Prólogo

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Pedro
Fazia muitos anos que eu não voltava para casa.
Me lembro como se fosse ontem meu aniversário de 18 anos, a última vez que vi meus pais.
Foi uma pressão da família toda para eu voltar para Porto Alegre, eu gostava de lá, mas nada se comparava a viver livre nesse mundo. Já andei por vários países de moto, esse era o meu sonho desde que me conheço por gente, e os renegados pelo diabo me proporcionou isso. Nós sete fizemos o ensino médio todo juntos, éramos o terror dos nerds. Meu melhor amigo o Kent, ou o Humberto como quiser, seu apelido é Kent por causa de Clark Kent o super homem. Ele pode até lembrar um pouco o super homem mas não foi por causa disso que ele recebeu o apelido, é mais complicado que isso. Ele roubou uma mercearia quando tinha 14 anos e foi condenado a ir para a Febem que hoje em dia tem um nome mais bonitinho. Os garotos mais velhos pegavam pesado com ele até que um dia eles arremessaram ele do quinto andar do prédio, ele sobreviveu é claro, por isso a gente diz entre si que ele voa. Todos nós somos sobreviventes por isso o nome "renegados pelo diabo."
Já eu sou conhecido como Dark, porque levei um tiro na cara em um arrastão em meio a um apagão quando tinha 16 anos. Jonas é o que tem a ficha criminal maior de todos nós, nós o chamamos de para-brisa. Ele foi atropelado três vezes só em um dia pela polícia e ainda não o mataram. Tem o Rone o popular caçador de recompensas da cidade que resolveu se aposentar e se juntou a nós, não se iluda ele tem 35 não é um velho, nós o chamamos de jump por causa daquele filme Jumper pelo simples fato dele só ser achado quando quer ser encontrado.
O Renato ou Garganta como chamamos ele foi esfaqueado na garganta pelo tio drogado porque estava tentando proteger os avós, não adiantou muito já que os avós acabaram mortos pelo tio que se matou logo depois, ele não tem família.
E depois vem meus vizinhos o Mario ou guelras porque ele já foi atacado e jogado no rio e ficou submerso por duas horas e sobreviveu, e também o José ou o nightwolf como ele se parece com o cara do mortal Kombat, mas não foi por isso que ele é um renegado, foi por causa da passional da ex-esposa e mãe de seu único filho. Sim ela tentou matá-lo.
Meu pai era o cara mais parecido comigo no mundo, mas não era tão parecido em atitudes, ele sempre foi responsável e pensava até demais no que os outros iam pensar.
Me lembro de quando eu fiz a minha primeira tatuagem, foi uma cobra no peito esquerdo, pensa no ataque que ele deu... Depois vieram mais quando sai de casa e ele acabou se acostumando.
Nós fazemos muitas coisas erradas, mas o meu código de honra me diz que eu não posso matar nenhum inocente, mas isso não quer dizer que eu nunca matei assassinos, ladrões e traficantes para não ter muita concorrência.
Eu não sou só um cara com cara de mau, eu sou mau por inteiro, eu só tenho meus princípios.
— mamãe está tão feliz que você voltou para casa! — minha mãe dizia chorando.
Ela sempre falava de si mesma na terceira pessoa e é professora de português de faculdade.
Já o meu pai tem um banco. É... O meu pai tem dinheiro, mas eu não sou igual aqueles playboys que ficam rodeando o pai que nem urubu para quando ele morrer, nunca contei com o dinheiro dele.
Mesmo tendo uma irmã chamada Cauana, ela só é filha da minha mãe então continuo sendo o único herdeiro do banco Atchison do meu pai.
— Por um tempo mãe. Estou pensando em dessa vez andar pelo Brasil, aqui tem lugares tão lindos. — digo sorrindo.
Com certeza eu não fazia o estilo da minha mãe.
