Uma Brisa de Verão

447 57 7
                                    

Nunca pensei que fosse difícil recomeçar. Toda lembrança que tenho eu estou neste parque. Faça chuva ou faça sol, eu estou aqui. Recomeçar para mim é algo quase impossível. Vou dizer quase, porque nada é impossível.

O homem quis atravessar mares, criou navios; quis voar, criou aviões; quis mergulhar, criou submarinos. Nada é impossível. Com um pouco de imaginação e fé no futuro o homem consegue tudo. Mas vamos deixar o homem e seu impossível para lá e nos concentrar neste casal que vem conversando. Garota e garoto sorridentes e felizes. Andando pelo parque. Andando e andando. Olhando para eles a vida parece mais simples, se alguma vez já foi.

"Sabe, eu sempre gostei deste parque." Diz o garoto. Aquele garoto que sempre vem. Como era mesmo seu nome? "Quando eu era criança vinha muito aqui."

Ambos sorriem.

"Está vendo aquela árvore?" Ele aponta para uma das muitas árvores do parque. "Foi onde quebrei meu primeiro osso." Diz como se fosse um grande premio.

"Você deve ter sido uma criança bem levada." Ressalta a garota, colocando uma pequena mecha do seu cabelo castanho atrás da orelha.

"Que tipo de criança eu seria sem quebrar nenhum osso?" Pergunta.

"Eu nunca quebrei nenhum osso." Responde a garota.

"Você não teve infância?!" Brinca o garoto arregalando seus olhos verdes.

"Claro que tive, só que eu não subia em árvores."

"Você não subia em árvores?"

"Não." Ela responde. Simples assim.

"Mas já subiu alguma vez, não é?" Ele parece chocado com as revelações que a garota faz.

"Não"

"Como não?" Mais que chocado, parece indignado.

"Nunca precisei." Responde.

O garoto parece pensar por um instante e um brilho surge em seu olhos.

"Prepare-se para ter sua primeira experiência escalando árvores." Sorri.

"Não." Ela arregala os olhos. "Não, não, não, não, não. Eu não vou fazer isso."

"Vamos, eu te ensino." E puxa-a pelo braço até uma árvore qualquer.

E lá vão eles, como duas crianças escalar uma árvore. Não sei dizer que tipo era, sei somente que era uma árvore grande e com vários galhos que davam para sua copa. Daquela como as pessoas desenham.

Posso ouvi-los rir bem de onde me encontro. E sentir a felicidade que eles emanam neste dia tão quente. É como uma brisa boa de verão.



Um Lugar Para AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora