha, desconfiada da simplicidade do seu tom.

– À procura de respostas.

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beMMmmmmMmMm

peço desculpas pela demora masssss com a primeira ronda de testes finalizada tenho mais tempo e menos pressão em escrever

NOVIDADE; sou capaz de fazer mais de quinze capítulos para prolongar a história que tem muita palha e muito sentimento (aviso marcação rápida 911)

NÃO REVI - estou prestes a sair e escrevi metade do capítulo muito à "portuga" ou seja a despachar, quando voltar irei reler e mudar alguns aspetos 

cá vamos nós miguxos 

1/8 por revelar

adiós

ps; estou com pouco enferrujada k

léo



Bike · mgcOnde histórias criam vida. Descubra agora