Capítulo 16: Não suspenda a festa

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Angélica acordou com o despertador, mesmo não tendo aula esqueceu de desliga-lo. Suspirou virando para o outro lado, tentando dormir de novo, mas não conseguiu. Olhou o celular, nenhuma mensagem de Igor. A garota se questionou sobre oque tinha feito de errado, ele pareceu estranho antes de ir embora, ficou com medo de ter sido por ela se recusar a transar com ele. Mesmo não sendo virgem, Angélica não era a mais experiente, tinha diversas inseguranças. Já que não iria pra escola, e nem podia sair de casa, desceu pra assistir um pouco de televisão, isso a fez lembrar da infância. Quando a unica preocupação eram os desenhos, e ainda tinha sua inocência. Era tudo mais fácil.

Do outro lado da cidade, Camila ainda dormia, tinha passado a madrugada inteira acordada pensando em tudo que tinha acontecido, estava frustrada. Sentia falta de Angélica em momentos assim, a amiga a entendia mais que qualquer um.
Iria perder a hora para o colégio, se não fosse a madrasta ficar chacoalhando-a.
- Vamos menina, levante. Já deu dor de cabeça demais, no minimo, vá pra escola.
Camila murmurrou, indicando que já havia acordado. A garota foi em direção ao banheiro, zonza, não queria ir para o colégio. Não estava com cabeça para aquilo.

-

Thaissá chegou na escola cabisbaixa, sem Angélica lá, ela ficaria um tanto deslocada, não tinha conversado com mais ninguem fora a nova colega.
- Thais né? - A garota sentiu alguem puxa-lá.
- Thaissá... e você é?
- Matheus...
- Oque você quer?
- Calma, só te vi aqui e quis falar com você - ele fez um gesto de rendição.
- Não era pra ser ignorante.
- Posso ir com você pra sala?
- A gente é da mesma sala?
O garoto assentiu com a cabeça - Como eu não te vi?
- Não costumam me notar muito - Matheus se encolheu, um pouco tímido. Ele não tinha amigos na escola, sua falta de comunicação sempre atrapalhou. Seu unico colega acabou sendo transferido e desde então, ele não se enturmou com ninguem. O rapaz tinha os cabelos lisos, caindo nos olhos, era baixo, um estilo meio ultrapassado, aparentava mais do que a idade indicava. Nada que fizesse as meninas se interessarem.
Os dois foram andando juntos para dentro da escola sem dizer nenhuma palavra, Thaissá não tinha assunto, e Matheus estava sem jeito para iniciar uma conversa. A garota não via a hora de ir embora, para poder encontrar Angélica e irem juntas para a tal festa.
- Você tambem é novo aqui? - ela tentou quebrou o silêncio.
- Não, desde o ano passado que eu estudo aqui...
- E não fala com ninguem? - Thaissá levantou as sombrancelhas, surpresa. O garoto negou com a cabeça.
- Porque não?
- Não sei - deu de ombros, aquela conversa estava constrangedora. Não gostava de falar sobre sua falta de popularidade.

O dia foi longo para Angélica, que começava a ficar ansiosa para a festa e rever Igor, mesmo sem saber como sairia de casa. Não era a primeira vez que ela fugiria, mas mesmo assim dava um certo medo. Sua mãe parecia prever, não parou de rondar a filha um instante sequer, com um olhar desconfiado.
- Você me deixa nervosa assim, andando para lá e pra cá. - a garota suspirou, incomodada.
- Se estivesse na escola, não teria que se preocupar comigo - Era a primeira vez que as duas se falavam desde a suspensão. Angélica só revirou os olhos, se jogando no sofá. Seria impossivel sair de casa, aquilo a desanimou.
A menina estava quase dormindo de novo quando ouviu seu celular tocar, era Rodrigo.
- Oi Rod...
- Eae gata, você vem? Igor não para de me encher. - o garoto ria do outro lado da linha.
- Então... Não sei ainda - ela não estava afim de falar sobre o castigo, não queria parecer uma criança.
- Como assim não sabe? Vem, pô.

- "Ela não vem?" - Angélica pode ouvir Igor.
-"Frescura..."

- Não é frescura - ela riu.
- Então porque não vem?
A menina suspirou, toda aquela insistência lembrava Thaissá.
- Porque é terça, e eu não sou que nem vocês dois, que só vivem em festa e não fazem nada da vida - só depois de dizer, viu como suas palavras foram ofensivas.
- Já sabe... se quiser vim, o endereço é o mesmo - Rodrigo bufou, desligando.
Angélica ficou encarando o celular por um tempo, certa de que os amigos tinham ficado com raiva dela. Não podia fazer nada, mais um deslize e ela iria ser mandada para a casa de suas tias.

Desculpem pela demora.

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