Capítulo 1

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Eu acordei cedo hoje. É Domingo e estou ansiosa para sábado ― Meu aniversário. Abro a janela e deixo o ar quente entrar, pois gosto de sentir o vento pela manhã. Não tenho muito a fazer, não preciso mais ir as aulas ― Pelo menos não por enquanto-, terminei o Ensino Médio há dois meses e ainda não me acostumei a não acordar cedo. Mas, para ser sincera eu acordaria cedo do mesmo jeito. Gosto de correr e sempre corro pela manhã, agora que não tenho mais a escola, sempre corro meia-hora á mais.

Ligo o rádio. E não me preocupo em qual estação está, sempre deixo na mesma. No momento minha atenção no momento está voltada para minha mesinha de cabeceira. Vasculho, vasculho e vasculho. Não está aqui. Abro a segunda gaveta e novamente vasculho cada canto. Aonde foi parar? Me viro na cama e minha atenção é concentrada na segunda mesinha de cabeceira. Até que acho debaixo de um livro de astronomia e perto do meu novo diário.

Uma das únicas fotos que eu tenho com meu pai biólogico. Estou no colo dele nessa foto e ele está arrumando meu cabelo. Segundo minha mãe ele era um pai bem atencioso comigo - e atrapalhado-. E que eu não devo ter raiva por ele ter ido embora. Ela não gosta muito de falar do meu pai. Disse que traz muitas memorias que ela prefere não trazer à toma.

Por toda minha vida eu me perguntei o porque de meu pai  ter nos deixado... ter me deixado. Se a vida dele com minha mãe não estava bem, precisava me deixar também? E porque ele nunca voltou? Será que nunca me amou? É o que me pergunto.

Não lembro muito sobre o dia que meu pai foi embora. Eu era muito nova e tudo daquela idade é muito vago. Lembre de voltar da escola com Tia Rebecca, que era a responsável por me buscar na escolinha naquele época, e encontrar minha mãe chorando no quarto dela. Eu perguntei onde meu pai estava e minha mãe disse que estava no trabalho. Eu nem desconfiei de nada. Vi o armário vazio e pensei que era faxina. 

 A partir daquele dia minha mãe trocou de emprego e vendeu nossa casa. Passamos a morar com minha tia Rebecca e o marido dela, que nos acolheu muito bem em sua casa. Mas eles se divorciaram um ano depois.

Nossa rotina mudou drasticamente e a cada dia eu perguntava mais sobre meu pai. Os anos passaram e meu pai não apareceu. Eu questionava minha mãe sobre a viagem dele e o porque dele não ligar como a vovó Constância - minha avó materna - fazia. Ela dizia que onde ele estava não podia usar telefone. Chorei por meses, por anos, sentindo saudades do meu pai. E, por mais que minha mãe e minha tia tentassem, nunca conseguiu preencher o buraco que meu pai fez em mim.

Com o tempo Walter um amigo da família começou a frequentar mais a nossa casa a pedido de minha mãe. Eu era bem apegada a ele e com a falta de meu pai me tornei ainda mais aproxima a ele. Todo final de semana Walter almoçava em nossa casa. E, Quando completei seis anos presenciei Walter beijar minha mãe. Corri para meu quarto e chorei tanto, mais do que quando meu pai havia ido embora. Eu pensava que eles estavam traindo meu pai. Minha mãe veio até meu quarto me explicar o que estava acontecendo. Disse que ela e meu pai não estavam mais juntos a muito tempo. O que só piorou a situação.

Eu comecei a aceitar mais aquela situação e a aceitar que meu pai não voltaria. E, um ano depois, Walter pediu a mim permissão para se casar com minha mãe. Isso me assustou de inicio e levei um mês para lhe dar a resposta. Até que não seria tão ruim -eu pensava-, meu pai tinha ido embora e agora eu teria um novo pai. Eles se casaram um ano depois e nos mudamos novamente. Uma boa casa e bem grande - que por sinal era ao lado da casa da casa de Mary Janne, que se tornou minha melhor amiga.

Minha tia se casou com Leonardo quando completei treze anos e ele era melhor que o primeiro marido dela. Não foi difícil me acostumar com Leonardo e Walter. 

 Agora eu tinha um novo pai e um novo tio.

Não acho minha vida ruim, pelo contrario, sou agradecida pela vida que tenho e pela minha família. Porém não consigo deixar de me perguntar aonde meu pai está.

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⏰ Last updated: May 13, 2016 ⏰

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