Capítulo 2 - A Disputa Pela Coroa

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Os 3 caminhavam pelas ruas da cidade em um silencio incômodo. Já era tarde da noite e a escuridão era deserta enquanto Luiza os guiava pelas ruas. Giovani ainda tinha muitas perguntas para fazer. Sua curiosidade não havia sido saciada e ele estava disposto a quebrar aquele silencio com suas perguntas.
Olhou para Luiza a frente. Até que ela era bonita, ele notava agora que olhava com atenção. Na verdade, era muito bonita e esperta.
Ao seu lado, por sua vez, Zaqifel parecia não pertencer àquele grupo. Giovani ficou tentando imaginar como ele seria se fosse humano. Provavelmente seria popular entre as mulheres. Mas era um anjo da guarda e mulher alguma podia ve-lo, exceto Luiza.
Quando acordara de manhã, Giovani nunca imaginaria que pela noite estaria acompanhado de dois seres tão singulares. Queria muito saber mais sobre eles, a começar por Zaqifel. Vinha passando por uma maré de azar. Porque Zaqifel não protegeu-o?

- Sabe, tenho passado por uma maré de azar muito grande. - Disse olhando para Zaqifel. - Porque não me protegeu?

- Você está vivo e saudavel, meu trabalho está bem feito. - Disse o anjo, fazendo Luiza rir. Giovani não conseguiu sentir raiva, afinal, ela estava rindo pela primeira vez. Será que estava apaixonado por aquela Nefilim? Antes que seus pensamentos o traíssem, ele perguntou a ela.

- Lá em casa... você disse que os Nefilins são corrompidos pelos humanos... Como assim?

- Há uma energia que circunda os humanos e ela corrompe um anjo. Há ainda aqueles que conseguem se manter livres dela, mas a maioria se corrompe.

- Mas... Mas isso não faz sentido... - Ele olhou para Zaqifel. - Você consegue resistir?

- Por causa da proteção divina - Respondeu Luiza, antes que o anjo dissesse qualquer coisa. E o silencio tomou conta do ambiente novamente, mas apenas por poucos instantes antes de Luiza murmurar. - Eu só não sei porque ele não me matou... Pra que me deixar ser corrompida? Afinal eu já cumpri meu tempo de humana...

- Como é?! - Perguntou Giovani. - Espera... Da pra matar um anjo?! Espera...! Você já foi humana?!

- Só um anjo pode matar um anjo. - Quem respondeu foi Zaqifel. - E sim. Luiza foi humana, mas isso é uma longa história.

- Vivi 90 anos se quer saber - Disse ela com um sorriso no rosto. - Mais 10 como anjo... Digamos que tenho 100 anos.

Giovani ficou boqueaberto com tudo aquilo. Como era possivel uma humana se tornar um anjo? Teria que descobrir como fazer aquilo. Estava pronto para perguntar quando...

- Desista. Ela teve a sorte de conhecer a pessoa certa. - Disse uma voz grave e calma e os 3 pararam na hora.
De um beco escuro à sua frente, saiu um ser que parecia ser um outro anjo, mas sua aparencia cabia muito mais em um Nefilim.
Tinha a altura de Giovani, usava um capuz de cor preta mofada. Vestia uma túnica branca que parecia estar suja e em sua mão esquerda havia uma pequena foice. Seus olhos permaneciam fechados e suas asas, pareciam sujas de cinzas.
Após ver aquele ser em sua frente, Giovani e Luiza sentiram um medo irracional. Nem ao menos sabiam porque tinham medo, mas algo nele parecia despertar este sentimento nos 2. Zaqifel por sua vez, ao ver quem estava em sua frente, relaxou e disse com um sorriso.

- Olá Azrael. Como vai?

O anjo chamado Azrael, virou a cabeça em sua direção, ainda sem abrir os olhos, e comprimentou Zaqifel com a cabeça.

- Vou por aí. O de sempre. - Apesar do medo que causava, sua voz era calma e sua expressão era serena. - Não se preocupe, ainda não é a tua vez. Nos vemos por aí.

O anjo abriu suas asas cinzentas e após batê-las uma vez, desapareceu como fumaça, levando consigo, todo o medo que causara em Luiza e Giovani.

- Não liguem - Disse Zaqifel. - A morte costuma dar medo nos humanos.

- A m-m-morte? - Perguntou Giovani. - Está me dizendo que nós acabamos de cruzar com o anjo da morte?

- Sim.

- Mas oque ele fazia aqui? Ele...

- Deve ter levado alguem aqui por perto.

Giovani fitou Zaqifel horrorizado. Como ele podia falar assim? Era a vida de alguem que ele havia levado e não uma coisa qualquer como uma peça de roupa. A vida humana não parecia ser muito valiosa para os anjos, ou pelo menos para a maioria deles. Luiza havia perdido os poderes pelos homens, e mostrava garra ao continuar determinada mesmo com tudo isso.
Os 3 continuaram sua viagem pela noite desertica do Rio de Janeiro. Se encontravam agora em uma rua com a qual se conectava uma praça com um campo de terra no centro. Luiza parou.

- Foi em algum lugar aqui. Vamos procurar. - Disse ela, e logo eles estavam procurando por toda a praça. Se houvesse alguem observando, iria achar que eram loucos. Pelo menos Giovani e Luiza, já que Zaqifel não poderia ser visto.
Após algum tempo procurando, Giovani encontrou algo circular e brilhante perto de uma gangorra. Era uma coroa de ouro, encrustada com rubi e decorada com lapis lazuli que formava o desenho de ondas, azuis como o mar. Era linda, perfeita. Mas no momento em que Giovani foi retira-la, para sua surpresa, algo o impediu.
Ele puxava a coroa enquanto uma mão sombria que saía do chão, segurava-a com força.
Luiza tentava ajuda-lo, mas nem mesmo a força dos dois era páreo para aquela única mão sombria que saía do chão. Ao ver a dificuldade dos dois, Zaqifel correu até onde estavam e desembainhou sua espada de ouro, que de tão brilhante, parecia emitir a luz do Sol. Ele a manejou com maestria e em um movimento rápido, cortou a mão sombria, que se desintegrou com um guincho agudo, liberando assim a coroa.

- Mas oque era isso?! - Perguntou Giovani, mas antes que alguem respondesse, um grito alto e gutural se fez ouvir por toda aquela praça desertica. Podia-se sentir o ódio no som.
Então, do chão do campo de terra, surgiu uma criatura sombria. Não se via olhos ou boca ou qualquer outra coisa. Apenas sombra em forma humana. O ar estava tomado por uma energia pesada e um cheiro de enxofre pairava pelo lugar.

- Protejam a coroa! - Disse Zaqifel, e após entrar no campo (seguido por algum motivo, por Giovani e Luiza), apontou sua espada para aquela criatura.

- Identifique-se

- Hohoho... Que abuso. - Disseram varias vozes ao mesmo tempo. - Vocês nos impedem de nos tornarmos mais fortes e ainda exigem saber nosso nome. Como ousa, seu mero anjo da guarda? NÓS SOMOS LEGIÃO!

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