Alea jacta est

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Apesar de todo o drama que um término pode se dispor, havia algo no meio que não devia ser ignorado.
Quando vamos para a cama, à noite, pensando no dia seguinte, nós já temos alguma certeza, ou pelo menos alguma ideia de como ele será. Estar num relacionamento é ter uma ideia de como será o seu futuro, e isso, para alguns, pode ser a melhor sensação possível... Para outros, pode ser o próprio inferno.
Ainda não cabia a mim descobrir qual tipo de pessoa eu seria, afinal, todo dia era uma nova mudança na vida, a tão conhecida adolescência. Pode ter sido toda uma relação baseada no orgulho de cada um dos membros; pode ter sido um simples ato de rebeldia... Inúmeras possibilidades além do "amor" por si só.
Ao final dos dias de término (um namoro de muito tempo não devia terminar em tão pouco tempo), vem, finalmente, a pergunta: qual é o objetivo agora?
Estar perdido, à deriva, como viajar por terras além-mar. A melhor descrição talvez pudesse ser um simples suspiro, pois era óbvio que nenhuma resposta cairia do céu. Parece que só conseguimos observar uma situação da maneira correta quando estamos por fora dela, sem qualquer "filtro" nas nossas críticas, sem qualquer medo de pensar o que queremos, e o que já era claro.
Ficar preso ao passado não me levaria a nada, o que não demorou a entrar na cabeça... Era, então, outro dia, outras matérias, outros cultos, outros mortos, outros vivos, outras experiências, outras vidas a serem compartilhadas, e, mais do que qualquer coisa, outro mundo a ser descoberto.
Não que o passado tenha sido em vão; pelo contrário, ele foi o principal meio para se descobrir se algo daria certo, ou não. Foram servidas as experiências das mais variadas... Beijos escondidos na calada da noite; sono profundo no cheiro que trazia toda a tranquilidade do mundo para apenas uma pessoa; a emoção de olhar naqueles olhos, e saber que tudo o que se fazia, valia a pena... Talvez todo final de história seja baseado no pensamento de "valeu ou não a pena?", mas se isso for pensado por quem apenas observou, a resposta é bem precisa... Mas o que essas pessoas não sabem, é que existem muitos prazeres na vida, e isso ninguém explica. A pessoa que salta de para-quedas, outro que surfa nos locais mais remotos do mundo, outros se aventuram em florestas, outros se perdem num sorriso. Para quem viu de fora, o jovem do para-quedas ficou paralítico; o que surfava, perdeu uma mão num ataque de tubarão; o outro, atacado por um tigre; o último, apenas perdeu seu tempo. Não existe livro que possa explicar a recompensa que o amor a qualquer coisa pode trazer para uma pessoa, e isso não é bem-visto nas condições do "será que valeu a pena?".
Seguir em frente, essa era a alternativa mais viável.
Se disser que foi difícil, mentiria... Eu soube que fiz de tudo, que tentei, que não fui suficiente. Seria idiotice me machucar por algo que eu nunca seria capaz de fazer, e não o fiz. A maneira mais fácil era afogar tudo; em álcool, em alucinógenos, em saliva. Esquecer o passado foi mais divertido do que parecia.
No entanto, ainda existe o aguardo pela vida real, que custa em chegar, que custa em dizer que ela existe. O problema das ilusões são seus efeitos colaterais.
Até lá, o eterno aguardo pelo que um dia possa ser levado a sério novamente.

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⏰ Última atualização: Nov 04, 2015 ⏰

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