Capítulo 4

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Ana levantou os olhos para ele assim que o comando saiu de seus lábios. Paul não conseguiu esconder seu sorriso de satisfação, ela ainda era sua, pensou. Confuso piscou os olhos e ignorou esse pensamento.

― O que você quer, O'Malley? ― disparou ela, o enfrentando sem se abalar com os tremores que seu corpo sentia.

Ana estava numa fase em que vivia em ebulição, não podia ler ou assistir nenhuma cena um pouco romântica ou quente, que seja, que tinha vontade de pular em seu pescoço quando o via. E agora, mais que tudo, evitava sair do quarto quando ele estava em casa. Tomava sol todas as manhãs, mas só saia depois de ter a certeza que Paul já havia ido para o campo. Ela observava pela varanda de seu quarto todo o movimento.

― Quero ter uma conversa civilizada com você.

― Me diz logo o que você quer e vai embora, por favor. Preciso me arrumar para minha consulta.

Paul fechou os olhos e respirou fundo. Massageou suas têmporas com os dedos. Ao abri-los Ana pôde ver uma intensidade que só via quando era tomada em seus braços. Paul estava determinado e ela não tinha dúvidas disso.

― Quero estar ciente de tudo que envolve os bebês. Você mesma diz que sou o pai deles, então aceite minha participação em tudo que for sobre eles.

― Ótimo! ― ela bufou em resposta. ― Era só o que faltava, ter você como minha babá.

― Não seja irônica, isso não combina com você.

― Ora, estou sendo acusada de muitas coisas que antes você dizia não combinar comigo ― disparou friamente.

― Foda-se. Desse jeito está difícil ― resmungou ele.

― Tem sido muito, mas muito difícil para mim, aguentar tudo que estou aguentando e nem por isso estou dando chilique por aí. Nem reclamando da vida. Não quero você perto dos meus bebês. Eles não têm pai, isso foi definido ainda no leito daquele hospital quando você me disse que não queria me ouvir e por sinal não fez isso até hoje. Dois meses se passaram, Paul. Dois malditos meses e você só tem se afastado de mim a cada dia que se passa. Me acompanhar ou ser meu motorista na ida às consultas não é ser participativo e sim prestativo. Meus bebês só têm uma mãe, duas avós e um avô ― berrou Ana, já sem paciência.

Aquilo tinha sido um choque para Paul. Nunca tinha visto ela tão furiosa como agora. Sua Ana era sempre calma, compassiva e não gritava com ninguém. Mas ele não se deixaria abalar com essa atitude dela. Era tudo fachada.

Ana tinha mudado, ela estava grávida e sozinha. Tinha que mudar algumas atitudes e crescer como a vida estava lhe ensinando e obrigando. Chegara a hora de tomar as rédeas da situação e era o que ela faria.

― Eu sei sobre o pai deles ou esqueceu que ele era meu irmão? ― cuspiu Paul.

Sem demora, Ana jogou seu suco na cara dele. Sentia seu corpo ferver de raiva.

― Seu idiota, estúpido. Não sei como pude amar um ser como você. Você não merece uma lágrima minha. ― Paul que enxugava seu rosto com o guardanapo levantou os olhos e a encarou. ― Sabe, meus bebês irão ter tudo sem que eu precise de nada seu. Eu. Te. Odeio. Com. Todas. As. Minhas. Forças. Paul O'Malley.

Ao dizer isso uma lágrima solitária escorreu por sua face que ela logo tratou de limpar. Não iria mais desperdiçar o seu tempo sofrendo por ele, não mais. Decidiu, naquele instante. Ana se levantou e rumou para o seu quarto, pegando sua mala de dentro do guarda-roupa começou a jogar suas coisas dentro.

― Aonde você pensa que vai? ― perguntou ele assustado, assim que se viu diante de tal cena.

― Não te interessa. Mas para que você não fique me enchendo o saco vou dizer de uma vez. Eu vou embora daqui, ainda hoje. Não quero ter que dormir todas as noites sabendo que você está no mesmo lugar que eu. Não quero mais ter que respirar o mesmo ar que você respira. Não quero mais nada seu. Nada ― dizia ela ofegante e com fúria ao mesmo passo em que jogava suas coisas nas malas.

Seu corpo inteiro tremia, lágrimas de raiva banhavam sua face. Ana sabia que não podia ficar tão nervosa assim, não fazia bem para os bebês, precisava se acalmar o quanto antes. Ela parou tudo que fazia e respirou fundo, trazendo toda a calma que podia para seu ser.

Paul observava tudo com medo o dominando por inteiro. Independentemente do que tinha acontecido ele amava aquela mulher, tinha suas dúvidas sobre a sua gestação, mas preferia deixar assim como estava. "Ela não iria impedir que ele cuidasse dela ou dos bebês. Não mesmo."

Num impulso Paul pegou em seu braço, girando seu corpo de frente para ele. Ficaram a centímetros de distância. Seus olhos conectados, as respirações estavam fortes e descompassadas, podiam sentir como o coração, um do outro, batia acelerado.

Ele não pensou, apenas agiu quando desceu sua boca sobre a dela, segurando em seus cabelos. Sentia falta do seu gosto e do seu corpo, como sentia falta de ar para respirar. Antes de tudo isso acontecer eles dormiam juntos quase todas as noites, mesmo antes de ela entregar seu corpo para ele.

Pressionando a ereção em sua barriga pouco saliente ele a deitou sobre a cama, a luxúria dominava o ambiente. Ana se deixou levar pelo momento, sentia tanta falta dele. Queria poder sentir a conexão deles mais uma vez.

Não precisou de palavras, eles apenas se entregaram a paixão e o calor do momento. Ele tirou seu vestido...


***


― Para, para, para.

― O que foi agora, Bia?

― Você disse que falaria com a mamãe para narrar essas cenas.

― Não vou pular essa parte. Sai daqui e só volta na hora da consulta, deixa que narro essa vez e nas próximas pode ser a mamãe.

― Tem certeza que precisa mesmo disso?

― Bia, se eu pular essa cena agora, vamos ser linchadas. Tenha certeza disso.

― Tudo bem. Vou ficar um pouco com Henry.

― Sei, com o Henry. Depois ainda quer ser a santa.

― Deixa essa mente poluída um pouco de lado, Ju.

― Sai logo daqui, anda. Desculpa gente, minha irmãzinha ainda é virgem e recatada.

― Vai à merda, Juliene!

― Beijos, mana. Vou seguir de onde parei.

Nas Amarras do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora