Confissões Adolescente

Capítulo 21: Desentendimentos

Depois de se despedir de Matheus, a ultima coisa que Angélica queria era voltar para festa, que a essas horas já estava acabada. Haviam apenas algumas pessoas jogadas pelos cantos, que estavam embreagadas demais para conseguirem sair de lá.
- Pensei que você tinha ido embora com ele... - Thaissá puxou a amiga, cambaleando.
- Só tava enrolando pra não ter que encarar o Rod...
- Ele ta puto com você.
- Melhor a gente ir, o clima já era e minha mãe não para de ligar - a garota disse, encarando o celular.
- Só vou procurar minha bolsa.
Angélica assentiu, procurando algum lugar para sentar, sabia que a amiga iria demorar. Provavelmente tinha ido beber mais um pouco, alguma "saideira".
- Seu namorado já foi? - Igor sorriu, debochado.
- Só me deixa...
- Você poderia me explicar.
- Te explicar? - ela arqueou as sombrancelhas, confusa.
- Explicar porque estavamos numa boa e você aparece ficando com aquele cara do nada.
- E a menina que você levou pro seu quarto?
- Então foi isso. - Igor riu, dando um gole na sua cerveja. Angélica ficou encarando o rapaz, esperava alguma explicação.
- Vamos? - Thaissá apareceu, puxando a amiga em direção a porta.
- Me deixa explicar... - O rapaz entrou na frente das duas, parecia sincero em querer se desculpar.
- Eu já disse, você é livre, eu sou livre. Podemos ficar com quem quisermos. - a garota se sentia destruida por dentro, seus sentimentos por Igor não iriam desaparecer tão rapido quanto ela gostaria. Mas precisava ser firme.
- Eu não...
- Gatinho, a gente tem que ir - Thaissá interrompeu os dois, levando a menina para fora.
O rapaz suspirou, frustrado. Não teve a chance de dizer oque tinha acontecido. Se Angélica soubesse que não havia rolado nada, a noite poderia ter acabado diferente.

Do outro lado da cidade, Camila terminava de arrumar as coisas na casa da mãe. Ela se sentia bem por estar de volta, mesmo sabendo que não era completamente bem-vinda ali, qualquer coisa era melhor que ficar com seu pai. Ele havia mudado muito depois que se casou de novo, já não telefonava mais para ver se estava tudo bem, ou saia com a própria filha. Tinha construido uma nova familia, onde Camila não estava incluida.
- Pensei que não ia mais te ver. - Felipe disse, sorrindo.
- Que saudade, Fê - a garota correu para abraçar o amigo.
- Pensei que a Angélica ia estar aqui com você...
- É... A gente não ta se falando.
- Então somos dois. - o rapaz procurava algum lugar para ficar, no meio daquela bagunça.
- Oque aconteceu com vocês?
- Eu meio que fiz ela ser suspensa.
- Eu fiquei sabendo, só não sabia que vocês estavam sem se falar - Camila disse um pouco incomodada, os três se distanciavam cada vez mais.
- Eu não vi ela depois disso.
- Ela deve estar na festa do Rodrigo a essas horas.
- Com o Igor... - Felipe sussurrou, revirando os olhos.
- Provavelmente com a nova amiga dela. - a garota se jogou na cama, lembrando da briga que tiveram.
- Que amiga?
- Thaissá... Ela é nova aqui.
- Ta com cíumes? - O rapaz deu uma risada cheia de deboche.
- Não, é só que... Tudo ta tão diferente ultimamente.
Felipe assentiu, repensando seus sentimentos pela amiga e como tudo aquilo tinha complicado as coisas. Ele não sabia lidar com oque sentia.

Angélica começava a ficar com medo de voltar para casa, não fazia idéia do que esperar. Mas iria encarar qualquer consequência, mesmo tendo sido irresponsável, não se arrependia.
- Minha mãe vai me matar. - Thaissá tentava se equilibrar no balanço do trem.
- Você ta muito bêbada Thais.
- Eu não sei nem oque vou dizer pra ela. - a garota não conseguia parar de rir, estava sob efeito do alcool.
- Minha mãe já deve ter chamado a policia pra mim... planejado um colégio interno. - Angel sorriu fraco, no fundo, sabia que aquilo era uma hipótse.
- Quer dormir lá em casa?
- Isso só vai piorar tudo.
- E eu posso dormir na sua?
- Minha mãe ja vai estar querendo me matar, quer entrar na rodinha?
- Dispenso. - Thaissá riu, sentando no canto do trem. Não conseguia ficar em pé.
O caminho parecia mais longo que o normal e as duas já se sentiam um pouco tontas pela bebida. O pior ainda estava por vir.