can you see us now?

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do we have to die to be something important?

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Quando a marcha começou a andar, Harry deu sua mão para Louis. Não só porque havia muita gente aglomerada, dançando, pulando, gritando, comemorando e o cacheado tinha medo de se perder dentre aquilo tudo. Ele se sentia bem. Completo. Visível. E é isso que sempre lutamos desde o início dos tempos, visibilidade, certo? Ser parte de algo e ser aceito. Se sofrer por algo, ter seus devidos cuidados e ter a certeza que o opressor fosse pego, certo? Não ignorado, como sempre fora.

E Harry se sentia completo por poder dizer ao mundo que ele amava Louis. De todo seu coração. Ele sentia isso em suas veias. Sentia o calor do momento misturado com suas emoções variadas entre tristeza de toda a dor e opressão que outros haviam sofrido para que todas aquelas pessoas pudessem estar ali, marcando presença em um momento histórico, dito em tais palavras. Felicidade por terem atingido uma das metas. E por último, mas não menos importante, ele estava feliz porque ele podia dizer que amava Louis Tomlinson de todas as maneiras possíveis e que ninguém o faria mal. O cacheado olhou profundamente nos olhos azuis de Louis, que transpareciam alegria assim como os verdes de Harry. Louis também lutou muito por isso. Apanhou muito por isso. Sofreu muito por isso. Mas eles haviam atingido seu propósito.

O menor sorria tanto que suas bochechas doíam, mas ele não pararia pois não tinha motivos para fazê-lo. Estava quente e sua mão junta a de Harry suava, mas ele não a soltaria por nada. Ele e Harry não tinham palavras para descrever o que sentiam. Todos ao redor pulavam e dançavam ao som da eletrônica que tocava alto em um dos trios elétricos mais próximos do casal. Eles estavam ali, aproveitando, mas distantes de todos, perdidos um no outro.

O maior sorriu ao que o menor passou seus braços ao redor do pescoço do mesmo, ficando de frente para o outro enquanto todos continuavam andando e dançando. Os olhos de Harry brilhavam assim como da primeira vez que seus lábios encontraram os lábios do menor. Os olhos azuis de Louis estavam cheios, ameaçando derramar lágrimas por seu rosto. Ambos sorriam, e mesmo sentindo olhares carismáticos de outras pessoas que estavam na marcha, eles se sentiam únicos ali.

Louis fazia parte de uma união LGBT já tinha alguns anos. Essa era a primeira marcha e parada que ele mesmo, junto com Harry e muitas outras pessoas da união ajudaram a organizar. A primeira de sua cidade, e ele que havia planejado. Ele estava tão feliz com o resultado pois havia passado por muito para que isso se realizasse. Harry tinha tanto orgulho do que seu namorado conseguiu realizar. Tomlinson costumava ir em paradas de outras cidades como representante de sua união, junto com Elise. Eles eram aclamados no palco por suas palavras, mas sempre sofriam na ida de volta para casa. O rapaz já havia sido espancado no final de um evento, quando se dirigia para seu carro à noite, depois de ter ajudado no encerramento e na organização. Fora deixado em um beco para morrer.

Ele não tinha mais medo. Ele nunca mais deixaria isso acontecer com ninguém.

Seu caminho cruzou com o de Styles tempos após o corrido e ele soube que no momento em que colocou os olhos no rapaz que ele jamais se perdoaria se o perdesse.

A marcha seguia, mas alguns olhavam para Harry e Louis e como ambos pareciam ligados em si. Eles dançavam a música do silêncio de suas mentes, que estavam preenchidas com a companhia do outro em um dos dias mais especiais para ambos. Um fotógrafo parou quando percebeu que era Louis Tomlinson e Harry Styles, ativistas e produtores da marcha. Um deles líder de uma das uniões mais importantes para a comunidade LGBT da Inglaterra. Algumas outras pessoas haviam parado e sorriam ao ver.

A música ainda tocava ao fundo, e as pessoas continuavam a andar e mostrar seu espaço no mundo.

Harry fitou a bandeira nas costas de Louis, presa em seu pescoço por um bottom que dizia gay is okay, em maiúsculo. Ele sempre quis ser um super-herói e, na verdade, ele era. O cacheado sorriu novamente.

Quando seus lábios se tocaram, eles não sentiam mais ninguém a sua volta. Nenhum olhar flamejante em si. Nada. Eles apenas sentiam a si mesmos. Se completavam. As mãos de Harry foram à cintura de Louis, trazendo-o para perto. Eles, que sentiam dores por todo o tempo que andaram e ficaram de pé, não se sentiam mais cansados. Eles se sentiam amados. Sentiam que poderiam ser o que quisessem, e ninguém os julgaria.

O fotógrafo registrou o momento com os olhos cheios e seguiu seu caminho na marcha.

E nós continuamos marcando nosso espaço no mundo.

harm » [larry]Onde histórias criam vida. Descubra agora