•PARTE III•

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O Capitão está em uma de suas salas que ficam na grande casa ao lado do Moinho, lá planejam ataques com alguns soldados e tenentes em um mapa.
- A guerrilha se aproximou do monte, seria mais difícil caça-los. Temos de ter cuidado, esses desgraçados conhecem este terreno muito mais do que nós. Vamos bloquear o acesso ao monte. Comida e remédios, tudo será racionado em nossa dispensa. -os outros que estão presentes concordam. Mercedes chega com uma bandeja com várias xícaras de café -Temos que fazer eles virem até nós. Quero mais três postos de vigilância aqui -O Capitão aponta para o mapa -Aqui, e Aqui. - Mercedes olha para o mapa tentando gravar o local.
-Mercedes,- o Capitão coloca a mão em seu ombro - peça para o Dr.Ferreira que venha.
-Sim, senhor.
Ela sai da sala e leva a bandeja vazia. Estava confusa. Não sabia o que queriam fazendo aqueles "pontos de vigilância"- ela desce as escadas e esbarra no Dr.Ferreira.
-Ah... Hum, o Capitão queria falar com o senhor. -ele faz um aceno com a cabeça.
Ela para no pé da escada, olha para os lados e não vê ninguém. O som da porta da sala batendo ecoa pela casa.
Inaudível e veloz, ela sobe as escadas pulando degraus. Mercedes para em frente a porta e tenta escutar a conversa. Ruídos e vozes são possíveis de ouvir, mais não possível de entender.
Passos. Mercedes corre para as escadas o mais rápido que conseguia. Após isso ela vê o Dr.Ferreira saindo da sala e se dirigindo ao quarto da Mãe. Um alívio toma conta de seu corpo, fazendo com que ela vá para a cozinha largar a bandeja.
Dr.Ferreira bate na porta que se abre em seguida. Uma menina de cabelos negros na altura dos ombros é vista pela pequena fresta da porta.
-Deixe ele entrar Ofélia.
Ela sabe o porque dele estar ali. Sua Mãe não está bem por causa do nenê. Ele entra no quarto e, sem nada dizer, põe sua maleta em cima do bidê ao lado da cama. Ele a abre e tira um frasco cilíndrico com um conta gotas. "Remédio". Pensou Ofélia.
-Com isso irá dormir a noite toda. -diz ele pingando o remédio em um copo com água. -Não mais que 4 gotas antes de dormir.
Ele leva o copo para a Mãe doente enquanto Ofélia mexe no remédio pingando dentro do recipiente do mesmo. Sua Mãe tosse. A garota pega o remédio e se dirige ao lado da Mãe.
-Não deixe de me chamar quando precisar. -diz ele recolhendo suas coisas. -Boa noite.
Ele sai pela porta.
-Ofélia, feche a porta e apague a luz. -geme sua Mãe.
Ela larga o remédio e está indo fechar a porta, mais pela frestinha, ela vê Mercedes e o Dr Ferreira conversando. Ele entrega algo a Mercedes, mais, após isso, faz o que sua Mãe pediu, depois se deita na cama ao lado dela.
-Meu Deus Ofélia! Seus pés estão frios!
Ela ignora e fica pensando em como foi seu dia. A estátua. O Moinho. O Capitão. O Labirinto. O Labirinto... Isso foi uma das únicas coisas no qual havia se importado realmente. Mais ela está cansada e acaba adormecendo.

Alguém bate na porta do escritório do Capitão. Ela se abre e ele se depara com um de seus homens.
-Capitão, achamos dois homens que estavam no monte.
Ele não diz nada, apenas se levanta de sua poltrona e sai pela porta.
Sua mente estava calma, mais pensava em coisas ruins. Ele desce as escadas e passa pela porta da frente.
Seus soldados estão com dois homens ajoelhados. Um de mais idade.
-O que temos aqui?
-Esses dois homens estavam no monte Capitão, eles...
-Nós estávamos caçando coelhos, Capitão. -diz o senhor
-Aaah.. Caçando coelhos? Você acha que tenho cara de trouxa?!
Um soldado entrega uma mochila e diz que são dos homens ajoelhados.
-Vejamos, papéis, mais papéis, uma garrafa de vinho... -diz o Capitão tirando tudo da mochila.
-O meu pai já lhe disse, Capitão, que estávamos caçando coelhos.
O olhar do homem estava intimidador, mais após olhar para a cara do Capitão foi de arrependimento.
Ele segura a garrafa de vinho e com a parte de baixo dela bate no pobre homem, mais não acabou. Ele segura o homem pela blusa e fica lhe dando golpes com a garrafa no nariz ( que agora estava completamente quebrado). Era muito sangue escorrendo. O homem cai ao chão, sem reação.
-VOCÊ O MATOU!-Grita o senhor ajoelhado -VOCÊ O MATOU! ASSASSINO!
O Capitão lentamente coloca a mão no bolso e tira uma arma
-SEU ASSASSI...
Mais dois tiros foram disparados.
O Capitão guarda a arma e volta para seu escritório como se nada tivesse acontecido.

