Prólogo.

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Droga estava atrasada!

Foi meu primeiro pensamento do dia.

Corri por todo quarto procurando meu tênis e o achei debaixo da cama.

Sair vestindo uma calça preta e uma blusa da legião urbana. Cheguei à cozinha e encontrei meus pais tomando café da manhã, beijei ambos e me servi com um copo de suco apressada.

- Karina, senta e coma - Júlia, minha mãe, falou.

- Estou atrasada - respondi.

- Filha, já disse que deve se preocupar com seus estudos - relembrou o seu discurso diário.

- Mãe, eu estudo, mas a faculdade entrou em greve. Além do mais, não gosto de ficar sem fazer nada - a lembrei.

- Ok, não está mais aqui quem falou. Espero que ocorra tudo bem hoje na entrevista.

- Obrigada!

Fui para o ponto de ônibus mais próximo, poderia muito bem ir com o meu uno branquinho velho, mas o anuncio que tinha lido, a casa que precisava de uma babá ficava do outro lado da cidade. E demoraria horas para chegar lá.

Bom, como todos já sabem, sou Karina. Estudante de direito na federal do Rio de Janeiro, desde que ingressei no ensino superior, resolvi que devia trabalhar, não gostava de perdi muito para os meus pais, eles já tinham me ajudado a vida toda. Eles não eram pobres, eu morava em uma casa bonita, em um bairro classe média com um jardim bonito. Mas como toda a família, tínhamos dificuldades com umas contas no final do mês, e era um alivio saber que se eles precisassem, eu poderia ajudar.

Trabalhei por quatro anos em uma lanchonete, mas com a crise econômica, seu João o dono, um senhor fofinho me dispensou, deixando só os seus familiares. Não fiquei chateada, pois ele sempre foi honesto comigo.

Fazia dois meses que a faculdade tinha entrado em greve, um mês que tinha sido dispensada da lanchonete e uma semana que tinha visto por acaso o tal anuncio do jornal. E definitivamente precisava daquele emprego. Ok, não tinha muita experiência com crianças, só com as dos vizinhos ou de alguns parentes, mas sabia que não era algo de sete cabeças. Aprenderia rápido.

Se eu ficasse mais um dia dentro de casa olhando para a tela do computador sem algo para fazer, iria morrer de tédio.

Assim que cheguei ao ponto próximo ao endereço, peguei uma moto táxi e cheguei a um condomínio luxuoso na zona sul do Rio de Janeiro. Como li no anuncio, informei que seria uma das entrevistadas da família Cruz para o porteiro.

Andei olhando para aquelas casas, cheias de carros caros. Com o queixo caído, apertei a campainha do endereço em minhas mãos. Apertei mais uma, duas, três vezes... Quando ia me virando par ir embora, a porta foi aberta revelando uma senhora morena com um sorriso largo.

- Desculpa, estava desligando o fogo do feijão - sorriu simpática - Você é?

- Karina Melo- respondi estendendo a mão.

- Oh, sim, recebi sua ligação semana passada. Meu nome é Joana, entre... O senhor Pablo já está lhe esperando.

Arregalei meus olhos surpresa. Pois acreditava que quem devia fazer a entrevista seria a mãe das crianças, vendo a minha confusão, Joana explicou:

- Ele não é casado.

Acenei com a cabeça, e ainda mais ansiosa que antes. A seguir sem olhar muito para os moveis caros, estava com expectativa de conseguir algo ali. Aproximamos de uma porta e a Joana deu leves batidos. Uma voz rouca falou de lá de dentro.

Uma babá apaixonada - Conto.Onde histórias criam vida. Descubra agora