Se alguém da polícia que não nos conhecesse visse eu com a camiseta regata do Guns N' Roses, a calça de couro falso e o sorriso também, iria suspeitar de uma tentativa de sequestro com certeza, minha mãe era a mãe dos comerciais de margarina... Com os cabelos louros e os olhos claros, um corpo de dar inveja as universitárias que ela dá aula e pedidos de casamento dos universitários.
Ela era calma e suave, sempre foi, nunca foi de gritar e nunca me bateu, ela tinha o Sr. Atchison para fazer isso por ela.
Meu pai não tinha nada de especial, era desalmado como qualquer empresário bem sucedido, mas a gente se amava e muito. Meu pai acabou cedendo as tatuagens mas eu demorei a ver... Ele tem apenas duas tatuagens bem escondidas em seu terno boss sob medida. Uma é de um desenho que eu fiz da família quando tinha 6 anos e a tatuagem do brasão de sua família.
Eu e ele sempre nos demos bem mesmo que a maioria do tempo trocando farpas, ele é o tipo de homem que todos querem ser mas não tem força de vontade para isso, uma coisa que eu queria herdar dele era a força de
vontade.
— Que incrível! Eu poderia ir com você. — ela diz e dessa vez eu acho graça de verdade.
O bastante para sair da minha antiga cama de solteiro com a colcha do internacional que eu sempre amei desde de que me conheço por gente.
— Sempre terá um lugar na garupa da minha moto para minha rainha. — digo e dou um beijo em sua bochecha bem forte.
— Está tentando roubar minha mulher? — pergunta meu pai com uma falsa expressão de ciúmes. Ele tinha acabado de chegar do trabalho às 22:00, e eu estava aqui desde o começo da manhã, mas ele tinha que trabalhar.
— Estou. Deu certo? — pergunto olhando para ela.
— Ainda não. — ela diz sorrindo.
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Resolvi ir dormir cedo, pouco depois da meia noite, algo incomum para mim.
Até que meu celular mais acabado que o comum toca, nunca ande com um celular no bolso se estiver de moto.
— Late. – digo sabendo que é o Kent.
— preciso de você aqui bundão. Estamos participando de um racha e o melhor em quatro rodas do grupo é você. — ele diz.
— Esqueceu que em duas também. Estarei ai em meia hora. — digo e me levanto. Rachas significavam dinheiro, e precisamos de dinheiro para nos manter.
Meus pais não queriam que eu fosse aquele racha, mas eu insisti em ir.
Peguei um dos carros do para-brisa, provavelmente roubado.
Eu não me lembro de muito daquela noite, só de que os corredores que estavam comigo batiam muito em mim por causa da minha vantagem sobre eles.
Meu pai morreu naquele mesmo dia por causa de um infarto, por minha causa, mas não sem antes de me pedir para cuidar da minha mãe.
Nancy
Eu sempre fui a princesa do papai.
A caçula de 9 irmãos, mas não se iluda, a primeira vez que ganhei dinheiro do meu pai eu tinha 13 anos, já passei fome mais vezes do que posso contar. Normalmente éramos só eu e a Débora a vida toda, já que todos os nossos irmãos eram homens, ela era 6 anos que não davam pra se perceber mais velha que eu. Ela tem uma filha chamada Lorena, meu bebê.
Eu estava na faculdade, fazendo o curso de veterinária de animais de grande porte.
Meu pai foi um dos poucos que ficaram ricos em garimpo. Resumindo: ele sempre contou para mim como matava as pessoas para conseguir dinheiro pra gente ter algo pra comer, mas o dinheiro foi cada vez sendo mais significativo tanto que hoje temos muitas fazendas por todo o Brasil e o meu pai é um dos maiores criadores de gado do mundo.
Naquele dia no condomínio onde eu morava, eu não consegui dormir e nem tive a mínima vontade de ir a uma festa.
A rivalidade entre os Belchiors no caso minha família, e os Vidals nossos vizinhos era tão grande mas tão grande que acabou em morte. Eles incendiaram a minha casa e mataram meus 8 irmãos e minha mãe, e nossa vida nunca mais foi a mesma.

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