Sempre Foi Você

Capítulo VII

Pedro
" eu jamais quis alguém como quis você, eu preciso de você "
The nameless - slipknot
Não foi muito surpreendente o fato de eu não conseguir dormir, se bem que bêbado como eu estava eu poderia capotar, andando pelo corredor eu percebo que a porta do quarto da Nancy estava aberta, era um quarto bem original perto do de hóspedes que é super neutro, o piso é de uma madeira mais clara que o resto da casa, o berrante está pendurado na porta e há uma foto enorme com sua família inteira na parede, eles pareciam tão felizes, atrás da sua cama havia uma pintura com natureza e um cavalo preto com o cabresto com uma pequena pérola negra, o cavalo é tão preto que chegava a ser azul, mas ela não estava lá.
Eu tinha que procurar por ela, afinal eu não era o segurança?
Eu a achei no quintal, ela falava no telefone.
- a qual é que negócio é esse de duas gêmeas, não tem necessidade de falar duas quando são gêmeas - eu comecei a rir na hora com o jeito espivitado dela a falar no telefone, mas não podia ficar indiferente a camisola de seda vermelha e com detalhes rendados, eu vivo no meio de modelos de lingerie, eu deveria estar acostumado com isso, mas ela estava com sua borboleta de asas abertas abaixo do pescoço, eu adorava quando ela amarrava os cabelos para eu apreciar.
- eu acho que vou amanhã, você sabe que o papai não sai da fazenda desde que... - no mesmo segundo eu só ouvi o barulho do celular dela no chão e saiu correndo para dentro do pasto.
Eu saio correndo atrás dela e percebi que era bem mais complexo que isso, Lorena estava no meio do pasto com a Nancy onde haviam vacas bravas, mas muito bravas.
Eu nem pensei muito, sai correndo em direção a elas.
- você não deveria estar aqui - ela sussurra.
- nenhum de nós deveria, o que se fazer numa hora dessa ? - ela abraça forte a Lorena que parecia não estar entendendo.
- rezar para eles não atacarem, com a quantidade de vacas que tem aqui, se fomos pisoteados viramos papel - parece que foi só ela dizer isso para as outras vacas perceberem a nossa presença e só deu pernas pra quem te quero, não foi fácil, eu e Nancy conseguimos erguer a Lorena por cima da cerca de arame farpado, foi tempo o bastante para salvarmos a pele dela, mas não o bastante para salvarmos a nossa.
Corremos por um tempo mas eu acabei sendo chifrado na bunda, o lado positivo é que os cornos de uma vaca não são tão grandes quanto as de um touro, o lado negativo é que eu devo ter voado uns quatro metros e caído de costas no chão, eu estava um pouco tonto e sem ar mas não o bastante para não ver a mão de Nancy, corremos para o outro lado da cerca, eu consegui empurrar uma das vacas no chão e passei por debaixo da cerca enquanto Nancy passou pelo meio, a única coisa que eu percebi foi que ela estava sangrando, o arame farpado a machucou bem mais as pernas dela que as minhas costas.
- você está machucada - digo ofegante.
- já você seria um palhaço de rodeio perfeito - ela diz sorrindo mas ainda me preocupava.
- titia você tá dodoi ? - eu até tinha esquecido da Lorena.
- quantas vezes eu te disse pra não entrar naquele pasto ?
- me descurpa, eu só queria brincar com os bebês.
- bezerros são uma graça Lorena, mas as mães dela pesam toneladas, agora você está de castigo e eu vou contar tudo pro vô Chico.
- mas...
- de castigo Lorena!
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Nancy
" não mando mais no coração eu não consigo dormir eu não vou evitar, eu não vou desistir "
Humberto e Ronaldo - Ai que o amor acontece
Eu não sabia bem o que dizer, minhas amigas patricinhas não paravam de ligar e eu não parava de pensar no Pedro, e isso me fazia ter pouca paciência para fingir que eu e aquelas garotas temos algo em comum.
Mas algo me chamou a atenção o bastante, Lorena entrou no pasto, droga Lorena.
Eu só voltei a raciocinar quando estava abracada a Lorena, foi nessa hora que os cortes no arame farpado começaram a doer.
Foi nesse mesmo momento que eu percebi que ele estava comigo, foi legal ter ele por perto, mesmo pra levar uma chifrada de uma vaca brava, a derrubar uma vaca com a força dos braços, isso foi muito sexy, até eu perceber que estava mais machucada que antes, e do que eu imaginava, mas como uma caipira que se preze, nunca está pior do que parece.
- eu estou bem já disse Pedro.
- me chame de Dark, você ás vezes esquece que Pedro Atchinson é procurado pela polícia.
- tem razão, me desculpe é que eu detesto apelidos - pare de ser tão idiota, você precisa conversar sobre ele se declarar inocente, eu tenho que ajudar mas tenho medo que esse tal traficante faça mal a ele.
- essa regra só não é aderida ao "Charlão", vou buscar um pano para limpar o sangue - ele sai batendo os pés, sério que ele estava com ciúmes ?
Sério que é por causa do apelido do Charlão ?
Ele não sabia onde ficavam as toalhas ou os medicamentos de primeiros socorros, ele pegou uma de suas blusas a rasgou e abaixou do meu lado e começou a me limpar e estancar o sangue em minhas pernas, seria altamente afrodisíaco se eu não estivesse toda me ardendo.
- ao invés de você rasgar outra blusa, vamos pegar um band - aid e álcool para limpar os ferimentos - digo e ele me olha com a cara de santo mais safado do mundo, eu ria por dentro, mas nunca iria assumir que caiu no charme caro dele.
Eu fui indo em direção do pequeno quarto de hospital que tem aqui.
- precisava de tudo isso!
- eu sou um alvo humano, tem até soro antiofídico a respiradouro, é bom estar pronto pra tudo.
Eu me ergui até as pontas dos pés e consegui alcançar a maleta de primeiros socorros quando me virei vi aqueles olhos um pouquinho fechados, ele é uma mistura de David Beckham com Paul Walker, e tinha uma pegada bem original, como eu sei ? Ele me beijou tão fortemente e me apertava com uma possessividade que eu amei, eu mordia sua boca e ele se arrepiava todo, ele tinha cócegas atrás da orelha o que era um charme, beija muito bem e cuida de mim, teria tudo pra dar certo se não fossem nossas diferenças, eu cuidei dos seus ferimentos e as coisas saíram do nosso controle.