harm » [larry]

are you waking up for me this time, haz?

are you waking up for me this time, haz?
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"Aqui é quentinho, Lou. Diferente do mundo frio de onde você ficou. O tanto que queria estar aí contigo de novo, também é o que queria que estivesse aqui comigo." Falei em um suspiro. Ele não me ouviria. Ele não me ouve.

Eu sei que lá estou em uma cama, vivo apenas pelas máquinas ao meu redor. Que meus olhos estão fechados e que existem enfermeiros e enfermeiras que me cuidam e trocam meus remédios e soros todos os dias.

Louis lê para mim todos os dias. Nem que seja um trecho de um dos meus livros favoritos, algum dos dele, talvez, alguns novos. "Olá, Haz." Ele diz ao que adentra o meu quarto, e eu consigo sentir na sua voz que ele não acredita que eu posso ouví-lo, por mais que lá no fundo, ele quer acreditar. Eu sempre o respondo, faço perguntas, "como está Jay? E suas irmãs? Elas ainda se lembram do Tio Harry?", mas na realidade em que ele está, eu não passo de um ser inconsciente vivo, deitado em uma cama de hospital.

"Será que hoje você acorda pra mim, huh?" Eu escuto ele sussurrar para si com um sorriso triste em seus lábios finos avermelhados e tira o exemplar de um livro que ainda não conheço. "Eu vou ler pra você. Não é como se eu não lesse para você todos os dias — se você estiver me ouvindo, já deve estar cansado da minha voz..."

"Eu nunca cansaria de ouvir sua voz, Lou."

"... já que eu venho lendo para você há seis meses... e você não acordou ainda." Ele falou em um sussurro quebrado que me partiu, também. Louis juntou sua mão a minha, e por mais que eu estivesse entrelaçando nossos dedos aqui, eu sabia que lá eu estava parado, morto.

"Eu queria que você estivesse aqui, Loueh. Tudo o que nós tínhamos planejado... lembra da casa na árvore que você me contou que vivia reclamando com a Lottie pra construir, mas que a Jay nunca tinha deixado? Nós temos. Nós temos um jardim enorme e eu colho flores para você todos os dias. Faço arranjos com elas, a casa inteira está decorada esperando você vir." Eu sei que ele não me escuta, mas tenho que dizer isso. Eu o amo. Tanto. Suspiro. "Dusty está aqui também. Tudo parece vivo, babe. E eu não tenho vontade de deixar isso ir embora." Eu respiro fundo e consigo sentir as lágrimas escorrendo por minhas bochechas. "Eu queria você aqui comigo." Falei, traçando uma trilha invisível pelos seus cabelos e seu pescoço. Ele não sentiu. Seu corpo pequeno estava rígido e seus olhos fitavam o livro de lá. Estavam vazios e seu brilho azul intenso já havia o deixado há seis meses atrás. Agora, eu só conseguia ver o cinza azulado e eu me culpava todos os dias por não acordar lá; por não querer sair daqui.

"Você ficou no vazio, Lou. Não no limbo ou coisa parecida. Você ficou com a dor e no vazio. E eu não posso trazer-te para meus braços novamente."

Seus olhos já mais cinzas do que azuis corriam pelas linhas daquele livro. "Okay, vamos lá, babe. Espero que você goste desse."

"Até quando isso continuará assim!?" Dorothy esbravejou. "Você sempre partia, Elise. Sempre. Você nunca esteve comigo quando eu precisei de você! Eu deveria ter minhas dúvidas, não?" Elise deixava as lágrimas de raiva descerem pelo seu rosto. Era verdade. Elise nunca estivera lá quando Dorothy precisara dela. Sua fuga improvisada acabara em discussão e ela não sabia como reagir. Suas mãos tremiam no volante. Perigo, ela pensou. Mesmo assim, a garota socou o objeto.

Menina boba.

A chuva, Elise. A chuva. A pista está molhada, Elise. Por quê ter uma briga agora?

E após, o fogo. Elise sentia-se quebrada e não conseguia ver muito. Seu corpo inteiro doía. Ela sentia feridas em seu corpo mas não conseguia sentí-las doer como deveriam; de fato, a garota mal conseguia andar.

O carro havia girado na pista molhada, girando e causando um acidente. O veículo vermelho capotou três vezes, e havia fogo. Elise viu o corpo magro e pálido de sua Dorothy na estrada. Não sabia dizer se ainda estava vivo ou não.

Ela queria, por Deus, ter sua namorada de volta em seus braços.

"Me desculpe, Harry."