capítulo 11

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  Um mês. Esse foi o tempo em que passei a maioria dos meus dias cabisbaixo. Tudo por causa de uma paixão frustrada.

  Com tudo, posso considerar que foi um bom tempo de recuperação; nem muito longo, nem muito curto, apenas o suficiente para que eu voltasse a sorrir com leveza, para que eu voltasse a pensar em mim. Depois da tempestade, o sol sempre volta a brilhar.

  Foi o mês que eu mais escrevi historias tristes; pequenos contos que o assunto não passava de melancolia. Tenho que concordar que nada é mais inspirador do que um coração partido.

  Eu percebi que estava esquecendo Maitê quando comecei a me perguntar onde eu estava com a cabeça quando me deixei envolver, sério, eu só poderia estar cego para não ter enxergado toda aquela farsa antes, aliás, desde o começo que ela me disse que ainda gostava do ex, e mesmo assim, eu fingi que isso não importava e acreditei que ela poderia esquecer ele ficando comigo. É de assustar a minha capacidade de ser otário.

  Além de muitas criações, aquele mês serviu também para que eu percebesse quem estaria de braços abertos para quando eu precisasse de um abraço. Das pessoas que eu era mais próximo, apenas uma ficou sempre ao meu lado e me ajudou a dar a volta por cima: Roana, mas já era de se esperar.

  Apesar de não sermos tão próximos e levando em conta que naquele mês eu estava um porre, Sophia se tornou uma ótima companhia, além de mostrar que se importava comigo.

  Levando em conta que Roana passava a maior parte do intervalo com seu novo namorado, Sophia foi a pessoa que eu mais conversei durante aquele amargurado mês. Ela já não demonstrava tanta timidez, pelo contrário, Sophia se mostrou uma garota animada e que sempre tentava me fazer rir, o que dava certo.

  Foi em um desses momentos juntos que Sophia teve uma atitude inesperada. Era uma quarta-feira e as duas últimas aulas da minha turma foram vagas. Já estava perto da saída quando alguém segura meu braço.

- Já vai embora? – Sophia para me fazendo parar também.

- Já, teve duas aulas vagas.

- Fica aqui comigo. – ela sorri e faz uma cara linda.

- Você está tendo aula agora, não tá? – inclinava minha cabeça pra baixo para poder olhá-la, pois Sophia era um pouco mais baixa que eu.

- Eu filo, só duas aulas não vai me fazer repetir o ano – segura meu braço me puxando – Vamos.

- Pra onde você tá me levando?

- Não sei! – ela para bruscamente, me fazendo esbarrar em suas costas – Todas as salas estão ocupadas.

- Menos a minha. Vamos pra lá. – dessa vez eu a puxo.

  No caminho, nós dois ficamos em silêncio, mas assim que entramos na sala Sophia o quebra.

- Como você tá?

- Tô bem. Por que? Não pareço bem?

- Você parece o Willian de sempre. – ela se senta em uma mesa.

- Então estou ótimo.

   Eu me sentia muito a vontade com Sophia, falávamos sobre todo tipo de coisa, na maioria das vezes eram apenas bobagens.

  Em um momento, Sophia desce da mesa e vem ao meu encontro em silêncio. Encostado em outra mesa, eu apenas fico parado e espero.

  Ela encosta seu corpo no meu e sinto sua respiração acelerada bem próxima ao meu rosto.

  Quando seus lábios encostam nos meus, meu corpo todo reage, mas eu não correspondo e isso a faz se afastar.

- Desculpa, eu...

- Não precisa se desculpar – a interrompo me aproximando – Olha Sophia, eu..

- Não precisa se explicar. – agora é a vez dela me interromper – Sei que você ainda gosta de Maitê.

- Não é isso. Eu só não esperava.

  De cabeça baixa, Sophia parecia envergonhada. Por ser branquinha, suas bochechas ficaram um pouco rosadas e isso a deixava ainda mais linda.

  Preferi não falar nada, na verdade eu nem tinha o que falar, apenas a abracei, e aos poucos ela foi correspondendo, até ficar completamente agarrada a mim.

- Acho melhor a gente ir. – ela fala se afastando.

- Tá bom.

  Sophia morava em outra cidade, à uma hora de distância de onde estudávamos. Por esse motivo ela pegava uma van todos os dias, para ir e voltar.

- Quer que eu te acompanhe até o ponto da van? – pergunto quando estávamos saindo da escola.

- Não precisa. – ela continuava de cabeça baixa.

- Ok. Então tchau. – a abraço me despedindo.

   ***

  Tudo o que eu conseguia fazer era pensar no que tinha acontecido. Várias vezes a cena da boca de Sophia se aproximando da minha passava na minha cabeça, mas não me arrependi de não ter correspondido.

  Apesar de achá-la linda e gostar da sua companhia, eu a via somente como amiga. De certa forma, eu tinha medo, tanto de magoá-la, quanto de me magoar.

  É isso o que mais dói sobre um coração partido: não ser capaz de se lembrar de como se sentia antes.

  Acho que a cada decepção, uma barreira é criada. E o pior é que uma pessoa legal que vem depois de uma pessoa ruim, acaba pagando por causa do que aconteceu antes, pois, depois da pessoa ruim, a gente nunca mais é o mesmo.

  Não tem afirmação mais correta do que dizer que alguém muito frio, já foi muito doce. Não estou dizendo que fui frio com Sophia por quê quis, apenas não consegui me entregar com tanta facilidade. De certa forma era bom; menos expectativas = menos decepções.

  Acho que eu comecei a esquecer as pessoas e resolvi pensar mais em mim. Acho que eu acordei em uma manhã e vi no espelho a única pessoa que poderia realmente me fazer feliz.

  O ruim de você se envolver com alguém que te decepciona, é que você sempre vai achar que todos as outras pessoas que vier depois, irão fazer o mesmo.

  E infelizmente, Sophia veio depois. Ela chegou na fase em que, para não ter meu coração partido novamente, eu fingia não ter um.

  Era bom estar com Sophia. Ela me fazia esquecer o mundo e com seu jeito doce, despertava o melhor que eu podia ser. Tinha ficado bem claro naquele dia, que seu “gostar” era além do meu “gostar”, era além de apenas amizade. Mas as minhas portas estavam fechadas, e eu tinha esquecido onde coloquei as chaves.

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Peço mil desculpas pela demora, me perdoem mesmo.
Estava meio perdida, mas acho que me encontrei.

Obrigado por ler e deixe sua estrelinha, pf.
Agradeço.

Edgar Willian (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora