Usuário Final: Vozes da Cidade Silenciosa

Registro de Memória 006: O que é real? - por Letícia Calazans

NOME DA HISTÓRIA: O que é real? Tudo depende do seu ponto de vista.

AUTORA: leticiacalazans15

LINK ORIGINAL DO CONTO: https://www.wattpad.com/story/53234342-oque-%C3%A9-real-tudo-depende-do-seu-ponto-de-vista

[Introdução, por Sr. S.

Me senti na obrigação de fazer isso aqui, pois essa história me pegou de surpresa, pela originalidade e simplicidade do tema, que soube incorporar perfeitamente o espírito de Usuário Final. Quando vemos nossas vidas virarem do avesso por uma descoberta avassaladora, que promete pegar aquela realidade a qual tanto nos apegamos e estilhaçá-la diante de nossos olhos. O que pensar? O que fazer? Os Usuários Finais tem de lidar com Devoradores o tempo todo, um risco que vai durar por toda a sua vida, todas as noites. Mas pior do que lidar com um Devorador, é ter que lidar consigo mesmo, com seus conflitos internos e pensamentos sombrios sobre um fim inevitável. É a vida dizendo adeus da maneira mais terrível possível.

Nós nunca imaginamos o que se passa na cabeça deles, desses homens e mulheres que se arriscam todas as noites. Esse registro é um pequeno relato deste fato, um para ser lembrado.

No final, as maiores batalhas não são travadas na REDE, mas dentro de nós mesmos. É aquele Devorador que você sabe que hora ou outra vai pegar você. E desse, nem mesmo a Dama Imortal poderá escapar. Boa leitura a todos!]

Mais um dia comum, eu estava entediada como sempre, quando ligo a TV, era um boletim do jornal que estava interrompendo o episódio do meu seriado preferido ou melhor, o único que ainda conseguia prender a minha atenção. Esse boletim falava da mais nova doença que estava deixando todos receosos, a famosa síndrome de aurora, ninguém sabe por que e nem como mais essa doença está ficando cada vez mais frequente, e os cientistas estão fora de si, pois até agora não possuem uma explicação para isso e as pessoas estão abismadas por eles não acharem uma explicação. Meus amigos acham que logo eles vão descobrir, minha mãe que é muito religiosa, diz que é o apocalipse, que o fim está próximo e me faz ir à igreja sem falta agora, mas meu ponto de vista é diferente do deles, sinceramente não me importo que os cientistas não saibam, sabe por que? Porque na maioria das vezes ele não sabem, e simplesmente não aceitam tal fato, então formulam teorias e nos enfiam goela abaixo e sabe o pior de tudo? É que nós as engolimos sem nem pestanejar e isso me irrita muito, as pessoas não querem a verdade pois elas têm medo, medo de tudo que é novo e desconhecido, os cientistas dizem que querem fazer as descobertas mas isso não é verdade, eles tem medo e preferem mentir a si mesmos a encarar os fatos, a realidade é simples, o universo é infinito e nós seres humanos, são menos que nada nele, temos que parar de achar ruim tudo que não conhecemos e não compreendemos. Às vezes o desconhecido pode ser bom e o novo também, nada é 100% ruim e nem 100% bom. É claro que eu, uma garota curiosa como sou, queria saber o porquê dessa doença, mas as vezes simplesmente temos que aceitar que não podemos saber de tudo e nem encontramos explicação pra tudo pois é isso que é interessante no desconhecido, algumas coisas são melhores se não sabermos o porquê e outras nem precisamos saber.

Eu e meus delírios, não digo isso a meus amigos, não digo que o problema da humanidade são os próprios humanos, não digo que queria poder fazer por mais por eles e por todos, pois isso não importaria pra eles. A única coisa que importa pra eles no momento são coisas banais, acho que tá aí o problema da humanidade, a maioria das pessoas foi criada para obedecer, aceitar e temer e pra elas isso é normal, eu também fui criado pra isso mas por alguma razão não sou assim, sou diferente de todos que conheço, me sinto sozinha... acho que o mundo é como um quebra-cabeças e eu sou aquela peça que veio a mais, aquela peça que não se encaixa com nenhuma das outras. Eu não sei, talvez eu seja um defeito de fábrica, ou talvez eu esteja no quebra-cabeças errado, talvez eu tenho algum problema no cérebro que me faça diferente, talvez eles sejam normais e o problema seja comigo, sei lá.