Eu estava em meus aposentos esperando o momento certo de fazer minha grande aparição no baile que estava acontecendo no palácio logo no andar abaixo de mim, quando ouvi um barulho, e me virei desesperadamente em direção o barulho, e me deparei olhando uma jovem mulher. Ela tinha longos cabelos negros como a noite, pele pálida e com lábios finos, e olhos escuros, um pouco assustados e pouco confiantes.
Gostaria me sentir mais confiante, ou pelo menos aparentar.
Havia sido decidido, sem terem pedido minha opinião é claro, que essa noite seria minha primeira aparição como princesa oficialmente, dando a nobreza a chance de me avaliar, de ver os perigos que eu representava.
Mas é óbvio que eu não representava perigo algum, principalmente pelo fato de ter sido deixada esquecida em uma torre por quase toda a minha vida.
Lion é claro, não teve o mesmo problema que eu pois, como acabou adoecendo quando eu era muito nova, e como ele era o príncipe herdeiro, todas as atenções se caíram sobre ele, tentando fazer com que melhorasse e manter a situação em segredo, pra não agitar o povo. O problema, é que haviam muitos funcionários do castelo, então não tinha como saber quem foi que espalhou a notícia, o que se sabia é que já era de conhecimento geral a saúde debilitada do príncipe, de forma que a única alternativa que restava era cobrir o de cuidados e rezar que melhorasse. O que não aconteceu.
Então todos ficaram tão ocupados tentando mantê-lo vivo, que acabou não restando muita atenção pra mim, e como se o fato de ser a segunda filha não fosse pouco, eu também era pouco mais que uma bastarda, uma vez que fui concebida fora do casamento. Assim que nasci o rei, logo fez questão de me apresentar para a corte, pois amava muito Lady Elise, que pertencia ao reino de Lozebel, vindo a Anchor para conseguir uma aliança com a casa de Cardo, casando-se com lorde Camilo. Porém devido a isso, começou-se a surgir boatos que diziam que Rickon pretendia desposá-la, porém não muito tempo depois que surgiram, eles foram findados com a morte de minha mãe, a qual muitos alegam que tenha sido envenenada a mando do Duque de Lis, seu irmão, que transtornado pela quebra de sua palavra.Claro, fui assumida como filha do rei e princesa de Anchor, tive uma ótima educação e tive os melhores tutores que se pode pagar além de ter tido uma ama responsável por mim durante todo o tempo e inúmeros criados, mas isso não impediu que me sentisse sozinha, já que não haviam muitas damas da minha idade na corte, e passasse grande parte do tempo presa no quarto, o que segundo rainha Elora, era pelo medo de que eu adoecesse também.Coisa que até agora, não havia acontecido.
Sempre fui considerada frágil e delicada, e de fato, devo admitir que sou mesmo, já que nunca tive oportunidade de me tornar mais forte, sempre mantida nesta redoma de pedra.
Então só de pensar em toda uma corte lá embaixo me julgando e querendo ganhar vantagens sobre mim enquanto tentavam me manipular, era um verdadeiro pesadelo. Um pesadelo que não havia escolhido fazer parte, que simplesmente me foi imposto, e então eu soube. Eu não aguentaria, não poderia aguentar, não depois de tudo e num surto de coragem, decidi por meu plano em prática, que só poderia ser realizado agora, quando a guarda do rei estivesse tão ocupada tentando conter a plebe de entrar no castelo, que não notaria uma garota saindo, e foi isso, eu decidi fugir.__________
Terminei de soltar meus cabelos,os prendi com uma fita, tirei aquele vestido chamativo e vesti o mais simples de passeio que consegui encontrar, que em um baú de uma princesa, era uma missão um tanto quanto difícil. Por fim, peguei minha capa, que diferente azul turquesa de sempre, era preta e cobria mais da metade de meu rosto, que deixava somente meus lábios à mostra. O que me partiu o coração foi de ter que me desfazer de algumas de minhas jóias, já que - diferente do que as pessoas costumavam pensar - eu não andava com os bolsos cheios de ouro, na verdade, se não fossem as jóias, eu não teria como conseguir dinheiro algum.
Se eu fosse fugir, teria de ser rápida, então não exitei em seguir por uma das passagens escondidas do palácio, que ligava meu quarto às cozinhas, que no meio de tantas tarefas durante o evento, seria difícil me notar surrupiado pelo ambiente, e em êxtase fugi escadaria a baixo...Chegando nas cozinhas fiquei alguns momentos absorta pela gigante movimentação ordenada que acontecia a apenas alguns andares do meu quarto. Só havia estado alí poucas vezes, quando a filha de minha ama, que trabalhava no castelo agora que já estava crescida, brincava comigo de se esconder de sua mãe pelos lugares secretos do castelo, que assim como as passagens, são poucos que tem acesso.Como era proibida de sair pela porta do meu quarto, não foram necessários muitos dias de tédio e inquietação para que decidisse me aventurar por elas, e a essa altura, já era capaz de transitar pelo castelo inteiro sem ser pega.
E continuei perdida em lembranças, até que um cozinheiro gordo e suado veio gritando em minha direção..
-Ei, garota!Acha que está aqui para ficar parada? Sua alteza paga muito bem para que você levante suas mãos imundas do corpo e faça alguma coisa!Antes que pudesse me recuperar do choque, ele já estava bradando novamente e me jogando uma enorme bacia nas mãos
-Ande, se livre disso! Por sua culpa eu deixei meu delicado creme talhar! -fui revidar e dizer que não tive culpa, quando ele gritou novamente - jogue para os cães, dê aos mendigos, faça o que quiser, só o tire da minha frente!E nisso, saí apressada pela porta dos fundos da cozinha e jogando a tigela em um canto, corri em direção a Floresta Escarlate que rodeava esse lado do castelo.
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A Floresta Escarlate, como o nome já diz, é tingida de vermelho devido a seus gigantes pinheiros avermelhados . Eu era só uma garotinha quando a vi pela primeira vez e nesta época minha ama ,a fim de me entreter e assustar para que me comportasse, me contou uma história sobre a floresta. Me disse que era uma forma de afrontar as nações vizinhas, de fazê-los lembrar de como sobrevivemos, de mostrar a forma como eles haviam tingido nossas terras com seu sangue , e que não importaria o quanto a chuva caia , a cor jamais se extinguiria e jamais deixaríamos que acontecesse novamente tamanho massacre, que nossa resistência veio banhada com o sangue de nossos irmãos mortos em batalha. Não era grande o suficiente para entender o que aquilo significava, talvez nem agora conseguiria distinguir a proporção daquilo, porem agora entendo o que minha ama quis me mostrar, e se me permite dizer, eu também não esquecerei.
Fui interrompida do meu transe por um barulho de algo se aproximando, e briguei mentalmente comigo por ter me deixado distrair. De novo.
A principio acreditei poder estar enganada, afinal, era de conhecimento público os perigos da redondeza, e muitos poucos eram audaciosos, ou burros, o suficiente para adentrar a floresta -assim como eu neste momento estava fazendo- porém quando ia me afastar e partir para a rota que passei semanas planejando sem ter certeza de que conseguiria, o ouvi novamente, e um leve se agitar não muito distante de onde estava seguindo fez com que eu me jogasse no chão tentando desesperadamente me esconder.
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The Iron Prince(ss)
Fantasy"Eu estava pronto para partir em minha busca pela princesa Lisanna,chegara enfim minha hora, eu iria concluir minha missão, não importaria o que houvesse de fazer, que sacrifício eu houvesse de cometer. Eu faria. Pois para concluir meu objetivo e pa...