***
Ainda era noite, umas 3:30 da manhã. Ofélia escuta um barulho. Ela senta na cama rápido. Era um som estranho. Parecia uma mosca ou algo assim, mais ela sabia que não era.
-Mamãe! Mamãe acorde! - sua Mãe nem se mexe.
Ela continua a ouvir o som. Parecia o de um animal pequeno e rápido.
TOC
O som veio de perto do seu pé, coberto pelo lençol. Ela viu antenas acima do pé da cama e depois um corpinho.
Era aquele inseto. Novamente aquele grilo, louva-deus, ela não sabia, mais lá estava ele caminhando com suas perninhas por cima do lençol indo em sua direção.
Ele para bem em sua frente. Ela não sente mais medo (Agora ela percebe que ele é do tamanho de sua mão). Ele a encara batendo suas asinhas.
-Olá. Você é uma fada? Me seguiu até aqui?
O inseto produz algum ruído estranho como se quisesse dizer alguma coisa.
Ela não da bola. Logo abre a gaveta do bidê ao lado da cama e de lá tira o seu livro de fadas.
-Olhe... -diz ela folheando as páginas -Isso é uma fada. -ela aponta para um desenho no livro.
O inseto olha para o livro e começa a se contorcer. O medo de Ofélia voltou. Ela olha para criatura se deformando e aos poucos tomando forma.
Uma fada. O inseto vira uma fada.
Ofélia não fala nada, Só o encara estupenda. A Fada voa na altura de seu rosto e faz movimentos com suas mãozinhas.
-Você quer.. Quer que eu vá com você? -a fada aponta para a janela - Para fora? Para onde?
A fada voa até a janela. Ofélia levanta em um pulo e se surpreende ao ver que sua Mãe não havia acordado.
Ela pega seu casaco, pula a janela e segue a fada que voa em direção ao bosque.
Ela reconhece as árvores e o aro. O Labirinto. A fada voa lentamente a sua frente e toma um caminho por dentro dos corredores. Não fazia nem 1 minuto que haviam entrado e a fada parou no ar. Ofélia fica parada. A fada se vira e chama Ofélia. Elas entram no corredor e saiem no centro do Labirinto. Ela olha para os lados e para o céu. A lua está linda.
Ela olha para o chão. Havia um tipo de túnel largo sem saída, um poço sem água, um buraco feito para estar ali. Em suas paredes havia uma escada em espiral e, olhando para ele, Ofélia viu outra estátua antiga. Parecia um toten, que ia acima do nível do chão até o fim do buraco não muito fundo.
Ela desceu.
A Fada fazia sons altos e felizes.
-Olá..? -sua voz ecoou. - Olá...Eco! ...Eco!
-Aah, sois vós!
Ofélia se assusta e se vira. Havia alguém ali, melhor, algo ali.
Era uma criatura alta com olhos pequenos e chifres, suas pernas lembravam uma cabra, seus braços e dedos eram longos e seu corpo era como a casca de uma árvore.
-Oh! Sois vós! Enfim voltaste! Oh, não se assustaste! -A criatura da dois passos para frente, parece feliz- Oh! Olhai, olhai! -Ele mexe em algo que está pendurado em seu ombro, uma bolsa feita de galhos e folhas secas. Quando ele a abre, mais fadas saem voando alegres.
Ofélia se acalma e fica hipnotizada pelas fadas.
-Meu nome é Ofélia. Quem é você?
-Oh, eu? -ele faz um movimento com as mãos -Oh, eu tive tantos nomes, nomes antigos que só poderiam ser pronunciados pelo vento e pelas árvores. Eu sou o monte, o bosque e a terra -ele faz uma reverência para Ofélia -Eu sou o Fauno, o mais humilde de vossos súditos, majestade.
-Não, Nã...
-Oh, sóis a Princesa Muana, filha do rei do Mundo Subterrâneo!
-Meu pai era alfaiate.
-És a Princesa Muana, ao seu ombro esquerdo, verá a marca para lhe confirmar. - Ofélia nunca ficou tão confusa -Pois bem, vosso pai tem espalhado portais pelo mundo inteiro para permitir vosso retorno, este - O Fauno aponta para as coisas ao seu redor -é o último deles, porém, para garantir que vossa excelência não perdeu a essência e não se torne uma mortal...- ele para de falar por dois segundos e meche em sua bolsa de galhos, de lá tira um livro grande e um saquinho no qual parecia haver pedras-terá de resolver 3 provas antes da próxima lua cheia. Este
-ele lhe entrega o livro e o pequeno saco -é o Livro das Encruzilhadas. Quando tiver a sós, abra o livro, e ele lhe mostrará vosso futuro, e lhe mostrará o que fazer...
O Fauno e as fadas se aproximam das sombras e desaparecem.
Ofélia folheia o livro que estava em branco.
-Mais aqui não tem na...da...
Ela se vê sozinha e para pensar no que aconteceu. Ofélia agarra o livro e começa a subir a escada em espiral.

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⏰ Última atualização: Nov 15, 2015 ⏰

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