Não pense tanto no que os outros querem, mas no que você quer.
Sabe que faz mais de dois anos, né? Sakura lembrou.
Não falo de conhecer. Isso não faz diferença nenhuma. Falo de... Bom, você sabe. Até porque, provavelmente, ele nem lembra disso. Naruto-kun odeia falar ou lembrar do próprio passado. Ela me conhecia bem.
Aquele sonho, cada vez que mudava, fazia mais e menos sentido ao mesmo tempo. As peças iam se encaixando em um quebra-cabeças que só os ingênuos entenderiam.
Eu nunca fora de acreditar em superstições, magia, visões (como já disse antes) e tentava buscar uma explicação "comprovada logisticamente" para tudo. Mas, daquela vez, eu não via nenhuma lógica racional além das coisas que eu tanto não acreditava.
Ainda tinha os braços ao redor dela. Conseguia senti-la perfeitamente, porém, Hinata não parecia fazer o mesmo.
É tão ridículo...
Não tem nada de ridículo nisso, Hina. Não tem nada de ridículo em gostar de alguém assim.
Gostar? Hinata continuava imóvel, como se sentisse aconchego. Não é bem o verbo certo.
De repente, deixei de senti-la em meus braços, dando lugar à maciez do edredom com o qual, normalmente, durmo e abri os olhos (que estavam fortemente fechados até aí), encarando o teto forrado do meu quarto.
- Finalmente. - Tudo o que eu queria era acordar e poder ir logo falar com Hinata. Tinha que dizer a ela que...
Finalmente o que, meu bem? A voz dela me interrompeu. "Ótimo..." pensei. Virei-me e a encontrei me encarando, sorridente. Reparei bem e seu sorriso carregava algumas poucas rugas em suas bochechas. Fios brancos dentre seus cabelos azuis davam a ela uma beleza peculiar que eu nunca tinha percebido nela. Hinata aparentava cinquenta anos, bem conservada.
Ela havia me chamado de Meu Bem. Por algum motivo, aquilo fora extremamente bom.
Nada, amor. Entrei no jogo, como fiz das outras vezes. Só um sonho...
Tudo bem, então. Hinata espreguiçou-se. Pode parecer estranho, mas eu adorava vê-la fazer isso. Era incrívelmente fofo. Agora... bocejou. Chega de preguiça, porque Boruto e Himawari chegam daqui a pouco. Eu sempre quis uma filha chamada Himawari. Será que... Vamos, levante. Sentou-se e puxou meu braço.
Notei suas costas nuas, assim como o seu corpo inteiro provavelmente estaria. Seu cabelo estava curto, mal lhe cobria a nuca. Hinata viu que eu olhava e corou, como de costume.
Pare de olhar. Disse. Sabe que eu não gosto.
Pensei que tinha superado isso. Falei. Realmente, há muito tempo ela não tinha mais vergonha (nenhuma) comigo. Ela riu.
Ah, meu bem, dois filhos e cinquenta anos fizeram muito bem à alma, mas não ao corpo. Pensei bem antes de responder.
Não parecia que sentia isso ontem à noite. Hinata corou ainda mais. Eu sabia o que havia acontecido "ontem à noite" muito bem, mas sabia também que não era todo casal que era ativo aos cinquenta (segundo meus pais).
Ela se levantou, enrolada em um dos lençóis, e dirigiu-se a uma porta que, provavelmente, daria para um banheiro. Resolvi não a seguir, embora tivesse vontade.
Saí do quarto, esperando uma daquelas trocas malucas de cenário. Foi o que aconteceu.
Toquei meu corpo, conferindo se estava vestido e, sim, estava.
O cômodo parecia brilhar. Haviam luzes brancas de Natal presas aos cantos do teto, descendo em cascatas pela parede e as janelas tinham meias presas ao parapeito.
Hinata tinha uma criança no colo e uma mulher que parecia idêntica a ela ajoelhada ao seu lado. A diferença era que a outra tinha marquinhas nas bochechas, iguais às minhas, seus olhos eram azuis e tinha um "cabinho de maçã" no centro da cabeça, como se fosse um topete um pouco diferente. Ela era simplesmente linda, o que, por algum motivo, causou-me um ciúme enorme. Além disso, a palavra na qual pude pensar para descrevê-la foi "Princesa".
Enquanto isso, outra mulher, desta vez de olhos e cabelos pretos e curtos. Usava óculos vermelhos e sua barriga estava um tanto grande, o que a fazia não poder se inclinar tanto para brincar com o bebê.
As três riam e conversavam animadamente... Era uma cena tão linda...
E ficou ainda mais bonita quando um homem incrívelmente parecido comigo passou correndo atrás de um garotinho moreno que aparentava sete anos. Outro, sentado numa poltrona, pintava algo, alternando o olhar entre a cena e a tela. Era loiro e tinha os olhos negros.
Todos sorriam, concentrados nas crianças, até que Hinata me viu e entregou a menina em seus braços à mulher que estava ajoelhada. Provavelmente, aquela era a Himawari que Hina havia falado.
Ela veio a mim, sorridente. Eu ainda estava estático, imaginando se aquela seria minha família com ela. Filhos, netos... Aquela seria mesmo a minha vida?
Quando dei por mim, Hinata estava realmente próxima. Seus olhos brilhavam tanto que pareciam sorrir para mim. Ela ficou na ponta dos pés e me beijou. Foi como se tudo parasse em função daquilo. Daquele momento. Daquele toque.
Então percebi que sempre fora assim. Ela me beija e eu vôo longe, esqueço de tudo. O que importa é ela, só ela.
Seus lábios se afastaram dos meus e, com eles, o sonho se foi e a realidade voltou.
Conferi se estava mesmo acordado. Belisquei-me, bati-me e nada aconteceu.
Sorri. Era aquilo que eu queria. Que nós queríamos. Uma família. Uma vida inteira. Essa era a verdade. Eu a amava. Eu a amo. Sempre amarei. E era isso que diria a ela.
Levantei da cama, correndo para fora de casa, ouvindo os gritos de minha mãe sobre acordar meio-dia e ter que almoçar. O sol estava queimndo e me incomodava a vista, mas não importava. Eu só queria chegar a ela e dizer o que eu sentia e pedir desculpas.
O que me restava saber era: Como fazer isso?
♥♥♥
Bom, gente... AIN! >< Sinceramente, acho que foi o melhor capítulo até agora, vocês concordam?
Tá acabando, hein?
Espero que tenham gostado. Beijos quentes da Lokinha_Do_Deserto
♥♥♥
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In My Dreams - N.H
ФанфикшнHinata é incrível, em todos os sentidos possíveis. Há dois anos, mantínhamos um (des)compromisso forte. Era uma relação aberta, podiam entrar mais pessoas nela, se é que me entende, mas nenhum de nós queria outra pessoa. Ainda assim, estávamos satis...
